Foi realizado pela TV Globo na noite desta terça (2) o último debate do primeiro turno entre os candidatos ao Governo de SP, a emissora decidiu seguir a lei, convidando todos os candidatos com representação parlamentar, independente do que dizem as pesquisas, mas ainda assim, houve desigualdade em suas regras.


O tempo de resposta, réplica e tréplica foi satisfatório, um minuto é um tempo suficiente para o desenvolvimento de um raciocínio, nisso a globo acertou nas réplicas e tréplicas, bem como na resposta de um minuto e meio, com tais tempos, foi possível desenvolver os raciocínios, ao mesmo tempo em que foi possível promover sete confrontos por bloco. Porém, a patética regra que permitiu se perguntar duas vezes a um mesmo candidato propiciou as dobradinhas da Direita e deu excessivo destaque a uns candidatos e exclusão quase que total de outros na metade final do debate, caso principalmente de Lisete Arelaro, mas também de Márcio França, atual perigo para os dois primeiros colocados na disputa. Á propósito, ao fim do debate a reportagem da Globo só os ouviu, Dória e Skaf, equanimidade é algo que parece não existir lá.

Por outro lado, quero expor um protesto aqui, protesto esse que não indica apoio a partido ou candidatura, apenas é meu papel ser justo. Desde o debate realizado na RecordTV no último sábado, notou-se que João Dória como se fosse Villa na Jovem Pan, tem passe livre pra falar o que quiser, ele mais uma vez assim como na emissora da Universal, afirmou que: "o PT é escola de crime" e não foi concedido a Luiz Marinho o devido direito de resposta, afinal, se isso não for ofensa moral o que é? Quer dizer que do PT se pode falar qualquer merda que tá tudo certo? Isso não é democracia.


O debate foi caracterizado por dobradinhas, sobretudo no campo á direita, com clara intenção de minar a participação do candidato do PSB, bem como dos candidatos á Esquerda. Com isso, Skaf e Dória cederam o protagonismo a Rodrigo Tavares (PRTB), o candidato de Bolsonaro e Levy Fidelix. Que como sempre se enrolou bastante com o tempo, mas teve grande exposição e suas frases prontas quanto a ser jovem e querer "tecnologia" podem ter tido algum efeito positivo para sua candidatura. Além de se protegerem, Dória e Skaf mostraram com isso quem efetivamente apoiam no pleito federal, sim, não é Meirelles nem Alckmin, é Bolsonaro. Aliás, eles surgiram também do antipetismo, assim  como o candidato do PSL.

Por outro lado, ao ser confrontado por método de governo, Dória atacou a pessoa do candidato do PDT, ex-prefeito de Suzano por dois mandatos Marcelo Cândido, o que dados os ataques Villisticos de Dória ao candidato, misturando na questão seu ex-partido, o PT. Isso gerou uma solidariedade mutua entre os candidatos de PDT e PT, que assim caminharam em dobradinha até o fim do debate. No âmbito federal, espero ver isso no segundo turno, independente de quem avance.


No campo de ideias, falou-se bastante sobre Segurança e o que me irrita bastante é que vem um Skaf e diz que vai equipar melhor, vem um Dória bolsonaro-malufista e diz que vai por a "Rota na rua", mas ninguém fala em inteligência policial. É por isso que falamos tanto aqui na desmilitarização, a PF é bem armada e trabalha com inteligência, esse método de repressão na base está errado. Se cada policial não for bem treinado, bem remunerado e virar um agente de investigação com os instrumentos necessários para surpreender os peixes grandes, a polícia seguirá enxugando gelo, correndo atrás do "avião" e do "vapor" nas comunidades e não combatendo o crime organizado.

No campo da moradia, houve uma convergência entre Lisete e França, na ideia de que é preciso trabalhar em duas frentes, desapropriando e condicionando os imóveis em desuso no estado para as moradias populares e recolocando a CDHU pra funcionar sem as empreiteiras da especulação imobiliária. Vejamos se sem o PSDB no governo isso sai do campo da proposta e vira realidade. Agora vamos avaliações individuais, pela ordem nos estúdios da emissora.


Paulo Skaf (MDB) - Foi importante o posicionamento de Skaf sobre a Sabesp, realmente a empresa é excelente, gera lucro, é patrimônio do povo de São Paulo, mas tem erros importantes, segue não tratando 100% do esgoto e jogando tudo no Tietê. Afirmar ser "á favor da despoluição" e não ter corrigido isso em 24 anos ou é incoerência ou é canalhice, é preciso mudar isso.

Por outro lado o candidato da FIESP parece também ser muito mais um fruto de marketing do qaue alguém que realmente se importa e estuda os problemas de São Paulo sob o desejo de solucionarmos. Foi a favor das contrarreformas do (des)governo Temer, em favor do sobrelucro do seu setor, o industrial, além de ter ideias muito rasas, existem outras opções para impedir mais quatro anos de PSDB e de um PSDB ultraconservador, ou seja, muito pior que o de Mário Covas (descanse em paz) e Alckmin. 


Lisete Arelaro (PSOL) - Sofreu com o boicote na reta final do debate e respondeu com elegância nas considerações finais, mas como em toda sua participação nestas eleições se posicionou muito bem enquanto teve chance. É um ótimo quadro, tem recebido maciço apoio nas redes sociais, até mesmo em outros estados, mas nas pesquisas isso não tem sido refletido, vejamos o que acontece na urna.


João Dória (PSDB) - Duas definições, uma por França e outra por Cândido: "Produto de marketing, não vejo sinceridade em nada do que você fala", "É um desequilibrado que não aceita críticas programáticas e parte para o ataque pessoal". Essas colocações a meu ver sintetizam o que Dória é, um radical de Direita fruto de marketing e antipetismo, que surge dessa jovempanzação da discussão política nacional. Trata as questões do Estado como fossem ser corrigidas através de marketing, com nomes mirabolantes de programas. Mostra sua face fascista, afirmando que a PM tem de "atirar pra matar", a PM tem de PRENDER quem de direito, as polícias precisam de INTELIGÊNCIA POLICIAL, pra PARAR de correr atrás do cooptado da periferia e desarticular as facções que cooptam esses jovens. Tudo errado, é sintético, é inadmissível que alguém vote nisto, apesar de ser um direito democrático. Ele também não. 

Espero de coração e cabeça que a população enfim tenha percebido o quão nociva é a presença desse cidadão na política e já no próximo domingo, ANIQUILE definitivamente a sua vida política após ter largado a Prefeitura e seus votos e ter tentado passar o pé no atual candidato a Presidência pelo seu partido, minando ainda mais a já frágil candidatura, tirando este elemento do segundo turno. Quem sabe assim ele se junte a Villa e aja no espaço onde se pode falar a besteira que quiser do adversário político e não num ambiente que deve ser de discussão de propostas. Chega de marketing pessoal usando a máquina pública, a justiça já o condenou, condene sua vida política o tirando do segundo turno.


Márcio França (PSB) - Apela bastante para a experiência que tem e propostas simples, de fácil entendimento por parte da população, isso fez com que ele voltasse a crescer nas pesquisas e colocasse com chance de chegar ao segundo turno efetivamente, o que não parecia ser o cenário quando elaboramos aqui o seu perfil (clique), mas Marinho perdeu fôlego muito nas próprias limitações e as propostas e forma de se apresentar do candidato peessebista parece que se converteram em esperança para parte do eleitorado de mudar (ainda que pouco) a forma com que o estado vem sendo administrado há 24 anos. Sua questão com Dória virou pessoal, a ver se esse desequilíbrio que o tucano gera nele não o atrapalha nesta reta final. França descobriu quem Dória é da pior maneira, com a traição, que não volte a se aliar com isto.


Marcelo Cândido (PDT) - É muito articulado, experiente, tem um perfil absolutamente técnico, foi destaque em federação de municípios, enfim. Nesse sentido é um candidato que se adéqua ao que o PDT apresenta no plano federal, um perfil que ao mesmo tempo é de enfrentamento e técnico, é um quadro muito bom, aprovado em Suzano, sua cidade, nos dois mandatos que teve, importante haver um candidato que represente a região do Alto Tietê e ainda com excelente qualidade. Talvez porém se perca um pouco nas questões técnicas, como por vezes acontece com o próprio Ciro, apareceu pouco na campanha, foi pouco conhecido, no futuro vejamos se volta mais forte.

Apesar do ótimo quadro que é, realmente a candidatura deve ser impugnada, como alertamos em seu perfil (clique), não se trata de um caso de corrupção, segundo ele mesmo trata-se de algo oriundo da gestão anterior. A ver, entendo que o candidato precisa exercer seu direito de defesa e em sendo o caso provar sua inocência, depois disso, deve conversar com a população do estado e se apresentar novamente como candidato, com plenas condições de voto. Único candidato negro em SP, ótimo quadro, honesto, com boas propostas, com experiência e conhecimento e que "sabe contra quem é a luta que trava", segundo suas próprias palavras. Tomara que volte numa condição melhor.


Rodrigo Tavares (PRTB) - Foi usado pela Direita como café-com-leite, serviu pra mostrar que Dória e Skaf são Bolsonaro, logo, eles não e vai tentar capitalizar algo em cima disso, vejamos.


Luiz Marinho (PT) - Foi pro confronto, como fez em toda a campanha, isso pode o ter atrapalhado, em SP o antipetismo é muito forte, isso se soma a uma dificuldade de comunicação com o público que ele apresentou, por outro lado, procurou neste debate se colocar de forma muito clara ao eleitor. Questionou a Globo lá dentro em suas considerações finais, não absorveu a capacidade de voto petista no estado, mas, dentro do que poderia fazer, fez uma campanha digna e dentro dos objetivos que o partido visava ao lançá-lo candidato.



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Foto: Estadão. 


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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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