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Olá fãs da velocidade! Voltamos nesse domingo para comentar o Grande Prêmio da Grã-Bretanha, quarta etapa do Campeonato Mundial de Fórmula 1 de 2020. No histórico circuito inglês, mais uma grande corrida se desenvolveu diante de nossos olhos; e se ficaram faltando ultrapassagens em boa parte da prova, o drama das voltas finais compensou aqueles que ficaram grudados em frente à TV até os últimos minutos. A Mercedes, mais uma vez, ditou o ritmo, mantendo-se na ponta até os últimos momentos, quando os pneus de ambos os carros não aguentaram. Bottas foi o primeiro a sucumbir, e acabou o fim de semana com um grande prejuízo ao terminar fora dos pontos. Já Hamilton teve o seu pneu dianteiro esquerdo estourado à menos de meia volta do fim! Numa cena digna de filme, Lewis dirigiu com três rodas até a linha de chegada, e graças à grande vantagem sobre o segundo colocado Verstappen acabou vencedor do GP! Na terceira posição, Charles Leclerc coroou um grande fim de semana ao levar a questionável Ferrari a mais um pódio na temporada. Confira conosco o relato do GP da Grã-Bretanha a partir de agora.


Após um sábado tranquilo, a Mercedes chegava para a corrida novamente como franca favorita. O único momento em que a posição do time esteve ameaçada na classificação foi em um raro erro de Lewis Hamilton, que rodou na saída da Luffield durante o Q2. Porém como havia ainda muito tempo no relógio, Hamilton voltou aos boxes, completou uma volta rápida e minutos depois sacramentou a 91a pole de sua carreira. Recorde absoluto, estarrecedor! Olhando para o resto do grid, Verstappen era de novo o único obstáculo imaginável para uma vitória confortável do time alemão, porém ainda assim qualquer coisa diferente de Mercedes na ponta seria uma surpresa. 

Hora da largada, e nela o pole position quase se deu mal. Hamilton tracionou pior do que Bottas, e os dois companheiros chegaram a ficar lado a lado na reta. Porém o inglês chegou com a preferência na curva 1, e Bottas teve que levantar o pé. Isso iniciou uma reação em cadeia, onde Verstappen precisou fazer o mesmo para não coletar a traseira do finlandês. Dessa forma, Leclerc viu um espaço e conseguiu mergulhar para a terceira posição; apenas por poucas curvas. Max foi ágil na parte mais travada do circuito, recuperando a posição antes mesmo de alcançarmos a metade do primeiro giro. 

Foto: Motorsport.com
Ainda na volta 1, um dos lances importantes da corrida acabou por acontecer. Se aproximando da Woodcote, a reta de largada antiga do circuito, Kevin Magnussen exagerou ao passar por cima das zebras e espalhou, dando espaço para Alexander Albon colocar sua Red Bull por dentro. O dinamarquês porém esqueceu de olhar os retrovisores, e acabou se tocando com Albon. K-Mag perdeu o controle do carro e bateu forte contra a barreira de pneus, encerrando por ali seu fim de semana. Albon foi considerado culpado pelo incidente, e além de precisar de uma parada extra para trocar os pneus, foi punido com acréscimo de 5 segundos ao seu tempo total de prova. 
O início de temporada do tailandês é realmente abaixo do esperado. Mesmo que naturalmente se espere mais de Verstappen, Albon já ficou de fora do Q3 em 2 das 4 oportunidades, e acabou se limitando a lutar contra carros do meio do grid no último GP da Hungria. A pressão por um segundo piloto competente na Red Bull existe desde a saída de Daniel Ricciardo, e agora parece pronta para fazer de Alex mais uma vítima. A seu favor, podemos dizer que a punição de hoje foi injusta: fica claro ao analisar a câmera onboard que Albon não tinha para onde ir, sendo o incidente causado muito mais pela displicência de Magnussen ao contornar a curva. 
Ainda assim, Albon não conseguiu encontrar seu melhor ritmo no restante da prova, e teve que se conformar com míseros quatro pontos. É justo dizer que a pressão por resultados em cima do jovem tailandês está maior do que nunca, mesmo que seja muito difícil um novo rebaixamento/promoção entre Red Bull e sua equipe co-irmã. É hora de Alex mostrar o seu valor, pode ser que seu assento para 2021 dependa disso... 

Por volta do quinto giro, a ação estava de volta ao circuito de Silverstone. A relargada transcorreu normalmente, com Hamilton mantendo a ponta, seguido por Bottas e Verstappen. Os dois pilotos da Mercedes imprimiram um ritmo mais forte desde o primeiro momento, se desgarrando da Red Bull #33. Verstappen por sua vez era notoriamente mais rápido que Leclerc, quarto colocado e "líder" do pelotão intermediário que o seguia. Assim a corrida seguiu até a volta 15, quando outra pancada trouxe novamente o safety-car à pista. 

Dessa vez foi Daniil Kvyat o responsável pela batida, um choque forte na entrada da Maggots. O piloto russo teve um problema no pneu traseiro esquerdo, que parece ter furado e provocado o pião. Tudo ok com Dany, que saiu do carro sem quaisquer problemas. Foco agora no resto do grid, que tomaria uma decisão importante para o decorrer da corrida. 

Foto: Motorsport.com
Com o safety-car surgindo próximo à janela de pit stops, todos os pilotos decidiram por antecipar sua parada para aquele momento. A exceção foi um solitário Romain Grosjean, o único com pneus médios rodeado por um mar de pneus duros. Mesmo restando pouco menos de 40 voltas para o fim do GP (que tem ao todo 52), as equipes acreditaram que o composto mais duro aguentaria essa carga, decidindo assim levar esse stint até a bandeirada final. 

Novamente hora de relargada, e de novo pouca coisa mudou. Os carros do meio do pelotão proporcionaram uma 'primeira' volta animada, mas sem grandes ganhos ou mudanças na tabela. Grosjean se saiu até melhor do que a encomenda, conseguindo segurar as McLarens por algumas voltas, até que finalmente sucumbiu a um carro muito mais forte que o seu. Na frente, Hamilton e Bottas tornaram a abrir de Verstappen, que da mesma forma se desgrudou de Leclerc. O monegasco por sua vez aproveitou que Grosjean atrasou um pouco as McLarens e construiu uma distância segura, em torno 3.5 segundos, o que se mostrou determinante para o sucesso de sua corrida. 
O desempenho de Leclerc nesse domingo ganha o status de um dos destaques da prova. Em comparação direta com seu companheiro de equipe Sebastian Vettel, Leclerc simplesmente foi demolidor. Enquanto Seb jamais conseguiu sair do atrapalhado meio do pelotão, passando a corrida preso no tráfego entre 10a e 11a posição, Leclerc manteve-se firme no quarto lugar, e controlando a sua distância para os carros mais próximos. Considerando o déficit que a Ferrari desse ano tem perante as duas principais equipes, é justo dizer que Leclerc fez o que dava pra fazer, extraindo o máximo que seu bólido permitiu. os resultados seriam colhidos ainda nessa prova, e se não satisfazem os tifosi ao redor do mundo ao menos servem de consolação para uma temporada um tanto quanto complicada aos italianos.

Sem nada acontecendo no pelotão de frente, voltamos nossos olhos para o meio do grid. E se a Ferrari ao menos teve Leclerc para compensar o desempenho apagado de Vettel, a Racing Point viveu seu pior fim de semana até aqui na temporada. O time, que ficou ainda mais sob os holofotes nos últimos dias, contava com Nico Hülkenberg, desempregado desde o anúncio da contratação de Esteban Ocon pela Renault. O alemão substituía Sergio Pérez, diagnosticado com Covid-19 no meio de semana e barrado do GP pela própria Fórmula 1. A falta de sorte que caracterizou Hülk durante toda sua carreira tornou a aparecer nesse domingo: um parafuso "muito apertado" (palavras da própria equipe) causou problemas no câmbio, que impediram o funcionamento do motor da Racing Point #27. Hülkenberg sequer alinhou no grid de largada, e seu retorno à um grande prêmio oficial jamais aconteceu. Nico ficará na espera pelo novo teste de Sergio Pérez, que será feito nessa semana. Se o mexicano testar novamente positivo, o alemão retorna ao cockpit para o GP dos 70 anos da F1, também em Silverstone, no próximo domingo. Checo retorna as pistas se testar negativo. 
Porém a maior decepção do time rosa acabou nem sendo a não-largada de Hülkenberg, mas sim o péssimo ritmo de corrida de Lance Stroll. O canadense já vinha de um sábado questionável, onde classificou atrás de Ferrari e McLaren, em teoria carros inferiores pelo que fora demonstrado na Hungria. Após largada e relargadas ruins, Lance se achava em oitavo, e cada vez mais distante de Esteban Ocon, de Renault, que vinha na sétima posição. Coincidência ou não, nas duas vezes em que a RP de Stroll precisou andar no tráfego (Estíria e Inglaterra) o carro caiu bruscamente de rendimento, não possibilitando chance real de ultrapassagem e até mesmo sendo futuramente alcançando por outros competidores. Parece que a cópia da Mercedes W10 herdou também os defeitos da mesma, incluindo um dos seus principais, que é o aumento do desgaste de pneus e consequente perda de rendimento ao andar por muitas voltas no ar sujo. Isso ou Stroll fez um domingo daqueles pra lá de horríveis.
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Antes de encerrar o espaço para o pelotão intermediário, cabem justíssimas menções honrosas para dois personagens em específico: a equipe Renault e Pierre Gasly. Preterida pelo hype colocado em cima de Racing Point e McLaren, e ainda classificada como um degrau abaixo da tradicional Ferrari, a equipe francesa fez hoje uma grande corrida com ambos os pilotos, mantendo-se no top-10 por toda a prova e aproveitando as oportunidades que se ofereceram no final. Ricciardo se aproveitou da dificuldade de Norris em se livrar do companheiro Sainz para fazer a ultrapassagem, isso pouco antes do espanhol despencar no grid devido a um furo de pneu. Dessa forma, o australiano subiu à quarta posição, igualando seu melhor resultado com o time amarelo. Ocon veio logo atrás, no sexto lugar, completando um fim de semana muito produtivo para os franceses, um passo para sua afirmação nesse pelotão tão disputado. 
Gasly por sua vez vinha a bordo de uma AlphaTauri que ainda deixa dúvidas de sua real posição. Visivelmente mais rápido que as lanternas Alfa Romeo, Haas e Williams, o carro não parece no mesmo nível de Renault e companhia. Mas graças ao esforço do piloto francês, luatr contra elas tornou-se possível. Gasly saiu do 12o lugar após a rodada de pits para uma grandíssima sétima posição, com direito a ultrapassagem na moral sobre Sebastian Vettel, além de se segurar à frente de Alex Albon, seu substituto na Red Bull. Grande resultado para um Gasly que vem se mostrando cada vez mais maduro e consciente dentro de pista. É notória sua evolução, especialmente depois de toda a montanha-russa vivida na última temporada; é certamente um caso que merece uma segunda chance, numa equipe competitiva porém com um ambiente saudável. 

Chegamos então nos momentos decisivos da corrida. Com menos de 5 voltas para o final, tudo parecia já definido no top 3, com Hamilton mais de 10 segundos à frente de Bottas, que levava ainda certa vantagem para Verstappen. Foi quando, na chegada para contornar a curva Village, o pneu dianteiro esquerdo de Bottas estourou. O finlandês segurou o carro, mas aquela altura não havia muito a se fazer. Verstappen estava já no encalço e em questão de metros conseguiu a ultrapassagem. Por azar, Valtteri estava mesmo iniciando a volta no traçado de Silverstone, o que levou Bottas a se arrastar por praticamente 5 quiômetros em três rodas, perdendo assim mais de meio minuto e caindo para além da 10a posição. Tudo isso com duas voltas para o final da corrida. 
Imediatamente, as demais equipes avisaram seus pilotos para tomarem cuidado com seus pneus. Quando Sainz teve outro furo em sua McLaren, a Red Bull não hesitou e chamou Verstappen para os boxes, para trocar para um novo jogo de macios. A manobra permitiria ao holandês tentar o ponto extra da volta mais rápida, e além disso o protegeria de uma possível falha semelhante à de Valtteri. A Mercedes optou pelo contrário e deixou Hamilton na pista. 
Mesmo pegando leve, os pneus de Lewis não aguentaram. Ao se aproximar para contornar a curva Copse, o dianteiro esquerdo murchou, já na última volta do grande prêmio. Verstappen, agora há mais de 30 segundos atrás, vinha voando com seus pneus macios novos, e foi avisado pelo rádio da falha no carro de Hamilton. Com menos da metade da volta para o fim, Hamilton tinha apenas uma única missão: não rodar o carro e rezar para que encontrasse a linha de chegada o mais rápido possível. Com o pneu já totalmente vazio, Hamilton as últimas curvas do circuito, enquanto Verstappen sequer havia contornado a Stowe. Como num roteiro digno de filme dramático, o inglês cruzou a linha de chegada se arrastando - porém à frente de qualquer outro piloto do grid! Max Verstappen alcançou a meta apenas 5 segundos depois, conquistando a segunda posição e também a volta mais rápida da prova. Charles Leclerc aproveitou-se da má sorte de Bottas e herdou a terceira posição, levando a Ferrari novamente a um lugar no pódio. 

Após o resultado final, é fácil a crítica ante a estratégia usada pela Red Bull. Sim, afinal o pit stop extra que deu a volta mais rápida à Verstappen também tirou o que fatalmente seria uma vitória para o holandês. Porém, analisando com frieza, não há dúvidas que essa foi a escolha mais sensata a ser feita. Não se pode esquecer que os pneus de Hamilton e de Verstappen tinham exatamente a mesma idade, e o furo que acometeu o composto de Lewis poderia também ter ceifado as chances de pódio para Max. Como Christian Horner disse, não havia garantia de que os pneus de Verstappen chegariam intactos ao fim, e se o furo ocorresse mil metros antes, com certeza estaríamos aqui discutindo a imprudência da Mercedes não ter trazido Hamilton para uma parada de precaução, ao invés de fazer o oposto com a Red Bull. 
No fim, acaba tudo sendo uma questão circunstancial. A posição em que o pneu de Hamilton estourou, a desvantagem de Verstappen ao retornar dos boxes, a opção por uma estratégia mais cautelosa do adversário. Tudo isso teve papel importante para a confirmação da vitória do piloto inglês neste domingo, bem como a sua habilidade para conquistar a pole no sábado e o seu melhor ritmo para manter-se à frente de Bottas durante 50 voltas. Não existe um veredito que determine se a vitória foi apenas "sorte" ou "talento puro", e sim uma combinação de fatores que possibilita a um piloto chegar na posição onde está. Hamilton guiou demais, e foi melhor do que todo o resto do grid no braço durante 51 voltas e meia. Teve sorte quando o seu maior azar aconteceu nos metros finais e no momento exato onde tinha gordura o suficiente para queimar. Foi competente ao não perder o controle do carro numa situação complexa e inusitada, e através disso saiu vencedor. 
Como um grande campeão, Hamilton mais uma vez reuniu todas as qualidades necessárias para um grande vencedor, dando mais um passo importante rumo ao título e aos recordes. O inglês é agora o piloto com mais vitórias em seu GP de casa (7, contra 6 de Alain Prost na França), além de ultrapassar Ayrton Senna na marca de mais corridas vencidas liderando todas as voltas. Mais do que isso, Hamilton chega a marca de 87 vitórias na carreira, apenas 4 atrás do antes inigualável recorde de Michael Schumacher. Focando apenas em 2020, Lewis abre 30 pontos de vantagem sobre o vice-líder do campeonato Valtteri Bottas, uma diferença sólida e que dá pinta de que só será tirada se Bottas contar com a sorte. E ela mostrou hoje ao lado de quem parece estar. 

Confira a classificação do GP da Grã-Bretanha: 

Resultado final do GP da Inglaterra de Fórmula 1 — Foto: Reprodução/FOM

Hamilton agora lidera o campeonato de pilotos com folga. São 88 pontos para o inglês contra 58 de Valtteri Bottas. Max Verstappen aparece na terceira posição, com 52 pontos ganhos. Nos construtores, tudo azul para a Mercedes, líder isolada com 146 pontos. Muito atrás aparece a Red Bull com 78, seguida pela McLaren com 51 pontos

Bom pessoal, por hoje é só. Retornamos na próxima semana com o Grande Prêmio dos 70 anos da Fórmula 1, o round 2 da categoria no circuito de Silverstone. Abraços e até lá!




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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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