Sem credenciais e defendendo um programa antipovo, capitão da reserva está longe de ser porta-voz da frustração; é vazio, apenas

Do alto de seus 63 anos, o capitão do exército aposentado Jair Messias Bolsonaro – Jair Bolsonaro na urna – disputa a Presidência da República como candidato da coligação “Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos”, do Partido Social Liberal – PSL Partido Renovador Trabalhista Brasileiro – PRTB. Ao seu lado, na chapa, está o também aposentado pelo exército brasileiro general Antônio Hamilton Mourão, que concorre na condição de vice-presidente.
Foto: Fábio Motta
Jair Bolsonaro, que declarou ao TSE ter 2,3 milhões de reais em bens, nasceu na cidade paulista de Campinas e viveu parte de sua infância e adolescência em Eldorado Paulista, município daquela região. A aproximação com o exército brasileiro veio em 1970, quando o hoje presidenciável tinha 15 anos de idade e acompanhou a chegada de tropas à cidade em busca de prender e matar o então militante de esquerda Carlos Lamarca. O episódio, ainda sob a Ditadura Civil-Militar, despertou em Bolsonaro a vontade de incorporar as forças armadas. Em 1977, formou-se oficial na Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN, no estado do Rio de Janeiro, servindo ao exército, pela primeira vez, de 1979 a 1981, na base em Nioaque, interior do Mato Grosso do Sul. Bolsonaro é ainda educador físico, formado pela Escola de Educação Física do Exército em 1983, e mestre em saltos pela Brigada Paraquedista do Rio de Janeiro.

Em sua passagem como militar, de 1977 a 1988, o hoje postulante a assumir o Palácio do Planalto acumulou alguns casos de insubordinação, inclusive tendo de responder questionamentos junto à justiça militar. Em um dos dois processos disciplinares, o então capitão no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Bolsonaro teve de explicar a publicação de um artigo, de sua autoria, em que reivindicava aumento salarial. No texto intitulado de “O salário está baixo”, publicado em uma edição de 1986 da revista Veja, Bolsonaro diz que cadetes da AMAN estavam se desligando por conta dos baixos salários e não por má conduta, como era divulgado. Pelo episódio, ele foi condenado, pela maioria dos ministros do Superior Tribunal Eleitoral Militar, em 1988, à detenção por 15 dias.
Foto: José Lucena
Em outro processo, o hoje candidato do PSL à Presidência da República teve de se defender da acusação de que planejava um atentado a bombas em unidades militares do Rio de Janeiro. No mesmo julgamento de 1988, ele foi considerado inocente. Naquele mesmo Bolsonaro aposentou-se – oficialmente foi para a reserva – com a patente de capitão, título que facilitou sua entrada no meio político ainda em 1988, quando venceu a disputa por uma das cadeiras da Câmara Municipal do Rio, como candidato a vereador pelo então Partido Democrata Cristão – PDC.  Dois anos depois, em 1990, elege-se deputado federal, cargo no qual ficou por seis legislaturas até a disputa pela Presidência neste ano.
Foto: Tânia Rêgo
Apesar de o baixo número de atividades concretas no Congresso Nacional – 162 projetos de lei, sendo dois aprovados –, a linha retrógrada, misógina, racista e saudosista da Ditadura sempre esteve em seu discurso. Em 1999, para um programa da TV Bandeirantes, o então deputado federal disse que seria preciso “matar 30 mil” pessoas para solucionar os problemas do País. Na mesma entrevista ele fala em “guerra civil” e desacredita o instrumento do voto. O deputado, que pouco – para não dizer nada – fez para se credenciar como postulante a presidente do Brasil, é autor de frases como: 

Ela [colega deputada] não merece [ser estuprada] porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria

Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade’

Aos poucos, a população vai entendendo que é melhor menos direitos e emprego do que todos os direitos e desemprego

Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí”

Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais
Essas e outras posições estão no vídeo, produzido pela edição brasileira do jornal espanhol El País, publicado abaixo.
                                                                                            Vídeo: Canal do jornal El País no Youtube
O presidenciável, que se coloca como um ponto de inflexão na democracia em descrença por conta dos escândalos de corrupção apontados pelas operações de investigação, levou os quatro filhos para a política, elegendo-os deputado federal, senador e vereador; chegou a empregar a esposa em seu próprio gabinete na Câmara dos Deputados; recebeu auxílio-moradia mesmo sendo proprietário de um apartamento na capital federal e, quando questionado, respondeu que “ como eu [Bolsonaro] estava solteiro naquela época, esse dinheiro do auxílio-moradia usava  para comer gente”; multiplicou o patrimônio da família com a compra de imóveis no valor de mercado avaliado em 15 milhões de reais; e mantinha assessora fantasma, que prestava serviços como caseira para o deputado, recebendo salário pago com dinheiro público.

Bolsonaro já esteve em sete partidos antes de “fundar” o PSL este ano. Entre eles está o Partido Progressista – PP, legenda com o maior número de políticos investigados por corrupção e na qual ficou por 11 anos – de 2005 a 2016.
Foto: Tânia Rêgo
Em 81 páginas, a campanha de Bolsonaro provoca o eleitor com o seu chamado “Projeto Fênix”. Provoca porque apresenta propostas vazias e, nas poucas claras, aponta medidas que vão contra a maior parte da sociedade brasileira. Entre elas estão o estabelecimento de uma alíquota fixa e não mais progressiva – quem tem mais, paga mais; quem tem menos, paga menos –, na casa de 20%, para a arrecadação do Imposto de Renda; a privatização de estatais como a Eletrobrás e Petrobrás, encarecendo o custo final da energia elétrica e dos derivados de petróleo como o combustível e gás de cozinha; o não reconhecimento de mais recursos para a área da saúde, já que, segundo o “Projeto Fênix”“é possível fazer muito mais com os atuais recursos”; a idealização de colégios militares em todas as capitais do País, priorizando disciplinas que remontam à Ditadura Civil-Militar como a “Educação Moral e Cívica”; a fragilização de programas de compensação histórica como as cotas raciais em universidades públicas, com a diminuição no número de vagas; e a implementação de ensino à distância para alunos do ensino público fundamental.

Jair Bolsonaro defende a agenda do presidente-nosferatu Michel Temer. Consta das medidas apresentadas na plataforma a manutenção da contrarreforma trabalhista, com a criação ainda da carteira de trabalho verde e amarela – “onde o contrato individual prevalece sobre a CLT, mantendo todos os direitos constitucionais” –, e propõe uma contrarreforma da Previdência Social ainda mais nociva que a do atual (des)governo. Sem detalhar como se daria a transição – impossível para analistas previdenciários –, a candidatura do capitão da reserva defende a alteração do atual sistema de repartição para o de capitalização semelhante ao das instituições financeiras.


Como citado acima, Bolsonaro tem um total vazio de propostas, o seu instrumento é o autoritarismo, o preconceito. Ele aproveitou-se bem disto, vivemos numa sociedade que saiu de um regime ditatorial há pouquíssimo tempo, trinta anos não são nada, só uma geração veio após isso e foi criada sob um ambiente de medo e de inúmeros preconceitos enraizados. Preconceitos estes que o candidato e os fundamentalistas religiosos inseriram na pauta, como se combater o pobre, o negro, o homossexual, como se tornar o Estado Brasileiro monoteísta, fossem instrumentos de combate á corrupção, não são.

Porém, é pouco inteligente qualificar todo eleitor bolsonariano como "fascista", fascista é ele, que usa técnicas de doutrinação apenas vistas em um passado terrível, na Alemanha. Ele martela a mente das pessoas com ideias que nunca sequer passaram perto da realidade, como "idolatria a Venezuela", "terroristas de Esquerda que pós-facada seguem o ameaçando, financiados diretamente pelo PT", que as esquerdas são favoráveis por exemplo a incesto, a sexo com menores", verdadeiras loucuras, ou melhor, CANALHICES, que ante a ingenuidade e desinformação viram "verdade" para muitos. Afinal, se as intenções deles fossem boas, por que afinal mentir tanto? Bolsonaro e seus asseclas dizem tantos absurdos que sempre acabam desmentindo ou dizendo que é "brincadeirinha" o que está registrado que disseram e sempre nas entrelinhas vão legitimando a violência contra seus adversários políticos, dizendo que vão "varrê-los do mapa", que vão "os prender para apodrecerem na cadeia", que vão "acabar com o ativismo no Brasil", por fim, disse ontem o candidato que iria "acabar com a ideologia". Ora, é muito engraçado, pois tudo é oriundo de determinadas ideologias, a ideologia dele de extermínio das minorias (alô Führer) é também uma "ideologia", ainda que patética, então, ele desvaloriza o que ele mesmo prega, que é uma ideologia ultraconservadora.

Uma última observação sobre o trecho reportagem que não poderia passar batida, "Educação Cívica", ora, se fosse um estudo de SOCIOLOGIA, se fosse algo para entendermos o que é o Brasil, a sua história, os seus problemas e o debate de soluções, seria perfeito. Mas a "Moral e o Civismo" a qual eles querem implementar é uma completa lavagem cerebral, apagando os malfeitos da Ditadura e ampliando sua "cultura" de preconceito. Imaginem o atraso que representará estes seres comandando a educação no país. Aproveite este texto, conheça Bolsonaro e não vote nele, não por PT, mas pela nossa segurança física, política e porque não, mental. 


Por: Claudio Porto e Adriano Garcia.


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