Amigos! Enfim foi realizada a final da Libertadores, ainda que em terra de colonizadores. Uma final com duas faces, em campo, o primeiro jogo foi um grande espetáculo e no segundo um jogo grandioso, com reviravoltas, com um duelo tenso, entrega total, enfim, em campo a final em dois jogos e sobretudo neste segundo dignificou sim o que foi anunciado como um "Superclássico que representa a maior final da competição, a última em dois jogos". Fora de campo porém um tremendo desastre, pesos e medidas diferentes para os argentinos em relação a descumprimento de regulamento, a culminar com as cenas lamentáveis e absurdas que vimos na Argentina, onde a polícia não conseguiu sequer fazer um isolamento para o Boca chegar ao estádio e culminou com tudo que vimos de absurdo, chegando até a final de um torneio em memória dos que libertaram a América das mãos dos colonizadores, sendo decidida junto na capital deles, bizarro.

Apesar disso, se viu um grande espetáculo de futebol no Santiago Bernabeu, todas essas questões, até de desconstrução do próprio ideal da competição foram em campo, dentro dos mais de 120 minutos da partida decisiva superadas e vimos um grande espetáculo, onde o Boca na etapa inicial parecia que com a garra depois de tudo que sofreu a porta do Monumental de Nuñez iria com garra superar a sua inferioridade técnica com luta e vencer o River. Mas não foi o que aconteceu, o River buscou o empate, o Boca mexeu mal, teve um jogador expulso e aí foi difícil segurar a melhor qualidade adversária, com o 3 x 1 sacramentando o (em campo, na bola) merecido título do River, tetracampeão.


O jogo começou com um Boca sufocando o time do River na defesa e impondo muito trabalho, aquela ideia que se tinha antes da partida de que seria um duelo emocional, onde o Boca traria muitas dificuldades, dando a vida em campo e que isso equilibraria as ações se confirmou. O time ficou em cima, marcando muito forte e isso atordoou o River.

Apesar desse volume maior do Boca na etapa inicial, foi num momento em que o River estava em cima e no contragolpe que o gol saiu. 44 minutos, passe espetacular de Nández para Benedetto que avançou em velocidade para tocar na saída do goleiro. O River foi pra cima e tentou estabelecer sem êxito a igualdade ainda no primeiro tempo.


Os Millonarios começaram melhor a etapa final e o grande lance polêmico do jogo veio aos dez, quando em uma bola com Pratto o goleiro Andrada dividiu, foi um lançamento e o atacante ex-Galo esticou a perna para tirar a bola do goleiro, que vinha de braço esticado e se chocou com o atacante. Para a maioria da internet e para o ex-árbitro Carlos Simon, pênalti. Para mim não foi, foi uma disputa de jogo, onde o atacante vem com a perna esticada (e talvez por isso o juiz marcou falta) e o goleiro com a mão esticada e há o inevitável choque. Eu não consigo determinar que um tenha feito a falta no lance, os dois disputam a bola. Como há o choque do atacante com o goleiro, este com o pé alto e o goleiro indo com a mão, eu aceito a marcação da falta por parte do juiz, apesar do fato que fosse eu o árbitro, não marcaria nem falta, nem pênalti.

Foi então que duas mudanças, uma de cada lado acabaram decidindo a partida, um erro patético e um acerto fenomenal. O acerto do River foi a entrada do meia colombiano Quintero, de muito talento, inexplicável até que seja/esteja banco. O erro absurdo e patético de Schelotto no Boca em tirar Benedetto e pior ainda, colocar o péssimo Ábila em campo, isso determinou o que viria a ser o destino do jogo, o River foi pra cima.

Quando o Boca perde chance na frente, veio um contragolpe muito bem trabalhado e o passe pro meio de Ignácio Fernandez achando Pratto pra finalizar na marca do pênalti, era o empate aos 22 minutos. Com o empate o jogo ficou amarrado, ainda mais tenso e acabou indo para a prorrogação.


Depois da patética mexida de Schelotto, outro "erro" ridículo sacramentou o fim do sonho para o Boca, logo quando a bola rolou para a prorrogação o volante Barrios deixou o pé na entrada de carrinho dada por Palácios e merecidamente foi expulso. Caminho aberto para o River.

Boca se fechou na defesa com Jara e River colocou o menino Álvarez de 18 anos para sufocar no ataque, as estratégias então estavam muito claras, era ataque contra defesa. Apesar da grande pressão imposta, o Boca resistiu aos primeiros 16 minutos da prorrogação. Porém com três minutos de jogo na prorrogação não deu, apareceu o talento de Quintero, da entrada da área um foguetaço no ângulo, difícil crer que o Boca poderia ainda reagir com um a menos.

Nas mexidas extras da prorrogação, a inversão agora, Boca no ataque com Tevez, River se segurando nos minutos finais com Zuculini. Com muita garra o time azul foi pra cima e criou possibilidades de empatar. O Boca perdeu ainda Gago lesionado, mas ainda assim seguia sem nada a perder indo pro ataque inclusive com o goleiro Andrada, o time teve ainda uma grande chance perdida com Jara e no contragolpe lançado por Quintero, Pity Martinez sem goleiro, de forma melancólica para o adversário, fez o gol que determinou o Tetra do River.


Vejam, como disse na (longa, desculpem) introdução, como JOGO DE FUTEBOL, em campo, foi absolutamente extraordinário. Rivalidade, apesar de ter sido na Espanha, uma final que teve a presença das duas torcidas, ainda que não tenham lotado o estádio, mostraram aos espanhóis e ao mundo o que é este clássico. Foi um jogo espetacular, com reviravoltas, com luta, com drama na prorrogação, com o Boca dando a alma e com a qualidade adversária prevalecendo. Apesar da cena em si ser melancólica, é isso a síntese do futebol, luta até o último segundo, um exaltado e outro em lágrimas, derrotado, mas com o sentimento de que, apesar dos erros, fez o que pôde e lutou até o fim, em campo foi uma grande final e é com essa imagem que quero ficar dessa decisão.

Claro, não temos provas pra afirmar, mas essa violência que culminou com a final fora da Argentina e ainda por cima no único lugar onde NÃO poderia acontecer de forma nenhuma, que é na terra colonizadora, desrespeitando totalmente o sentido do nome da competição, foi algo que deu a Conmebol a legitimidade que ela precisava pra vender a muitos formadores de opinião e torcedores a ideia da final única, desrespeitando as características de logística e financeiras do continente sul-americano, ou seja, as finais da competição á partir da próxima temporada excluirão muitos torcedores, uma pena.

A gente fala muito aqui no Brasil em "boicotar a competição", em "se unir contra a Conmebol", mas a gente se pega muito num discurso hipócrita e falacioso, vendido por todos, por setores da mídia e também pela opinião pública em geral. Uma vez que se comemora vaga em Libertadores como fosse título, uma vez que se coloca vaga em Libertadores acima de títulos, como se o "bônus" fosse o título e não o contrário, como acontece na Copa do Brasil e agora na Sulamericana onde o Atlético Paranaense está muito perto do título e comunicadores seguem enaltecendo vaga, enfim. Enquanto essa hipocrisia toda não mudar, os clubes argentinos seguirão sendo beneficiados pela entidade, aliás, os clubes Brasileiros seguirão sendo prejudicados qualquer que seja o adversário que hable Español. 


Encerrando com o aspecto técnico, merecida a conquista do River e abre espaço para uma conquista Mundial, visto que o Real Madrid ainda que tenha tido uma leve melhora sob o comando de Solari, está longe dos seus melhores momentos, numa reconstrução difícil sem Cristiano Ronaldo. É a chance para uma vitória épica, em o duelo se realizando, claro.




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Imagens: AFP e Getty. 



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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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