Olá fãs de velocidade! Voltamos nesse domingo para comentar o GP do Japão de 2019, prova que aconteceu num final de semana muito peculiar para os moldes da Fórmula 1: tufão cancelando as atividades no sábado, bem como o terceiro treino livre, e a classificação ocorrendo apenas quaro horas antes da corrida! Em meio a esse turbilhão de acontecimentos, Valtteri Bottas se aproveitou das circunstâncias para vencer a prova, trazendo Sebastian Vettel na segunda posição e um insatisfeito Lewis Hamilton no terceiro lugar. A vitória rendeu à equipe Mercedes a garantia do título mundial de construtores da temporada 2019, a sexta conquista seguida da montadora alemã, dominante absoluta da era V6 híbrida. Confira o que de melhor aconteceu no GP japonês a partir de agora

Foto: Motorsport.com

Depois de um sábado chuvoso e com ventanias, o treino de classificação para a corrida tomou parte na manhã do domingo japonês, ainda noite de sábado no Brasil. As rajadas de vento continuavam fortes, tanto que Kubica e Magnussen bateram na última curva do circuito, ainda nos primeiros minutos do Q1. À parte disso, a grande surpresa da sessão ficou por parte da Ferrari: depois de assistir ao domínio da Mercedes nos treinos livres de sexta, a escuderia italiana se mostrou imbatível no domingo, cravando a primeira fila do grid. Vettel foi o grande destaque, e com uma volta quase perfeita superou Leclerc. Bottas também surpreendeu ao bater Hamilton, enquanto a Red Bull viu seus dois pilotos anotarem exatamente o mesmo tempo, ainda longe das duas equipes de ponta.

Na largada, dois lances capitais e importantíssimos para o desenvolvimento da corrida. Primeiro, a péssima largada das Ferrari, que proporcionou à Bottas a chance de tomar a liderança do GP. Vettel errou o timing ao acelerar o carro, e por muito pouco não queimou a largada, tendo que aliviar o pé por um instante, perdendo muito tempo de arrancada. Dessa forma, Valtteri teve caminho livre para colocar de lado e assumir a ponta antes mesmo da curva 1. Do outro lado, Leclerc tracionou mal, porém Hamilton não encontrou espaço suficiente e teve que tirar o pé, quase perdendo o quarto lugar para a McLaren de Carlos Sainz.
Ainda sobre a largada de Vettel, o movimento foi investigado pela FIA, mas o alemão acabou não sendo punido. A decisão de punir ou não, em caso de largada, é tomada com base em sensores instalados na pista. Esse mecanismo fica localizado na região delimitada pelos colchetes de largada, e ao analisar o replay do lance, fica nítido que Vettel não cruzou a linha branca antes das luzes se apagarem. Dessa forma, o sensor não detectou a informação, e pela regra ser objetiva, não houve punição. Decisão acertada da FIA, afinal (reforçando:) as decisões nesse caso são baseadas no sensor, e não nos replays.

Um pouco mais à frente, na entrada da curva 2, o encontro entre Charles Leclerc e Max Verstappen. Vindo por fora, o holandês foi agressivo e colocou de lado com o monegasco. Por sua vez, Charles perdeu a frente do carro, saindo do traçado normal de pista e enchendo a lateral do carro de Max. O holandês rodou, caindo para o fim do pelotão, enquanto Leclerc teve danos em seu bico, tendo que parar nos boxes para trocá-lo nas voltas seguintes.
Esse lance é um ponto importante para os comissários da Fórmula 1, especialmente para analisar qual será o modo de interpretação do ocorrido. Em pista, não há dúvidas: quem errou foi Charles Leclerc, e por consequência, causou o acidente. Aí que vem o grande questionamento: está mais do que claro que Leclerc simplesmente errou, não causou o acidente propositalmente e jamais se beneficiou do mesmo, visto que também teve danos em seu carro. Será que é mesmo necessário que toda investida sem sucesso seja punida na F1? Eu acredito que não, afinal faz parte do esporte, além de deixar o resultado de pista muito mais natural. Infelizmente, entramos num ciclo em que toda discussão é manufaturada, e há a necessidade de encontrar um culpado (e puni-lo) em todo lance da prova. As vezes, é melhor deixar que as coisas fluam naturalmente, sem tanta interferência externa.
Foto: Motorsport.com
Independente da confirmação da punição, uma bola fora a FIA já deu: colocar a investigação desse incidente para após a corrida é totalmente desnecessário. A opinião dos pilotos não é necessária nessa situação, e além disso, dá um aspecto muito maior de "tapetão" do que as punições em pista. Postergar decisões deve ser evitado o máximo possível, e esse foi um erro bem grave por parte da direção de prova.

Seguindo a corrida, Bottas abria vantagem na liderança, enquanto Hamilton diminuía a distância para Vettel, demonstrando um rendimento superior da Mercedes em relação à Ferrari no ritmo de corrida. Nesse momento, outra decisão importante para os rumos do GP foi tomada: com Vettel antecipando sua primeira parada e partindo obrigatoriamente para uma estratégia de dois pit stops, Bottas teve a preferência do time Mercedes e foi escolhido para replicar o plano de Vettel, parando imediatamente na volta seguinte e assimilando a estratégia de dois pit stops. Hamilton ficou na pista por mais tempo, e à princípio, escolheria um caminho diferente, com apenas uma parada para troca de pneus.

Enquanto Bottas tirava a diferença do líder Lewis Hamilton, algumas boas batalhas movimentaram o meio do pelotão, com destaque para a equipe Renault. Depois de uma sessão de classificação terrível, com Ricciardo ficando ainda no Q1 e Hülkenberg sofrendo com problemas hidráulicos, a equipe francesa entrou para a corrida como grande candidata à decepção do domingo. Porém, com um grande manejo do desgaste de pneus, os dois pilotos conseguiram recuperar posições e logo apareceram na luta por pontos, com Ricciardo chegando inclusive a andar na quinta posição! Uma boa forma de recuperar a moral e salvar alguns pontos, apesar de que a Renault ainda não parece no nível da concorrente McLaren.

Voltando para o pelotão de frente, Hamilton fez seu pit stop antes que Bottas o alcançasse. Agora com um jogo de pneus médios, a ideia inicial era de que Hamilton fosse até o fim da prova nesse mesmo set, enquanto Bottas apertasse o ritmo e abrisse vantagem perante Hamilton que o permitisse um novo pit stop para chegar ao final de prova com pneus em boas condições. Mas o planejado não saiu como o esperado.

Bottas até conseguiu controlar a distância para Vettel, mantendo-a na faixa de dez segundos. Porém Hamilton foi se aproximando gradativamente, de maneira que quando Bottas e Vettel realizaram seu segundo pit stop, o inglês se viu novamente na liderança da prova! Mesmo com os compostos mais macios e mais novos, Bottas passou as primeiras voltas do seu terceiro stint sem conseguir diminuir de forma consistente a vantagem de nove segundos que Hamilton tinha construído. Com apenas 10 voltas para o fim da prova, a chance de uma batalha entre as duas flechas de prata era completamente possível. E foi pensando nisso que a equipe liderada por Toto Wolff mudou os planos e chamou Hamilton para uma segunda parada.

Foto: Motorsport.com
Trocando para um novo jogo de pneus macios, Hamilton retornou na terceira posição, apenas 5 segundos atrás de Vettel e deixando caminho livre para que Bottas pudesse vencer a corrida.
É correto afirmar que Hamilton venceria a prova caso não tivesse parado? Não. Existia a possibilidade dos pneus degradarem-se repentinamente, deixando o inglês sem condições de se defender nas últimas cinco voltas. Porém, Lewis já havia avisado pelo rádio que queria vencer a prova, e com certeza não venderia a posição fácil para Valtteri. Da mesma forma que o finlandês estava sedento por uma vitória, depois de uma fase difícil no campeonato, perdendo de vez o contato com Hamilton na disputa pelo título. De fato, depois do que aconteceu no campeonato mundial de 2016, a equipe Mercedes sempre se mostrou muito mais precavida quanto à disputas internas, e o que aconteceu nesse GP do Japão foi mais uma prova disso. Buscando manter o ambiente pacífico entre os pilotos e evitar qualquer chance de desentendimento, a Mercedes optou por um pit extra para Hamilton, mesmo que isso lhe custasse uma dobradinha.

Nesse tipo de situação, não há um conceito claro de certo ou errado, especialmente pela posição em que equipe e piloto se encontram no campeonato. Mesmo perdendo três pontos, a equipe alemã sagrou-se hexacampeã mundial de construtores, e Lewis Hamilton tem o seu hexacampeonato cada vez mais próximo. A equipe Mercedes fez a escolha mais conservadora, sacrificando parte do resultado para evitar qualquer mínimo atrito possível, mas também porque sabe que o resultado deve pouco influenciar na classificação final do campeonato.
Interessante notar essa abordagem do time, e principalmente, imaginar ela acontecendo também nos próximos GPs. Mesmo com o título confirmado, o grande compromisso da Mercedes é manter o bom convívio dentro do time, e isso só se estabelece em uma relação onde não há brigas por posição e grandes disputas entre os pilotos. Nesse momento, acredito que é impossível vislumbrarmos Lewis e Valtteri brigando entre si por títulos ou vitórias. A equipe escolherá alguém de acordo com as circunstâncias, e há que aceitar que tal tática é válida dentro do jogo.

Antes de irmos ao encerramento, cabem algumas menções. Elogios às corridas de Pierre Gasly e ambas as Racing Point. Depois de um início de ano fraco, Lance Stroll vem demonstrando evolução, e consegue ao menos acompanhar o ritmo do companheiro de equipe Sergio Pérez. Checo por sua vez conseguiu um grande nono lugar depois de ficar no Q1 no treino de classificação. E a nona posição veio de maneira totalmente inusitada: Pérez bateu com Gasly na última volta, o que o tiraria da prova. Mas, um dos sinais gráficos do circuito "bugou" e mostrou a bandeira quadriculada uma volta antes do previsto. Como manda o regulamento, assim que qualquer sinal de bandeira quadriculada é mostrado, o GP é declarado como encerrado. Dessa forma, a prova teve 52 e não 53 voltas completas, com o mexicano assegurando a nona posição mesmo terminando com o carro no muro. Bizarro!

Foto: Motorsport.com
Sobre Gasly, mais uma vez o francês mostrou um bom desempenho no carro a Toro Rosso. O que pesa contra Pierre é a experiência péssima no primeiro semestre com a Red Bull. Gasly fez exatamente o contrário que Albon está fazendo atualmente, que é apenas se livrar das confusões e terminar como o pior dos carros de ponta. O francês não é mau piloto e tem demonstrado isso, talvez não tinha a maturidade necessária para uma equipe vencedora no momento. Uma pena, pois qualquer passo adiante na carreira será sempre visto com muita desconfiança.

Na frente, Valtteri Bottas cruzou em primeiro, completando a sexta vitória da carreira. O finlandês deu também à equipe Mercedes seu sexto título seguido no mundial de construtores, confirmando um hegemonia invicta na era dos motores V6 híbridos. Um domínio histórico, que tem seus méritos e que será lembrado para sempre nas páginas da Fórmula 1. Agora é hora de aguardar as próximas corridas, que devem reservar a confirmação de mais um hexacampeonato, dessa vez o de Lewis Hamilton, no mundial de pilotos.

O inglês lidera o mundial de pilotos com 338 pontos contra 274 de Valtteri Bottas. A briga pelo terceiro lugar é interessante e tem Charles Leclerc na "liderança" com 221 pontos ganhos, seguido por Max Verstappen e Sebastian Vettel, ambos empatados com 212. Carlos Sainz com 76 e Pierre Gasly com 73 pontos completam o top 7.

Nos construtores, a Mercedes garantiu o título com 612 pontos contra 433 da Ferrari. A Red Bull aparece em terceiro com 323 pontos, enquanto a McLaren vem isolada na quarta posição com 111 pontos, 34 à frente da Renault, com 77.

Confiram a classificação do GP do Japão:

Resultado final do GP do Japão — Foto: Reprodução/rede social
Foto: Twitter/FIA
*Charles Leclerc foi punido com 15 segundos, perdendo a sétima posição para Daniel Ricciardo. 

Por hoje é só pessoal! Voltamos daqui a duas semanas com o Grande Prêmio do México! Abraços e até lá!



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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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