Mesmo durante a pandemia de 2020 percebi que uma sensação continuava comigo, era a ideia de não ter tempo para nada. Parece estranho, um ano onde muitas pessoas ficaram em casa, mas mesmo assim não estar com tempo livre era algo parte do cotidiano. O que leva as pessoas mesmo no ano de isolamento ainda estarem sem tempo?


Todo esse cansaço é resultado de uma geração que não apenas se conforma com os afazeres do cotidiano, mas que ir além, hoje em dia não basta ter uma faculdade para ter um bom emprego, não basta o esforço para se dar bem na vida. Nem mesmo para ser feliz conseguimos se ficarmos na inércia, como já havia escrito em outros textos, nem mesmo a felicidade é algo conquistável, tudo é expandido e nos leva para um novo desafio, como uma esteira que não para nunca de funcionar, mas não nos leva ao objetivo final, pois ele não existe.

O pensamento de não ter tempo também é uma consequência de que gostaria de chamar de “conto de fadas”, sabe o final feliz para sempre? Ele não vai existir, não tem como existir, a princesa e o príncipe não vivem feliz depois dos créditos, a vida, seja de ficção ou não, é feita de eventos, em diferentes escalas e o que molda esses eventos são os conflitos. Não basta pensarmos que no fim tudo vai dar certo, se ignorarmos os trajetos, o fim não fará sentido.

O tempo que sempre queremos está aqui, agora, o período de vinte quatro horas está sempre se repetindo, dia após dia estaremos mais próximo ou não dos nossos objetivos. Porém, nossa vida não pode se basear apenas no ponto final, no dia que tudo dará certo, temos que aproveitar o momento que temos agora. A sensação de correr atrás apenas do futuro é responsável pela de que não temos tempo, mas será que é verdade?

Foto: (Thinkstock)

A vida pode ser muito difícil em diferentes escalas, todos acabam encontrando frustrações e dificuldades ao longo dessa jornada, é impossível julgar alguém por isso. Contudo, podemos tentar repensar o nosso tempo e rever essa questão. Durante o mês de novembro estava com a cabeça cheia de conflitos com um livro sendo escrito, outro sendo divulgado e antologias que tinhas participado, tudo parecia tão corrido e o tempo parecia não existir. Com algumas mudanças consegui melhorar o meu dia, aproveitar eles com conteúdos e tarefas que fossem prazerosas para mim

A pandemia vai passar, uma hora vai, teremos nossa vida na rua mais frenética e tudo acontecerá, teremos as mesmas conversas de como o tempo passa rápido ou como não dá tempo para fazer algo, acredito que as vezes o que acontece é que estamos tão rápidos e amortecidos pelo cotidiano que esquecemos de parar. Ao longo do ano passado escrevi muitos textos sobre parar e respirar um pouco, depois de publicados entendi que o principal objetivo desses textos é comigo mesmo, é tentar mostrar para mim que podemos descansar, que julgamentos existirão com resultado ou não. Mas também é importante tornar os eventos menos cansativos e estressantes para que eles continuem.

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Sobre a Coluna

A coluna O Mundo é um Museu é publicada sempre às sextas-feiras.
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Pablo Barbosa de Oliveira

Sou Museólogo e Escritor. Escrevo sobre cultura na Revista Pauta e no Portal Jovens Cronistas. Criador do Museu de Instagram do IAPI. Fã de Fantasia e Sci-fi.

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