Olá fãs da velocidade! Voltamos nesse domingo para a conclusão de nossa cobertura da F1 em 2019! Responsável por encerrar a temporada, o GP dos Emirados Árabes Unidos no circuito de Yas Marina reservou uma prova amplamente dominada pela Mercedes, nesse caso o carro #44 do campeão mundial Lewis Hamilton. Largando da pole, o inglês foi absoluto o tempo todo, com um ritmo inalcançável e sem judiar dos pneus, completando dessa forma sua 19a vitória de ponta a ponta na carreira! Max Verstappen terminou em segundo, enquanto Charles Leclerc completou o pódio na terceira posição. Confira conosco os destaques da prova a partir de agora:

Foto: Reuters/Hamad I Mohammed

Momento de maior expectativa da corrida, especialmente por conta das características da travada pista árabe, a largada aconteceu sem nenhuma grande alteração, principalmente no pelotão da frente. Verstappen, que partia do segundo lugar devido à punição de Bottas, não foi capaz de incomodar Hamilton, e acabou se contentando em defender a posição de Leclerc. Vettel até chegou a se aproximar do companheiro, mas não teve espaço para tentar a manobra. O único incidente  acabou sendo no meio do pelotão, quando Lance Stroll travou as rodas dianteiras e acertou Pierre Gasly, fazendo o francês perder sua asa dianteira e eliminando ali as chances de uma boa corrida do piloto da STR.

Ainda na primeira volta, um ponto importante para a prova: Max Verstappen não conseguiu a temperatura ideal em seus pneus, e por conta disso fez uma volt muito lenta, sendo facilmente ultrapassado por Leclerc. O holandês viu até mesmo Sebastian Vettel muito próximo de seus retrovisor, mas quando o alemão conseguiu encostar no concorrente, a sequência de curvas do setor 3 impediu qualquer manobra. A partir daí, o holandês recuperou o rendimento e a corrida segui seu rumo.

Na primeira fase da prova houve pouca movimentação em pista, mas isso não significou que tais momentos não tiveram importância. Por conta de uma falha técnica, a direção de prova não liberou o uso do DRS nas primeiras 20 voltas, porém a corrida não foi interrompida. Com isso, alguns carros que lutavam por posições (como o caso de Valtteri Bottas, que saiu do fim do grid), nos deram uma uma pequena mostra de como poderia ser a Fórmula 1 sem esse mecanismo, que deixa as manobras um tanto quanto artificiais. E a diferença foi notória! Mesmo com um carro infinitamente superior ao pelotão intermediário, Valtteri precisava de uma tomada quase perfeita na saída de curva para conseguir pegar o vácuo do adversário, retardar a freada e completar a manobra no final da grande reta.
Mais do que as ultrapassagens de Bottas, a luta entre Hülkenberg, Vettel e Albon foi outra boa experiência de como funcionaria a F1 sem o DRS. Logo após sua parada, Vettel retornou atrás de Nico, e mesmo com pneus novos e um motor infinitamente mais forte em velocidade de reta, Seb não conseguiu completar a manobra sobre Hülk sem a ajuda da asa móvel! Essa situação proporcionou a Albon tirar a diferença com relação à Ferrari #5, deixando os três carros muito próximos por um bom tempo. A briga só se desfez quando a direção de prova corrigiu o problema, e com o DRS voltando a funcionar, Vettel passou tranquilamente pela Renault, antes de Hülk dirigir-se aos boxes.
Foto: Motorsport.com
Essa experiência trazida pelo acaso foi um momento de "volta as raízes" desse esporte. Recordando os velhos tempos, somente os pilotos mais talentosos (e com mais "culhões") eram capazes de dividir uma curva e ganhar a posição em pista. E cá entre nós, essa capacidade única, fruto de uma mistura de arrojo e habilidade, é o que nos vicia cada vez mais nesse esporte. O problema é que, na Fórmula 1 atual, onde o business tem parte (e muito) grande dentro da categoria, a necessidade de conquistar novos públicos é permanente. Essa conquista passa através de se criar uma falsa impressão de que o esporte é movimentado, e para isso, mecanismos são criados para que as corridas tenham mais "ação", mesmo que esta não seja necessariamente fruto da superioridade de um piloto perante o outro.
Concluindo: a Fórmula 1 sem DRS ainda seria interessante, e possivelmente até mesmo mais justa! Porém, as corridas seguiriam um ritmo mais lento (não em velocidade, e sim em brigas dentro da pista). Ultrapassagens seriam manobras esporádicas e os populares trenzinhos seriam comuns em muitas corridas. Dessa forma, o esporte se tornaria menos comercial, indo exatamente na direção oposta àquela que a Liberty Media vem propondo. As mudanças aerodinâmicas propostas para 2021 podem alterar o rumo dos acontecimentos, mas com os carros atuais, é impossível vislumbrar a F1 sem a contestada asa móvel.

Voltando à corrida, Hamilton seguia tranquilo na ponta, mas agora com Max Verstappen na segunda posição. O holandês ganhou o segundo lugar graças ao prematuro pit stop da Ferrari, que chamou seus dois carros antes mesmo da volta 20. Com um ritmo forte o suficiente e sem abusar dos pneus, Max conseguiu se manter a pista até quase a metade da corrida, voltando imediatamente atrás de Leclerc, porém com pneus em melhor estado.
Mesmo sofrendo com problemas mecânicos no seu motor Honda, Verstappen diminuiu a diferença para Leclerc em pouco tempo, e logo na primeira oportunidade mergulhou fundo na curva após a grande reta do circuito, ficando pelo lado de dentro e ganhando a posição. Charles tentou dar o troco na reta seguinte, mas Verstappen ocupou bem o espaço fechando a porta para a Ferrari #16 e assumindo de vez a segunda posição.
Dois takes importantes nesse momento: apesar do ano melhor do que o esperado, Verstappen tem reclamado com frequência sobre lag no propulsor da Honda. Ao que parece, o estilo de pilotagem agressivo do holandês não combina muito com a unidade de potência japonesa, e pensando em grandes objetivos, como uma possível luta pelo título mundial, esse obstáculo pode ser um freio e tanto para a Red Bull #33.
Já no lado vermelho, a ausência de ritmo de corrida no carro ferrarista dessa temporada é preocupante. Nesse domingo por exemplo, a Ferrari andou pra trás durante toda a prova, ao ponto de quase perder um pódio para Valtteri Bottas, que largou na última fila! A equipe precisa e muito evoluir nesse quesito, pois ao que parece, Lewis Hamilton ainda segue muito faminto e guiando como nunca pelo lado das flechas de prata.

Depois desse momento, a corrida das equipes grandes deu uma boa esfriada, ao passo em que o pelotão intermediário seguiu pelo outro caminho! Já na segunda metade da prova, Sérgio Pérez fez o seu primeiro pit stop, após incríveis 40 voltas no pneu médio! Mesmo regressando com o composto duro, o ritmo do mexicano continuou forte, e Checo fez uma sequência de boas ultrapassagens, assumindo a oitava posição no grid, atrás apenas de Lando Norris e do top 6 habitual.

Foto: Motorsport.com
O movimento de Checo foi seguido por Daniil Kvyat, que sem ter um ritmo tão forte ficou estacionado no décimo lugar, porém apenas esperando que os pneus da McLaren de Carlos Sainz e das duas Renault chegassem ao seu fim. Dessa forma, Sainz e Ricciardo resolveram se antecipar ao jogo do russo, optando por um pit extra para pneus novos nos últimas 15 voltas, precisando voar nos giros finais para alcançar o top-10.

Essas estratégias resultaram em algumas ultrapassagens e boas lutas por posição, que duraram até as últimas curvas do GP! Pérez conseguiu alcançar Norris, e pressionou até a última volta da corrida. Na freada da grande reta do circuito, o mexicano da Racing Point colocou por fora, e tracionando melhor do que Norris conseguiu sair à frente, ganhando a sétima posição e a vitória simbólica no pelotão intermediário! Grande momento para o piloto, que além de completar seis corridas seguidas marcando pontos garantiu também a 10a posição no mundial de pilotos, terminando exatamente à frente do próprio Norris. Um fim de ano positivo para a equipe Racing Point, que começou a temporada com alguns problemas, mas ao contrário do que acontecia com a velha Force India, teve os recursos necessários para evoluir durante a temporada, e encerrou brigando de igual pra igual com a grande sensação do pelotão intermediário.

Mas a ação não acabou por aí! Sainz e Ricciardo, de pneus novos, alcançaram Hülkenberg, que havia sido ultrapassado por Kvyat e ocupava o décimo lugar àquela altura. Na última volta, Sainz arriscou tudo na freada da grande reta, travando os pneus dianteiros e conseguindo colocar por dentro. Nico tentou voltar, mas com os pneus em mau estado escorregou na saída da curva, perdendo até mesmo o 11o. lugar para seu companheiro, Daniel Ricciardo.
Ano desapontante para a Renault, assim como essa corrida. Com uma das melhores duplas do grid atual, esperava-se que o time francês finalmente fizesse jus à fama de equipe de fábrica, e descontasse a diferença para o top-3. O que se viu foi exatamente o oposto, com um carro muitas vezes incapaz de alcançar até mesmo a McLaren, líder absoluta do segundo pelotão no ano de 2019.
E esse sucesso da McLaren se deve muito ao trabalho que fez Carlos Sainz. O "smooth operator" foi impecável em muitas corridas nesse ano, honrando o próprio apelido. Com uma tocada suave, sem erros, e extremamente consistente, Sainz termina a temporada com um impressionante sexto lugar no mundial de pilotos, à frente de Pierre Gasly e Alex Albon, com ambos pilotando uma Red Bull por parte do ano! Para a primeira temporada na equipe, o ano de Carlos Sainz foi fantástico, e com a tendência de crescimento da equipe McLaren, o desempenho do ainda jovem espanhol só tende a crescer! Olho nele para 2020.

Foto: Motorsport.com
Completando o dia, voltamos nossos olhos aos protagonistas. Valtteri Bottas, lidando com problemas pessoais ocasionados por sua separação, e ainda um resfriado, largou da última fila para incomodar Leclerc na luta pelo pódio! O finlandês teve um desempenho muito melhor na última meia dúzia de volta, o que ilustra o domínio que a Mercedes exerceu sobre a concorrência nessa prova. Para tristeza do finlandês, não teve tempo o suficiente para tentar uma manobra, e Valtteri cruzou a linha exatamente 9 décimos atrás do monegasco.

Antes disso, Verstappen completou num bom segundo lugar, que confirmou a terceira posição no mundial de pilotos para o holandês. Um ano incrível de Max, possivelmente o melhor dele em termos de pilotagem. Mais maduro e mais consistente, Verstappen até cometeu erros desnecessários, como aquele visto na classificação para o GP do México, mas suas boas exibições foram muito mais frequentes e marcantes. A corrida de recuperação na Áustria, o triunfo no caótico GP do Brasil e tantas outras vezes em que Max colocou sua Red Bull numa posição de ataque, mesmo contra a potente Ferrari ou a vencedora Mercedes são dignas de muitos elogios. O talento desse jovem holandês é inegável, e o seu futuro tem tudo para ser brilhante.

E o que falar de Lewis Hamilton. Vitória, de ponta a ponta, com volta mais rápida e ainda o recorde de completar todas as voltas da temporada. Hamilton e Mercedes é o tipo de casamento perfeito que muito raramente acontece na Fórmula 1. A filosofia do time moldou em Lewis a maturidade necessária para o talento nato que ele já tinha, e criou um piloto imbatível nos seus melhores dias. Nessa temporada, Hamilton e a Mercedes deram mais um show, sendo competitivos em todos os aspectos da corrida e literalmente passeando sobre a concorrência.
E parece quem vem mais por aí! Hamilton segue motivado, sem apresentar nenhuma queda em seu rendimento. 2021 ainda é uma incógnita, mas pelo menos para o ano que vem, o inglês tem tudo para seguir competitivo, e com uma Mercedes certamente muito forte, é um grande nome para figurar no topo da classificação.

Confira o resultado do GP dos Emirados Árabes Unidos:

Resultado do GP de Abu Dhabi — Foto: Reprodução/FOM

Bom pessoal, terminamos aqui a cobertura da temporada 2019 da Fórmula 1. Gostaria de agradecer a cada um de vocês que leu nossos textos, acompanhou nossos vídeos no YouTube e se fez presente nessa caminhada. A cada título que termino, o sentimento de satisfação por contribuir com a divulgação dessa categoria maravilhosa que é a Fórmula 1 me deixa imensamente feliz. Boas férias pra todos, e nos vemos novamente em abril pra falar daquilo que mais gostamos nesse mundo, carros de corrida! Abraços, boas festas, e até lá!

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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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1 comments so far,Add yours

  1. Espetacular cobertura amigo Ricardo, é uma honra partilhar o espaço, ler e ouvir seu trabalho sempre!

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