Olá a todos, todas! Como estão? Por aqui, estamos indo...

Na minha coluna mais recente procurei mostrar como, além de sermos uma sociedade doente, optamos pela barbárie. Parece que rompemos com qualquer verniz civilizatório, pelo menos é o sentimento que fica a partir dos exemplos que enumero na coluna. Se você quiser (re)ler, clique aqui.

Porém, muitas vezes, a representação da barbárie não é mostrada como algo bruto ou mesmo violento. A barbárie pode estar na nossa frente, com um discurso suave e simpático, quase convincente, bastando para isso que seja mostrada por uma pessoa, digamos, bem alinhada. Uma das características desta nova barbárie é justamente mostrar-se como algo novo, algo inédito quando, na realidade não é nada além da boa e velha barbárie.

Em meio a pandemia da Covid19, a barbárie apresenta-se das mais diversas formas, desde violência doméstica, que é repudiada de pronto por todos, ou por qualquer pessoa civilizada, até discursos que cogitem, por exemplo, a volta às aulas presenciais em meio a pandemia da Covis19.

Ao contrário de Jair Bolsonaro e sua turma, anti-cientificistas por definição, os governadores que defendem o retorno às aulas presenciais valem-se de argumentos, supostamente, baseados na ciência. Por trás da postura e meio ao discurso percebe-se termos que passam a certeza de estar fundado em protocolos, cuidados com a vida e outras coisas. Uma das palavras mais usada neste tipo de discurso é "protocolo". 

Todos sabemos protocolo pode pressupor método e o método leva, lógico a ideia de ciência. O discurso é colocado com todo o cuidado, sempre deixando algum espaço para o questionamento. Mesmo que este questionamento não leve a nenhum lugar.

No momento em que se propõe reabrir as escolas, com pretenso embasamento científico, coloca-se em risco a vida daqueles e daquelas que fazem o cotidiano escolar: alunos, professores, funcionários e familiares. Aquele governante que defende esta postura, na verdade abrindo mão de qualquer argumento científico, deveria lembrar que entre os familiares, professores e funcionários podem ter pessoas do tão propalado "grupo de risco".

Para concluir uma pergunta: vocês perceberam como a pandemia foi esvaziada de sentido nas últimas semanas e, assim, inserida na lógica do "novo nornal"?

E há quem pense que a Covid19 não tem nada a ver com Capitalismo. Vão sonhando, vão...


Livro da semana: "O fascismo eterno", Umberto Eco. (é fácil de achar em pdf)


Até semana que vem.

Saudações,

Ulisses B. dos Santos.

Twitter e Instagram: @prof_colorado

Sobre a Coluna

A coluna SobreTudo é publicada sempre às terças-feiras.

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Ulisses Santos

Sou um cara solidário e humanista. Procuro ser empático com o outro. As relações humanas fazem com que cada um de nós seja alguém que ao acordar é uma pessoa e ao dormir seja outra. Sou professor da rede pública estadual do RS desde 2002 e escritor desde sempre. Tenho livros escritos sobre a história de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Sou também jornalista que transita em áreas como o jornalismo esportivo e cultural. Portanto, se precisar dos meus serviços estou à disposição. Entre em contato.

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