Enfim foi asfaltada a ladeira da Alameda dos Flamboyants no Jardim Sol Nascente; trecho da rua com mais casas segue sem pavimentação, com muitos buracos e sem iluminação pública

Um trecho de 200 metros da Alameda dos Flamboyants no Jardim Sol Nascente, na Terra Preta, desde março vinha passando por obras de drenagem e pavimentação. O contrato foi assinado pela prefeitura de Mairiporã e a empresa AC Melko Engenharia e Construções LTDA em fevereiro deste ano no valor de R$ 209.391,34. De acordo com o Google Maps, em toda a sua extensão, a rua tem quase 700 metros, desde a “entrada” do bairro (seu início) até fechar o arco e encontrar a Alameda das Cerejeiras (término).

Cume da ladeira, onde termina o asfalto e segue o trecho de terra;

Quem transitou pelo local na última semana percebeu que a ladeira, problema de longa-data dos moradores, enfim foi asfaltada, ainda que não conte com a devida sinalização de trânsito.

Morador rebocando carro atolado na ladeira em agosto de 2016;

Morador da Flamboyants há 26 anos e dono de um espaço destinado à reciclagem, José Carlos Oliveira (57) afirma que, em sua avaliação, o “asfalto é de terceira” e que “daqui um ou dois meses estará danificado de novo”. “Bom mesmo seria se os caras conseguissem puxar o asfalto para cá e fazer a canalização da água que desce daqui [do escadão]”, sugere.

Ladeira asfaltada;

Alguns motoristas ouvidos pela reportagem reclamaram da espessura do asfalto, que seria muito fino e já estaria “se esfarelando”, com algumas pedras soltas.

A área agora asfaltada contempla ao menos quatro empresas e outros cinco imóveis residenciais, enquanto o trecho que segue sem pavimentação e com muitos buracos tem mais de 25 residências e concentra mais de 200 moradores. Não há nenhuma empresa instalada na parte de cima da rua. 

Trecho com mais de 25 residências segue com rua de terra, muitos buracos e sem calçada;

“Somos moradores há muitos anos, as empresas vieram agora. As empresas têm mais atenção do que nós aqui? Estamos largados aqui no fundo”, lamenta José.

De fato a obra contratada, que compreendia apenas a drenagem e pavimentação dos 200 metros até o cume da ladeira, está em vias de ser concluída, mas o que preocupa os moradores que vivem no trecho de terra e sem calçada é a falta de posicionamento da prefeitura quanto à continuidade do asfalto até o final da rua.

Percorrido pelo trecho que segue na terra, com muitos buracos e sem calçada;

Há rumores por parte da vizinhança de que a administração atual, que se organiza para dar ampla publicidade em suas redes à inauguração da obra, irá concretar os outros 300 metros restantes. “Um vereador veio aqui e falou que dali para cá seria concreto, mas não tem definição se será este ano, ano que vem ou daqui 10 anos e isso preocupa porque estamos aqui na terra”, expõe o morador.

Procurada, a atual administração não se posicionou a respeito.

Preteridas

Das cinco alamedas que cortam o Jardim Sol Nascente, a do Flamboyants e a Manacas são as únicas sem asfalto em toda a sua extensão. As alamedas das Cerejeiras, Cambarás, Jacarandás e estão, no mínimo, a coisa de dois anos à frente em relação à pavimentação das vias.

O contrato de afastamento da Alameda das Cerejeiras foi celebrado em maio de 2017. Naquele mesmo ano a prefeitura deu início à contratação também para a do Cambaras e a Jacarandá foi completamente asfaltada no ano passado.

Sem luz

Além da estrada de terra, a Alameda dos Flamboyants tem postes sem as hastes para as luminárias, todos instalados no final da rua, próximos ao conhecido “escadão”, uma trilha que há algum tempo conta com degraus construídos pelos próprios moradores e único caminho para o ponto de ônibus escolar, além de ser a principal entrada e saída de pedestres do bairro. Por se tratar de uma iniciativa dos próprios moradores, o “escadão” tem degraus irregulares, sem padronização, e não é acessível. 

Postes sem hastes para as luminárias na altura dos números 25 e 27 da Flamboyants;

Basta dar 18h (ou antes disso em dias mais frios) para que o breu tome conta de toda uma área de mais de 100 metros de distância. Segundo relatos de moradores, a falta de iluminação é uma realidade que supera, e muito, uma década. “Os postes foram colocados, mas nunca vieram colocar a lâmpada e aqui passam muitas crianças. Como que uma mulher vai passar à noite aqui?”, questiona ainda o conhecido Zé.

"Escadão" visto de baixo: principal entrada e saída de pedestres do bairro;

Posicionamento


Todas as solicitações de posicionamento junto à prefeitura foram enviadas ao endereço de e-mail da secretaria municipal de Obras e Serviços, que, na tarde de terça-feira 4/8, respondeu não apresentando a posição da pasta a respeito da matéria, mas indicando que a reportagem precisava encaminhar a demanda ao endereço da assessoria de imprensa da administração, o que foi feito na noite do mesmo dia.

Até o envio da nota pode-se afirmar que, procurada, a prefeitura não se posicionou em relação à obra de drenagem e pavimentação que não compreende toda a extensão da Flamboyants, mas beneficia ao menos 4 empresas, enquanto mais de 25 residências na parte de cima seguem sem calçada e com a rua de terra.

Também foi solicitada a confirmação ou não a respeito do que os moradores têm falado sobre a rede de águas pluviais do trecho asfaltado ter sido construída até o "pé da ladeira", o que impediria o prosseguimento do asfalto na parte de cima porque, sem quebrar a rua, não seria possível realizar a emenda da galeria.

A prefeitura também não respondeu sobre os postes de energia elétrica sem as hastes de iluminação pública, ambos próximos ao "escadão", assim como não se posicionou sobre a falta de degraus regulares e acessibilidade no local.

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Claudio Porto

Jornalista independente.

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