Um dos pilares da Museologia é a conservação, esse ato acontece através de medidas que visam impedir a degradação do acervo. São práticas como controle de temperatura, higienização e acondicionamento que tem como objetivo retardar o desgaste de um objeto. Isso acontece e é praticado em vários museus. Inclusive eu já trabalhei com isso por alguns anos somados meu período como estagiário e no mercado profissional. Um tema bastante discutido é sobre o limite de conservação e como ela é feita?


Veja bem, claro que todos museólogos querem que um acervo dure o máximo possível, mas é de conhecimento de quase todos estudantes de Museologia alguns erros que aconteceram ao longo dos tempos. São peças têxteis que foram dobradas ou até mesmo lavadas, são objetos de metal que foram descaracterizados após o uso de produtos químicos, são diversos exemplos que são estudados de como não fazer.

Em 2018 eu fiz uma viagem com a turma de Museologia da UFRGS, fomos ao Rio de Janeiro, lá fomos apresentados aos diversos museus que fazem parte da capital carioca e também da cidade de Petrópolis. Algo que me gerou a dúvida sobre o limite da conservação foi a forma como os museus de diferentes tipologias tratavam o acervo. Eu mesmo adotei ao longo da minha vida acadêmica e profissional meu limite particular que com alguns estudos e cursos foram comprovados como de melhor utilização.

O texto de hoje pode servir como dica para você colecionador que queira manter por mais tempo seus objetos em sua casa, a minha dica é não interfira no objeto. Veja bem, eu sei que uma peça de metal lustrada e brilhante pode ser atrativa para visitantes, mas onde fica o caráter histórico da peça? Um prato de metal, com manchas e marcas de uso pode ser lavado? Claro que sim, numa instituição de museu? Claro que não. O objeto com trinta, cinquenta anos após ser lavado e adulterado em relação ao seu estado terá que história para contar? Um objeto em um museu não deve ser apenas um objeto, ele é uma parte da história, seja com características bonitas ou não. Veja bem, não defendo o uso de objetos destruídos ou sem a higiene básica, um acervo deve ter seu tratamento adequado, porém sou totalmente contra as intervenções estéticas nele.

Fonte: https://www.sisemsp.org.br/museu-da-imigracao-realiza-trabalho-de-conservacao-preventiva-de-seu-acervo-fotografico/


Ainda assim, temos uma outra área para refletir, o restauro, essa área pouco sei e deixo específico para os profissionais formados nela essa discussão. Ser um restaurador(a) requer muito trabalho e também noções sobre o que deve ou não ser feito. Essa prática tem uma ética, ao restaurar o acervo existe todo um registro sobre aquele objeto que não será mais o mesmo e uma nova etapa se inicia para ele, carregando as marcas do restauro e as anteriores.

O tema que escrevi é bastante reflexivo para aqueles que assim como eu adoram o trabalho junto com acervos e coleções, qual o limite que devemos ter e os cuidados que precisamos tomar na hora de conservar um acervo? A coluna é pequena para tamanha discussão, mas vale a pena lembrar o que faz um objeto um acervo? O simples fato de ser único ou toda história que carrega? Eu fico com a segunda opção.


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Sobre a Coluna

A coluna O Mundo é um Museu é publicada sempre às sextas-feiras.
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Pablo Barbosa de Oliveira

Sou Museólogo e Escritor. Escrevo sobre cultura na Revista Pauta e no Portal Jovens Cronistas. Criador do Museu de Instagram do IAPI. Fã de Fantasia e Sci-fi.

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