Olá fãs da velocidade! Voltamos nesse domingo com mais um texto sobre Fórmula 1, dessa vez falando sobre o GP da Itália, tradicionalíssima etapa do mundial, sendo realizada como de costume no circuito de Monza. Favorita para a prova, a Ferrari arrastou uma multidão de fãs para o autódromo, e os espectadores viram um show de pilotagem de Charles Leclerc. Largando da pole, o jovem piloto da Ferrari segurou Hamilton durante boa parte da prova, e no final não deu chances para Bottas se aproximar, conquistando dessa forma a segunda vitória seguida na temporada! Tem ainda um desempenho extraordinário da Renault, Vettel entrando em parafuso mais uma vez e muito mais. Confira conosco o texto da corrida de hoje a partir de agora.

Foto: Motorsport.com

Com treinos livres realizados debaixo de chuva e pista úmida, a decisão da pole position no sábado veio de maneira bem incomum. Graças ao valor imenso que o vácuo tem na pista italiana, ninguém quis liderar o grid na busca pela volta mais rápida, e dessa forma sete dos 9 pilotos restantes no Q3 não conseguiram sequer iniciar a sua segunda tentativa na sessão! A cena um tanto bizarra favoreceu Charles Leclerc, que tinha sido o mais rápido na primeira tentativa, e dessa forma partiria da pole. Hamilton e Bottas fecharam o top 3, com Vettel saindo apenas da quarta posição.

A largada da prova ocorreu sem maiores incidentes. Hamilton partiu bem do grid e conseguiu esboçar uma luta pela ponta, mas o motor Ferrari de Leclerc falou mais forte e o monegasco contornou a curva 1 em primeiro. As posições seguintes permaneceram inalteradas, e a única confusão aconteceu no fim do grid. Max Verstappen, que partira de 19o. devido à uma troca de motor acabou surpreendido por um "congestionamento" à frente, perdeu o ponto de freada e quase acertou a traseira de Sergio Pérez. O holandês teve seu bico danificado e precisou ir aos boxes na primeira volta, comprometendo de vez uma corrida que já era muito difícil.

Ainda nas primeiras voltas da prova, um dos lances mais comentados desse fim de semana, e que inevitavelmente pode influenciar também no desempenho das próximas corridas. Enquanto contornava a variante Ascari, Sebastian Vettel simplesmente perdeu o controle do carro sozinho, rodando na pista e parando atravessado na área de escape. A lambança, que já era das maiores, não parou por aí. Ao tentar voltar para a pista, o alemão simplesmente ignorou a presença dos demais carros no traçado, retornando imediatamente à frente de Lance Stroll. O resultado foi um toque com o canadense, que fez a Racing Point de Lance rodar na pista e quebrou a asa dianteira do carro de Seb, que teve de parar nos boxes. Minutos depois, a direção de prova puniu Vettel (de forma muito justa)  com um stop/go de 10 segundos. Stroll, que na sequência fez manobra semelhante à de Vettel, recebeu um drive through.
Entra GP, sai GP e cá estamos nós discutindo mais uma trapalhada de Vettel. Há tempos que Sebastian não emplaca uma corrida forte, sem sucumbir à pressão dos adversários e entregando resultados esperados. O erro desse domingo é mais uma pedra no caminho das decepções que Vettel vem trilhando, e esta com um peso ainda maior: na GP de casa da sua equipe em que o companheiro saiu como vencedor.

Foto: Motorsport.com
Muito se fala sobre o carro ferrarista encaixar melhor no estilo de pilotagem de Leclerc, mas no fim do dia o que importa são os resultados. Nesse domingo, Vettel tem mais um baque forte na sua carreira pela Ferrari, e complicadas pistas se aproximando no calendário, a possibilidade de recuperação diminui bastante. Falar em demissão pra 2020 é ainda muito fora da realidade, afinal Vettel fez excelentes temporadas em seus primeiros anos pela Scuderia, e ainda tem certa moral com o time. O fato é que o futuro de Leclerc como líder da Ferrari nas próximas temporadas está muito bem encaminhado, e Vettel parece não ser uma ameaça para isso.

Seguindo a prova, Hamilton e Bottas mantiveram uma curta distância para Leclerc durante todo o primeiro stint. O monegasco não conseguiu se desgarrar como alguns imaginavam, deixando o panorama da corrida ainda bastante aberto. Com pneus que começavam a perder rendimento, Hamilton parou nos boxes ainda antes da volta 20, pressionando Leclerc a fazer o mesmo no giro seguinte. Sabendo da dificuldade em cuidar dos pneus, a Ferrari optou pelos compostos mais duros no carro #16, diferentemente da Mercedes, que colocou pneus médios no carro #44. Sem obter sucesso na tentativa de undercut, Hamilton aparecia agora atrás de Leclerc, porém com pneus que proporcionavam melhor aderência. Dessa forma, Lewis só tinha uma escolha: passar Leclerc em pista e abrir uma vantagem sólida, que desse a oportunidade do inglês gerir bem o desgaste de pneus.

Necessitando a manobra, Lewis tomou a iniciativa logo de cara, forçando o ritmo desde as primeiras voltas atrás de Charles. Porém, o monegasco estava num dia inspirado, e mesmo com os pneus mais duros conseguiu resistir ao ataque de Hamilton. Enquanto os dois seguiam em sua corrida particular, Valtteri Bottas ocupava a liderança provisória da prova, e se desenhava como candidato à vitória em uma outra vertente. Permanecendo muito mais voltas em pista antes do pit stop, Bottas deveria ter pneus muito melhores no final de prova, o que poderia propiciar ao finlandês a oportunidade de lutar pelas primeiras posições. Mais uma grande corrida se desenhava em frente ao nossos olhos!

E enquanto as primeiras paradas iam acontecendo, dois abandonos acabaram por encerrar boas corridas no meio do pelotão. Carlos Sainz, que ocupava um grande sexto lugar, saiu dos boxes com a roda dianteira esquerda solta e teve que parar o carro logo na saída do pit. Algo muito parecido pois um fim repentino à prova de Daniil Kvyat, que havia mesmo herdado o sexto lugar do espanhol. Uma pena, especialmente no caso do russo, que precisa de resultados para garantir um lugar no grid em 2020. Para Sainz, fica a frustração de um bom resultado que ficou pelo caminho. Apesar de ainda ser o líder do pelotão intermediário no mundial de pilotos, o crescimento da Renault pode ameaçar essa posição, e principalmente, colocar em risco o valioso quarto lugar no mundial de construtores, ainda ocupado pela equipe McLaren.

Inclusive, precisamos falar e muito do grandioso desempenho da equipe francesa em Monza! Muito rápida desde a classificação no sábado, a Renault cravou a terceira fila no grid de largada, continuando com o bom desempenho também no domingo. Hülkenberg chegou a ocupar a quarta posição na primeira volta, mas acabou ultrapassado por Vettel, e logo depois não ofereceu resistência ao companheiro Ricciardo, que vinha num ritmo levemente mais rápido. O australiano foi ainda favorecido pelo VSC causado por Sainz, o que o deixou com uma enorme vantagem de cerca de 15 segundos sobre o companheiro de equipe, numa tranquila e isolada quarta posição. Hülkenberg manteve-se em quinto, mas sem vida fácil. O alemão precisou conter o avanço de Alexander Albon, especialmente na parte final da corrida, para aí sim garantir a quinta posição.
Um resultado expressivo, animador e de certa forma imponente da equipe francesa. Num circuito aonde potência no motor é tudo, os dois carros renderam de forma inquestionável, trazendo o melhor resultado para a Renault em toda a década de 2010! Com sete corridas para o fim do campeonato, o quarto lugar no mundial de construtores é ainda alcançável para a equipe amarela. A chave para o sucesso pode estar na consistência, o maior ponto em que o time deixa a desejar nessa temporada. Para se ter uma ideia disso, a Renault pontuou com seus dois carros em apenas 3 dos 14 GPs até aqui! Repetir boas atuações em dose dupla certamente reduzirá a diferença para a adversária McLaren, ajudando o time a alcançar o posto de quarta força. O crescente sucesso do time também liberará mais dinheiro dos cofres da montadora, o que pode resultar em carros mais competitivos no futuro, e a possibilidade de retornar ao grandes dias do passado.

Foto: Motorsport.com
Voltando à parte da frente da corrida, o duelo entre Leclerc e Hamilton seguia à todo vapor. Os dois pilotos andaram no limite o tempo todo, e ambos merecem muitos elogios. Leclerc por conseguir manter o ritmo e a distância para o adversário mesmo no miolo do circuito, onde a Mercedes é notoriamente mais veloz que a Ferrari; já Hamilton fez um papel brilhante em seguir o carro da frente por tantas voltas seguidas sem cometer nenhum erro sequer! Mesmo com a forte turbulência dos F1 atuais, Lewis manteve pressão o tempo todo, tentando forçar um erro do pupilo ferrarista. Mas Leclerc se manteve firme, até a volta 40.

Nesse momento, o monegasco travou os pneus na curva 1, espalhando e tendo que "cortar caminho" pela chicane. Leclerc perdeu tempo, e deu a possibilidade de Hamilton atacar na freada para a curva 4. O inglês conseguiu colocar de lado, mas Charles jogou duro e disputou a freada com Lewis. Hamilton colocou duas rodas na grama, saiu da pista e acabou perdendo contato com Leclerc. A direção de prova deu bandeira preta e branca, um sinal de advertência, para o piloto do carro #16 por "se mover durante a freada".
Lance absolutamente normal de corrida! Apenas uma disputa dura pela posição, como deve ser no ápice desse esporte. Talvez até mesmo a advertência tenha sido exagerada, afinal foi Hamilton quem mergulhou tentando a manobra. Leclerc não teve nenhuma atitude deliberada em tentar atrapalhar o piloto inglês. À parte disso, há que se destacar os "culhões" de Leclerc nessa manobra. Dividir curva com um pentacampeão mundial não é pra qualquer um! Um momento de afirmação de Charles, que parece aprender com as lições que a Áustria lhe deixou ainda mais cedo nessa temporada.

A tentativa de Hamilton foi praticamente o último suspiro de seus pneus médios. Uma travada logo na sequência fez com que Lewis perdesse a segunda posição para Bottas, e logo perdesse também o contato com os líderes da prova. Acabou não sendo um bom domingo para o inglês, mas ele talvez tenha sido o menor dos culpados. A estratégia da Mercedes não foi das melhores, tendo em consideração que a ultrapassagem sobre um carro veloz em retas é sempre mais difícil, mas claro, o grande empecilho para que Lewis conquistasse o triunfo neste manhã foi o ritmo forte e constante que Leclerc conseguiu imprimir.

Mas nem a batalha com Hamilton trouxe sossego absoluto para Charles! Com pneus mais macios e mais novos, era a vez de Valtteri Bottas encurtar a diferença para o monegasco. Valtteri fez um bom trabalho, diminuindo a diferença constantemente e salvando uma distância de aproximadamente cinco voltas para tentar a manobra. Porém, aí que entra o ingrediente dos pilotos diferenciados. Enquanto Hamilton andou voltas a fio quase embutido na traseira de Leclerc, Bottas errou nas duas oportunidades em que conseguiu usar o DRS para pressionar Leclerc. Perdendo o ponto de freada na reta principal, o finlandês perdeu muito tempo na saída para a Curva Grande, e dessa forma não teve condições de sequer tentar uma manobra.

Foto: Motorsport.com
Não é necessariamente uma crítica ou um atestado de incompetência para Valtteri. O fato é que Bottas, apesar de muito consistente nos domingos e pontualmente rápido nos sábados, ainda não tem o tal do "instinto de campeão", aquela capacidade quase mágica de se sobressair em momentos de extrema pressão ou de protagonizar grandes ultrapassagens. Hoje, foi basicamente isso que lhe faltou para vencer a corrida, e de forma geral é isso que lhe falta para brigar pelo título.

No final, vitória de Leclerc, que extravasou ao cruzar a linha de chegada! A comemoração exagerada une vários fatores que moldaram a trajetória de Charles até aqui: desde o azar nas primeiras corridas do ano até as perdas, pessoais e profissionais, que tiraram inclusive a emoção da primeira vitória da carreira em Spa, aliada a uma atmosfera espetacular em Monza, que não via uma vitória ferrarista desde 2010 com Fernando Alonso. Um momento muito especial na carreira do menino, que cai de vez nas graças da torcida, mídia e até mesmo da equipe italiana, fazendo uma corrida extremamente sólida nesse domingo.
Agora, Leclerc entra de vez na briga pela terceira posição no mundial de pilotos, ultrapassando inclusive seu companheiro Sebastian Vettel. Ao que tudo indica, Charles deve realmente assumir o posto de líder da equipe, especialmente para a próxima temporada. Cada vez mais maduro em pista, o monegasco vem evoluindo desde o início da temporada, e com uma decadência cada vez mais escancarada de Vettel tem tudo para ser a grande aposta da Ferrari para o título mundial de 2020.

Com o segundo lugar, Bottas diminuiu a distância para Hamilton no mundial de pilotos. O inglês segue líder, agora com 63 pontos de vantagem sobre o companheiro (284 a 221). Verstappen aparece em terceiro após bos prova de recuperação hoje, com 185 pontos ganhos. Leclerc é o quarto, com 182, e Vettel o quinto, com 169.

Nos construtores, a Mercedes segue absoluta com 5050 pontos, contra 351 da Ferrari e 266 da Red Bull. A McLaren aparece em quarto com 83 e a Renault em quinto com 65.

Confira a classificação do GP da Itália:

Resultado final do GP da Itália de Fórmula 1 — Foto: Reprodução/FOM

Por hoje é só pessoal. Nos vemos daqui a duas semanas com o Grande Prêmio de Cingapura! Abraços e até a próxima!


Se inscreva em nosso canal no Youtube: TV Jovens Cronistas e confira nossos conteúdos esportivos, destacando o "JC Esportes" toda segunda, com a a rodada do Brasileirão e o mundo esportivo no final de semana, divulgue para os amigos! 

Curta nossa página no Facebook: Jovens Cronistas!, siga-nos no Insta: @jcronistas
Compartilhe:

Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

Deixe seu comentário:

0 comments so far,add yours