A série de filmes ‘Mad Max’, interpretada por Mel Gibson, nos mostra como seria um possível futuro para a humanidade, onde recursos naturais como a água valessem uma vida. Eu diria que já passamos por momentos próximos ao que seria a passagem da era dos extremos para a era do Mad Max, parodiando o insigne Eric Hobsbawm. Digo isso quando presenciei, recentemente, a greve dos caminhoneiros e a falta de abastecimento dos postos de combustíveis, o filme Mad Max virou até meme nesta época. Será que chegaremos a um futuro em que a água será um bem de consumo para poucos? Alguns cientistas dizem que um dia faltará água à humanidade, se o ser humano continuar a desgraçar nossos recursos naturais, como vem fazendo. Tais previsões científicas ainda poderiam ficar mais complexas quando o assunto chega à transformação da água em mercadoria, dominado por monopólios empresariais e por escroques. Eric Hobsbawm bugaria no mundo de hoje, não está fácil para os historiadores. Nesse contexto, eu chego a me lembrar da animação brasileira ‘Uma história de amor e fúria’, que, em seu capítulo final, nos mostra como seria o futuro da água para a nossa sociedade, se tal recurso caísse nas mãos do mercado, dá agonia só de pensar. Será já chegamos a este ponto?


Na quarta-feira dessa semana, o Senado aprovou o projeto de lei que altera o saneamento básico no país. Os senadores que votaram a favor deste nefasto projeto diziam que a presença de empresas na gestão do saneamento básico pode melhorar o serviço no país. A pergunta que fazemos diante de tal lei é: Será mesmo que as empresas estariam preocupadas com a falta de saneamento básico em áreas periféricas, sendo que essas localidades carentes não dariam lucro para os empresários?


Há exemplos pelo mundo que nos mostram que a privatização da água provoca uma política desigual. Exemplos de metrópoles como Paris e Berlim são modelos de que a desestatização do abastecimento de água é um engodo capitalista. O aumento das tarifas de água e a pouca abrangência no abastecimento foi um dos fatores do fracasso nos países citados como exemplo. As multinacionais não conseguiram ou não quiseram, por falta de lucro, abastecer territórios com pouca renda per capta.

Vale ressaltar que as empresas podem, também, se beneficiar do abastecimento da água para a produção de suas propriedades. Não é à toa que capitalistas bilionários tiveram influência neste projeto de lei votado esta semana no Senado. Exemplo de lobista e político envolvido neste esquema é a figura do senador Coca-Cola, Tasso Jereissati, tucano e aliado de anos dos irmãos Gomes no Ceará. O senador Coca-Cola é acionista de uma das maiores produtoras de refrigerantes do país. Não é de hoje que Tasso Jereissati vem lutando para minar com as políticas públicas e os direitos sociais do país. Em 2017, o senador foi um entusiasta da reforma trabalhista.

Água é vida, segundo a Ciência. A água é o pontapé inicial de toda a forma de vida, onde tem água tem vida. A água deveria ser um bem natural da humanidade. A ganância, sentimento inerente do capitalismo, vem tentando surripiar até nossos bens naturais. A perversidade desses grupos inescrupulosos não tem limites para a obtenção do lucro. O lucro desses agrupamentos já ultrapassou fronteiras nunca antes alcançadas ao longo de nossa História no nosso pálido ponto azul, como dizia Carl Sagan. Mas eles querem mais... A procura da Ciência por água em outros planetas, em busca de vida, pode causar efeitos catastróficos na mente de um capitalista insano, levando o homem a colonizar outros planetas em busca de água para obtenção de lucro, é um pacto colonial planetário. Os ET´s que se cuidem...

Jonas Carreira

@profjonascarreira

Sobre a coluna

A coluna Notas do Cotidiano é publicada sempre às sextas-feiras.
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Jonas Carreira

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