Candidato esperava ter ao seu lado o favoritismo tucano; não deu

Candidato à reeleição, o santista Márcio Luiz França Gomes – Márcio França na urna – defende as cores do Partido Socialista Brasileiro – PSB e, por ter sido vice-governador na administração de Geraldo Alckmin (PSDB), a narrativa de “manter e melhorar tudo o que está funcionando. Não parar nada”, como destacou em seu primeiro programa eleitoral veiculado em rádio e TV.
Foto: Eliana Rodrigues
Com 55 anos de idade, Márcio França é formado em Direito pela Universidade Católica de Santos – terra natal –, e pós-graduado em Direito Administrativo e Constitucional. Sua vida é marcada por cargos políticos, apesar do início como servidor público na função de oficial de justiça, de 1983 a 1992, no município litorâneo de São Vicente. França começou sua trajetória política filiando-se ao PSB em 1988, ano em que garantiu uma cadeira na Câmara Municipal vicentina como vereador – cargo que ocupou por dois mandatos 1988-1992 e 1992-1996. Em 1996, Márcio disputou e ganhou as eleições para prefeito de São Vicente, sendo reeleito para o quadriênio 2000-2004.

Após o período na Câmara Municipal e na Prefeitura de São Vicente, o hoje candidato a governador do Estado decidiu pleitear uma vaga na Câmara dos Deputados durante as eleições de 2006. Sempre pelo PSB, Márcio elegeu-se deputado federal por dois mandatos – 2006-2010 e 2010-2014. Em meio à posse do segundo mandato, em 2011, França foi convidado a assumir a Secretaria de Turismo do Estado, pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB). Convite aceito, Márcio ocupou a chefia da pasta por pouco mais de um ano, se desligando em seguida para “evitar conflitos durante o processo eleitoral”, já que a direção nacional de sua legenda decidiu apoiar a candidatura do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo, em 2012, a despeito do postulante tucano José Serra, candidato natural de Alckmin. Com o episódio, ele voltou para a Câmara dos Deputados para encerrar sua legislatura. Articulações entre PSDB PSB, que havia deixado a base de apoio do governo Dilma Rousseff (PT) em 2013 para lançar candidatura própria à Presidência no ano seguinte, permitiram que Márcio França participasse da campanha ao governo de São Paulo como vice na chapa de Geraldo Alckmin em 2014.
Foto: Flickr
Eleito vice-governador em primeiro turno, Márcio França esperava que, com a saída de Alckmin para concorrer à Presidência neste ano – como o fez, sua candidatura a governador guardasse, ainda que em menor quantidade por não pertencer ao ninho, o favoritismo tucano que logra êxito em pleitos estaduais desde 1990. O surgimento abrupto de João Dória (PSDB), com o típico costume tucano de utilizar da máquina como trampolim político, dificultou as pretensões do candidato do PSB, que ao lado da coronel da Polícia Militar Eliane Nikoluk Scachetti – vice na chapa –, tenta se manter à frente da unidade federativa mais importante do País.

Cabeça na coligação “São Paulo Confia e Avança”, de PSB / PSC / PPS / PTB / PV / PR / PODE / PMB / PHS / PPL / PRP / PATRI / PROS / SOLIDARIEDADE / AVANTE, Márcio França declarou ter patrimônio avaliado em aproximadamente 430 mil reais e abre seu programa de governo com a seguinte afirmação: “São Paulo é um retrato do Brasil (...), de sociedade bastante plural”. Em outro trecho ele diz a que veio. “É necessário continuar trabalhando muito, melhorando a qualidade dos serviços públicos e democratizando as oportunidades, principalmente para os jovens”, consta de uma plataforma de 68 páginas protocolada junto à sua postulação.

Em 32 pontos, a candidatura Márcio França apresenta propostas para a educação estadual que vão desde a formação inicial e continuada de professores e outros agentes educacionais, incentivo a progressão na carreira do estudante, a partir da titulação e habilitação profissional, a ampliação da rede de creches e a criação de programas de acompanhamento e intervenções como aulas de reforço, classes de aceleração e recuperação nas férias.
Foto: Alberto Marques
Para a área da saúde, Márcio propõe implantar o cartão SUS para 100% da população paulista; capacitar permanentemente os profissionais da área médica; apoiar as Santas Casas de Misericórdia; revisar o Código Sanitário Estadual e estimular programas de amamentação materna e combate à obesidade infantil. Quando o assunto é segurança, o programa de governo do candidato pretende, em caso de reeleição, criar sistemas de metas de redução de crimes e de integração entre as forças estaduais de segurança; implantar programas que incentive o policiamento comunitário e o combate à violência contra a mulher; e a criação de mais centros de detenção provisória.

Márcio França carrega consigo a defesa do atual modelo de governo. Para tanto, em seu plano de governo abusa dos termos “ampliar”, “manter” e “consolidar”. A título de exemplo, nas propostas para cultura, o candidato promete ampliar o número de Fábricas de Cultura, manter o apoio à rede de museus instalados no estado e consolidar o suporte às bibliotecas públicas municipais, por meio de convênios. Na seção intitulada de “Esporte e Lazer”, o programa apresenta uma série de incentivos, como bolsas-auxílio, e apoio ao esporte educacional, comunitário e de alto rendimento.

O plano de governo de Márcio França segue com políticas para imigrantes; garantia do passe livre ao estudante de “renda menor” e o “alistamento civil voluntário”, principal bandeira do candidato para a juventude; combate ao trafico de pessoas e o turismo sexual; garantia ao sistema de cotas nas universidades e órgãos públicos estaduais; ampliação de programas de habitação social; conclusão do Sistema Integrado Metropolitano de transporte público nas regiões metropolitanas; aumento de vagas em mestrado e doutorado nas universidades públicas do estado; ampliação do ensino superior à distância; e a universalização das escolas e faculdades técnicas.

A candidatura de Márcio França surgiu em uma linha franco-atiradora, buscando colar no governo tucano, do qual fez parte, ao mesmo tempo em que dá um "toque de esquerda" para tornar-se mais humanizado, algo que as candidaturas que estão na dianteira da disputa definitivamente não representam. O objetivo com isso era ser uma via alternativa ao caminho de continuidade total do modelo de gestão, representado por PSDB e MDB. No entanto, tudo indica que França chegou ao seu limite político. Inclusive, tem no seu retrovisor a candidatura petista de Luiz Marinho pronta para fazer a ultrapassagem, à base da imagem de Lula, com os votos do campo à esquerda que o candidato do PSB imaginava abocanhar.


Por: Claudio Porto e Adriano Garcia.

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Redação

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