Dois jogos e duas vitórias. Ambas
nos acréscimos. Com direito a “reclamação” do chefe, que diz temer por seu
coração se isso acontecer por mais vezes. Esse é o Inter dessa semana. A
pergunta que surge então: é uma nova fase (e boa) estaria surgindo nas bandas
do Beira Rio? O fato é que o Inter venceu seus dois últimos compromissos e
ontem, ao som de mais de 40 mil vozes, venceu o Flamengo, um adversário
qualificado, difícil, o que pode ser uma credencial para voos mais altos nessa
temporada.
Uma vitória do mental
Não sei se por coincidência, o
Inter teve uma melhora significativa em termos mentais nos últimos jogos. O
fato é que o clube contratou um profissional da Psicologia, José Anibal Azevedo
Marques. O que isso significa em termos de jogo? Uma capacidade maior diante
das adversidades. E manter a concentração até os minutos finais da partida,
resultado em vitórias e até segurando placares favoráveis. E mesmo quando o
físico sucumbiu, jogadores sentindo câimbras e o fôlego já se esvaia, o time
consegue uma vitória diante de um adversário de gabarito.
Uma vitória do coração
O Beira Rio, mesmo depois das
mudanças, que o descaracterizaram bastante, permanece um estádio pulsante. Não
como negar que além do mental forte, o Inter teve coração. E seu coração foi
seu torcedor. Mais de 40 mil vozes foram o combustível extra, ou, nas palavras
do eterno Fernandão, um dopping natural. Mesmo quando tudo parecia perdido, o
torcedor, em seu ímpeto, foi o grande impulsionador do empate e da virada. Se
não há docentes sem discentes, não há time sem torcida. E ontem, 23 de abril,
houve uma sintonia uníssona, quase simbiótica. E o resultado foi um êxtase,
digno de filmes épicos.
O jogo e nuances
Falando em futebol puro e
aplicado, o jogo foi cheio de variações, marcado por disputas no meio-campo, a
busca pela ocupação do terreno, com propostas distintas, é verdade, contudo,
com muitos confrontos em termos de marcação.
Internacional e Flamengo proporcionaram um bom espetáculo que transcendeu
as duas torcidas envolvidas diretamente.
A equipa carioca, comandada pela
segunda vez pelo argentino Jorge Sampaoli, prezou pela posse da bola, na frase
do próprio Sampaoli quando este treinava o Santos: “passión por el balón”.
Somado a isto, começa marcando a saída do time colorado, provocando inclusive
erros por parte da defensiva alvi-rubra na saída de bola.
Porém, jogos as 11h da manhã são
um pouco diferentes em relação a fisiologia, prejudicando a intensidade. E não foi diferente com o a equipe carioca.
Apesar do hábito e a adaptação ao calor típico do RJ, a equipe não conseguiu
manter a marcação alta. Isso já impossível em condições normais, e as 11h, em
horário diferente, foi fundamental para acelerar o processo.
O colorado de Mano Menezes então
começa a ver o jogo a sua feição. Um adversário que o atacava, e os espaços
surgiam. Porém seu centroavante não estava numa manhã feliz. Alemão, aclamado
pelo torcedor, acabou por tomar decisões equivocadas, desperdiçando boas
oportunidades em contra ataques.
Na segunda etapa, notou-se que a equipe
rubro-negra mais desgastada. E Inter começava a criar mais oportunidades. Mas o
futebol tem das suas. Quando o Inter parecia estar em um melhor momento, o Flamengo
abre o placar em um dos poucos erros da defensiva vermelha. Após um bate-rebate
na área do Inter, Gérson, em uma manhã inspirada, aos 17 minutos da 2ª etapa chapelou
o goleiro Keiller e fez uma pintura a favor dos cariocas. Golaço do meia. E o
jogo começava a ganhar contornos de drama. Contudo, o Inter empata minutos depois,
4 minutos pra ser exato, o time empata. Maurício, que acabara de entrar, nos
seus primeiros toques na bola, empata, após jogada de Wanderson.
Mano fez trocas, tirou Alemão, Johnny
e PH. Johnny teve uma atuação apagada, e PH machucado. Entraram Luiz Adriano,
De Pena e Maurício. Todos logo após o gol de Gerson. O time cansou. Recuou, contudo,
se assentou eu sua estratégia. Tirar Johnny, mesmo apagado, deixou o time mais
vulnerável. E o Flamengo atacava. Perdeu gols. Uma cabeça de Gabigol rente ao
poste. Everton Ribeiro chutou de fora da área, que passou perto do gol de
Keiller. E por fim, uma bola na trave.
O jogo parecia caminhar para um
empate, quando Maurício, após jogada de Alan Patrick e Jean Dias, que dá uma
cambalhota para evitar o choque com o defensor do Flamengo, fez com que a bola
chegasse no jovem meia colorado. Esse, aos 52 minutos, de pé esquerdo, em
curva, no ângulo direito do bom goleiro Santos, faz um golaço. O time da Gávea
reclamou de simulação de Jean Dias, mas sem o mínimo de fundamento. O gol de Maurício
coroou uma atuação de um time que não desistiu. Com força e tenacidade. E no
dia de São Jorge, o Jorge rubro negro não foi feliz. São Jorge sorriu para o lado
vermelho.
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