Olá fãs de velocidade! Voltamos nesse domingo para comentar o GP da Alemanha, sem dúvidas a mais surpreendente da temporada até aqui! A pista úmida em Hockenheim provou-se um desafio para pilotos e equipes, estas que sofreram na hora de escolher os pneus certos para cada momento da corrida. Muitas rodadas, abandonos e ultrapassagens numa corrida que se tornará épica para a categoria! No fim, vitória de Max Verstappen, a segunda do holandês na temporada, se isolando na terceira posição do mundial de pilotos. Vettel completou uma recuperação de encher os olhos, fechando na segunda posição, seguido de Daniil Kvyat, num pódio histórico para a Toro Rosso-Honda. Confira os melhores momentos dessa frenética prova a partir de agora.

Foto: Getty Images


Depois de um sábado já muito movimentado, as expectativas para a largada cresciam a cada minuto! Partindo de uma pole position inesperada, Hamilton teria a concorrência de Verstappen, que largava da segunda posição. Conhecidos por sua grande habilidade na pista molhada, o duelo entre os dois prometia grandes emoções.
E quem ansiava ainda mais pela chuva era a equipe Ferrari. Depois de um sábado desastroso, com os dois carros sofrendo com problemas mecânicos, o time italiano via nessas circunstâncias a possibilidade de recuperação. Apesar de maiores chances, o caminho de maneira nenhuma seria fácil: Leclerc largava do décimo lugar, enquanto Vettel partia de último. Mas, quando se corre em meio ao spray dos carros de Fórmula 1, o impossível vira mero detalhe...

Veio a hora da largada. Mas, com a pista ainda bastante molhada, a direção de prova optou por realizar as primeiras voltas do GP atrás do safety-car, para só depois autorizar os pilotos à largada. A decisão é questionável, mas vale ressaltar um progresso com relação às provas dos últimos anos: ao invés de eliminar a largada parada após o período de SC, os pilotos repetiram a formação tradicional e partiram ao apagar das luzes, proporcionando toda a emoção característica desse momento do GP. Dessa forma, quem é competente para tracionar bem diante de situações adversas (como a de pista molhada) acaba sendo recompensado. Uma decisão cautelosa, porém interessante da direção de prova, já que deu aos pilotos mais tempo para entenderem as condições de pista e evitarem acidentes, mas manteve intacto um momento determinante para o andamento da corrida.

Quando apagaram-se as luzes, Hamilton partiu bem e manteve a ponta, ao contrário de Max Verstappen! O holandês patinou nos primeiros metros e se viu superado por Kimi Räikkönen e Valtteri Bottas, terminando o primeiro giro na quarta posição. Logo atrás de Max, seu companheiro Pierre Gasly pareceu atrapalhado pela péssima partida do holandês e acabou despencando no grid. Mais atrás, os dois carros da Ferrari começavam o que parecia um show particular: Leclerc ganhava 4 posições, enquanto Seb ultrapassava seis carros, tudo isso numa única volta! O monegasco cruzou em sexto, já Vettel aparecia na 14a posição.

As condições de pista ainda estavam bastante desafiadoras, e a ausência do famoso 'trilho' tornava ainda mais difícil tracionar os carros nas saídas de curvas. Foi desse veneno que provou Sergio Pérez. O mexicano deu o pé muito forte no miolo do circuito, perdeu a traseira e foi de encontro ao muro, causando o primeiro safety-car do dia. Com as condições mudando rapidamente, quase todos os pilotos do grid optaram pelo primeiro pit-stop para colocarem os pneus intermediários. Dentre as exceções estava Kevin Magnussen, que assumiu a segunda posição! Apesar de toda a confusão no pitlane, Hamilton seguia líder, com Bottas na terceira posição.

Hora da relargada, e Hamilton a conduziu com perfeição. Mais atrás, Magnussen e seus pneus de chuva extrema iam ficando pelo caminho, provando que os intermediários eram a solução para aquele momento.
Foto: Motorsport Images
Com um já característico bom ritmo na chuva, Hamilton construía uma sólida vantagem de seis segundos para o companheiro de equipe Valtteri Bottas. Na terceira posição, Verstappen tentava pressionar o finlandês, chegando a colocar sua Red Bull #33 de lado no hairpin. Sem conseguir a manobra, o holandês começava a enxergar Leclerc cada vez mais perto: àquela altura, Charles já ocupava a quarta posição, e estava à espera de uma jogada de mestre para incomodar os líderes da prova. E ela veio!

Quando o motor Renault de Ricciardo explodiu no meio da reta oposta, o Virtual Safety Car apresentou uma oportunidade de ouro para quem estivesse na posição de pista oportuna. Os frágeis pneus intermediários já começavam a desgastar, e quem conseguisse entrar nos boxes sem perder tempo conquistaria uma grande vantagem para as próximas voltas. A Ferrari esteve atenta à essa movimentação e chamou Leclerc imediatamente, assim como a Renault fez com Hülkenberg. Novos jogos de intermediários deram aos pilotos a chance de acelerar ainda mais, e com um rendimento visivelmente melhor, Charles e Nico se tornaram rapidamente os mais velozes em pista.

A previsão era de garoa para os próximos minutos, porém a pista continuava seca em alguns setores, o que desgastava ainda mais os pneus intermediários dos três primeiros. Graças aos pneus novos, Leclerc conseguiu reduzir a diferença de Verstappen para a casa de três segundos, e com um pit stop iminente dos líderes, se via em excelente posição. Quando Magnussen arriscou e colocou pneus slicks, outra possibilidade se abriu e as atenções se voltaram para os tempos de volta da Haas #20. A garoa não chegou, e então todas as equipes resolveram trocar para pneus de pista seca, numa escolha que se mostrou um tanto quanto afobada.

O setor 3 da pista, muito sinuoso e mais estreito que o restante do circuito, estava ainda muito úmido, o que colocou os pilotos em maus lençóis. O primeiro a rodar foi Max Verstappen, em lance que lhe custou a chance de tomar o segundo lugar de Valtteri Bottas. Kimi Räikkönen também saiu, agora na última curva do circuito. Nessa área da pista, a área de escape da curva estava especialmente alagada e lisa, tornando uma simples escapada quase fatal para qualquer piloto que por aí errasse.

Apenas alguns instantes depois, Norris teve problemas mecânicos em sua McLaren e precisou abandonar, ocasionando outro VSC. Novamente em boa posição de pista e atenta à corrida, a Ferrari chamou Leclerc para os boxes e colocou pneus slicks no carro do monegasco, o devolvendo na segunda posição, pouco mais de 10 segundos atrás de Lewis Hamilton, ainda de pneus intermediários! Com todos os pilotos trocando para os pneus de seco, era justo imaginar Leclerc líder da prova e com pneus novos, no que seria uma tacada de mestre da Ferrari. Mas o que parecia um conto de fadas e a primeira grande sorte de Charles no ano, virou rapidamente um pesadelo. A última curva de Hockenheim pegou de surpresa o prodígio Ferrarista, que escapou e foi parar na área de escape inundada, perdendo o controle do carro e se chocando com a barreira de pneus. Leclerc ficou preso na caixa de brita, abandonando por aí mesmo o GP. Crueldade com o menino, que errou sim mas nem pode ser cobrado por isso, afinal o número de escapadas naquela posição do circuito foi quase incontável, tanto é que outro protagonista também ficou por lá mesmo!

Foto: Motorsport Images
Depois do acidente de Leclerc, Hamilton se viu com uma enorme vantagem para o segundo colocado, e a Mercedes resolveu chamá-lo para o box, colocando um jogo de pneus slicks no lugar de intermediários que já somavam mais de 20 voltas. O plano parecia ter dado certo, com Hamilton voltando ainda na primeira posição, porém Lewis não contava com a armadilha da última curva... Mais uma escapada, rodada na área de escape indirigível e choque com a barreira de pneus. Hamilton ainda conseguiu manter o carro vivo, escapando da caixa de brita e levando sua Mercedes #44 para os boxes, mas a equipe não estava pronta para a emergência e o inglês perdeu quase um minuto para a troca por novos pneus intermediários. A rodada de Hamilton mostrou que os slicks não eram os melhores pneus para o momento, levando todos os carros de volta ao pit para novos intermediários. Um caos total!! Assim que a ordem foi restabelecida, Verstappen apareceu em primeiro, seguido por um surpreendente Nico Hülkenberg na segunda posição! Bottas aparecia em terceiro, com Albon em quarto e Lewis Hamilton apenas em quinto. O timing que a Ferrari teve com Leclerc não foi repetido com Vettel, que seguia lutando para entrar na zona de pontuação.

Depois de um breve período de safety-car, a relargada foi tranquila para Max Verstappen. Aos poucos, Bottas foi tirando a vantagem de Hülkenberg até conseguir completar a ultrapassagem. O alemão via sua posição no pódio em risco, sofrendo pressão também de Lewis Hamilton, que aparecia na quarta posição. Mas agora o maior desafio não era propriamente a briga, e sim a luta para manter o carro dentro da pista. Logo depois de ser ultrapassado pelo inglês, Hülk não sobreviveu às condições desafiadoras de Hockenheim, batendo na mesma curva onde Leclerc e Hamilton viam suas corridas irem pelo ralo.
Com tantas intercorrências no mesmo local, é justo isentar os pilotos de maiores julgamentos e críticas. Porém, condições adversas existem no esporte, e estão aí justamente com o propósito de evidenciar quem possui maior talento. Não há motivos para condenar a drenagem do circuito de Hockenheim ou o material usado na construção da área de escape, afinal não é por ela que o piloto deve andar, e sim pelas linhas que delimitam a pista. É compreensível que os pilotos fiquem zangados com o erro e deixem que as emoções tomem conta, porém repito: não houve nada de errado com a pista nesse domingo. Não há quem culpar pelos erros se não os próprios pilotos que aí rodaram.

Depois da uma primeira metade frenética, atingíamos 50% da corrida sem a certeza de absolutamente nada! O top 3 era formado por Verstappen, Bottas e Hamilton, mas nessa altura o inglês já havia sido punido com 5 segundos por cortar o caminho da entrada dos pits. Muitos recordam de um lance no GP 2018 de Hockenheim, muito semelhante com o que aconteceu nesta manhã, questionando o porquê das duas decisões terem sido diferentes. A interpretação dos comissários foi que a manobra de Lewis em 2018 não ocasionou perigo aos demais carros da pista, o que está de certa forma correto, enquanto no GP desse ano, sem a presença do safety-car físico e com condições de pista muito mais críticas, Lewis foi muito mais imprudente, merecendo de fato a punição. Logo atrás do inglês, Albon e Sainz levavam STR e McLaren à quarta e quinta posições, num feito inimaginável. Vettel aparecia agora em sexto, subindo aos pouquinhos e ganhando confiança para chegar ainda mais longe na corrida.

Foto: Motorsport Images
Logo depois da relargada, Stroll apareceu na pista com pneus slicks, e mais uma vez no domingo, era hora do caos no pitlane! Todos correram pelos pneus de pista seca, já que o trilho estava formando em todo o circuito e não havia previsão de chuva até o final da prova. Dessa vez a aposta funcionou, e quem colocou os slicks primeiro se deu bem! Stroll chegou a assumir momentaneamente a liderança da prova, mas foi ultrapassado por Verstappen na mesma volta. Quem aparecia na terceira posição era Daniil Kvyat, o que dava a dimensão da loucura que os fãs de automobilismo presenciaram! Bottas retornou apenas no quarto lugar, enquanto Hamilton caiu para fora da zona de pontuação.

O que já era um fim de semana terrível para a Mercedes se transformou numa catástrofe! Primeiro, Lewis Hamilton rodou sozinho na curva 1, caindo para a última posição entre os que restavam na corrida. Enquanto isso, Bottas seguia tendo dificuldades em alcançar Stroll, o que levou o finlandês a ir além do seu limite. Também na curva 1, Valtteri pisou for do trilho, perdeu a traseira e deu em cheio na barreira de pneus, abandonando a prova!
Valtteri saiu muito desapontado do carro, enquanto Lewis ainda parecia muito abatido nas entrevistas pós corrida. O fim de semana, que seria de comemoração pelos 125 anos de envolvimento da Mercedes com o automobilismo, se transformou num inferno astral poucas vezes vivido pelo time alemão, e que pode ser uma armadilha para uma espiral negativa. Com a próxima corrida acontecendo em Hungaroring, as altas temperaturas ressuscitam os fantasmas de superaquecimento no carro do time alemão, que pode ter problemas à vista. As corridas em Monza e Spa, com grandes retas, tendem a favorecer a potência do motor Ferrari, trazendo um horizonte negro para as flechas de prata. Será crucial que o time não volte a cometer erros, caso contrário a disputa pelo título de pilotos pode voltar a existir.

Graças ao acidente de Bottas, Vettel estava agora numa posição quase inimaginável no início da prova e perfeita para completar seu dia de superação. Depois de um sábado desapontante, Sebastian aparecia em P5, com Sainz, Stroll e Kvyat à sua frente! O bom rendimento dos pneus macios na Ferrari #5 já estava comprovado desde os treinos livres, e a chance de um pódio épico se apresentava diante dos olhos de Vettel! Se sentindo mais confiante do que nunca, o alemão aproveitou o apoio da torcida e efetuou manobras cirúrgicas nas últimas 5 voltas, escalando as posições que pode e alcançando um segundo lugar muito especial.
As circunstâncias colocaram Vettel nessa posição de ataque, mas o fato do alemão ter conseguido aproveitar esse momento, especialmente da maneira com ele aconteceu, saindo do fundo do grid, ressuscitaram a confiança que Vettel tinha na sua pilotagem, como ele mesmo comentou na entrevista pós corrida. Esse tipo de acontecimento pode devolver o piloto à sua melhor forma, o que leva à melhores resultados. Hockenheim pode ser o turning point de Vettel nesse ano, e ao oposto do que foi em 2018, pode trazer ventos melhores para Seb.
Esse mesmo raciocínio pode ser usado para analisar o momento de Valtteri Bottas. Sim, Hamilton também teve um fim de semana péssimo, e em partes, isso isenta alguma culpa de Valtteri no seu acidente. Porém, tendo uma oportunidade única de diminuir a vantagem como hoje, Bottas não pode se dar ao luxo de errar, ainda mais sozinho, numa pista já muito melhor daquela onde Hamilton perdeu o bico. A pressão agora em cima do finlandês é enorme, e o fantasma de Ocon volta com uma força ainda maior. Bottas precisa de uma segunda metade de campeonato perfeita, caso contrário, Esteban deve ter um novo emprego em 2020.

Enquanto tudo isso acontecia, Verstappen foi preciso nas últimas voltas. Abriu uma distância segura, ficando longe de todo o alvoroço das últimas voltas. Guiou com cuidado, sem assumir riscos desnecessários, e rumou para mais uma vitória na temporada, a segunda nas últimas três corridas. Momento forte da Red Bull-Honda e especialmente de Verstappen, que vem guiando num nível excepcional. Falar em título é ainda muito prematuro, e possivelmente um tanto inimaginável, já que as falhas da Mercedes não costumam se repetir. Mas o holandês está aí, aproveitando as oportunidades que os concorrentes deixam, e se elas seguirem aparecendo, a Red Bull vem forte para a briga!

Foto: Motorsport.com
Resta ainda citar outra das coisas inimagináveis dessa corrida: depois de ultrapassar Lance Stroll, Daniil Kvyat controlou bem seu ritmo e terminou num fantástico terceiro lugar, devolvendo a Toro Rosso ao pódio, algo que não acontecia desde a vitória de Vettel em Monza-2008. O pódio da superação, de um piloto que foi literalmente chutado pela Red Bull, parecia com a carreira acabada depois de uma série de acidentes e apareceu no momento certo para fazer história! Grande domingo para Kvyat, será lembrado para sempre na história da Fórmula 1.

Dentre as mais variadas surpresas da prova, os demais classificados merecem todos um destaque especial: Stroll, Sainz e Albon, nessa ordem, terminaram nas posições seguintes ao pódio e conquistaram seus melhores resultados da temporada. Graças à punição de 30 segundos das Alfa Romeo, a Haas levou Grosjean ao sétimo lugar e Magnussen ao oitavo, somando importantíssimos pontos para o campeonato.
A punição ao time italiano também proporcionou à Robert Kubica alcançar o décimo lugar, marcando um improvável ponto para a Williams, mesmo que o polonês tenha terminado à frente apenas de seu companheiro George Russel na classificação. Uma corrida absurdamente maluca, essa é a palavra!

À todos que nos acompanham aqui no Jovens Cronistas, espero que tenham desfrutado desse domingo. Um GP que teve de tudo, terminou com três caras sorridentes no pódio e um sentimento totalmente especial no coração de quem ama velocidade. Esse tipo de corrida não acontece sempre, então apreciem estas últimas horas desse dia especial! Daqui a uns 10 anos, vamos ter o prazer de poder afirmar: "eu vivi o GP de Hockenheim 2019!"

Com Verstappen, Vettel e Kvyat no pódio, nada mudou nas primeiras posições do campeonato mundial de pilotos. Hamilton segue líder, agora com 225 pontos. Bottas vem em segundo com 184, apenas 22 à frente de Verstappen, com 162. Vettel aparece com 141, enquanto Charles Leclerc tem 120 pontos ganhos. O pódio levou Kvyat aos 27 pontos, ficando na oitava posição geral, atrás apenas de Sainz na luta pelo "melhor do resto". O espanhol tem uma boa vantagem, já que soma 48 pontos ganhos.

Nos construtores, a Mercedes segue líder com 409 pontos, seguida pela Ferrai com 261 e pela Red Bull com 217. A McLaren se consolidou como quarta força, chegando aos 70 pontos, enquanto a Toro Rosso aparece em quinto com 42 pontos ganhos contra 39 da Renault!

Confira a classificação do GP de Hockenheim 2019: 
Resultado final do GP da Alemanha — Foto: Reprodução/FOM
Foto: Divulgação/F1
* Räikkönen e Giovinazzi tiveram 30 segundos acrescidos ao tempo total de prova devido à irregularidades no procedimento de largada.

Por hoje é só pessoal! Nos vemos semana que vem para o Grande Prêmio da Hungria. Hora de recarregar as energias depois dessas grandes emoções! Abraços e até lá!!



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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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