Virar jogador de futebol profissional no Brasil é quase como ganhar na loteria. Ser bem sucedido após a carreira também. As glórias de um jogador de futebol geralmente são medidas pela sua popularidade diante da opinião pública, altos salários e privilégios, para citar alguns dos principais fatores. Porém, a carreira de um futebolista dura pouco e o "pé de meia", expressão popular dada à poupança que muitos não conseguem fazer durante esse período, nem sempre é suficiente para as fases posteriores à atuação dentro das quatro linhas. 


"Vai bater direto Betão. Autorizado, partiu, bateu! Gooooooolaço do Sport! Betão na cobrança de falta. O goleiro não viu por onde a bola passou. O Sport abre o marcador aqui no Estádio Alejandro Villanueva. Um para o Sport, zero para o Aliança". A descrição é do gol marcado por Roberto Taylor do Santos, o Betão, maior lateral direito da história do Sport Club do Recife, na narração de Natan Oliveira.

Em sua carreira, Betão passou por grande times como: Internacional, Santos, Botafogo e Sport. Ele viveu seu auge na década de 80. Em 1983, foi convocado para a seleção brasileira, em um dos maiores momentos do nosso futebol, e, em 1987, esteve entre os campeões brasileiros daquele ano pelo Sport, no maior título da história do clube pernambucano. "É o sonho de todo atleta. Isso não tem preço", diz ele sobre os momentos únicos que vivenciou.


Em pé, terceiro da direita para a esquerda, Betão, ex-lateral do Sport e da Seleção Brasileira; foto: Acervo Pessoal
Uma hora, no entanto, o sonho acabou, e a vida "comum" começou pra valer. Com 56 anos, Betão já está habituado ao pós-carreira, porém, ele alerta para os riscos no período de transição. "Para jogadores que não se preparam (para parar de jogar), o começo é muito difícil. Tem muitos que ficam fora de si, desesperados, então tem que se preparar mentalmente. Tudo muda!", explica, acrescentando que o tratamento recebido é outro após a carreira como jogador. "As pessoas te tratam diferente e se você não se preparar para isso é muito chocante".

Desde quando encerrou a carreira como jogador, há mais de 20 anos, Betão continuou ganhando a vida com o futebol, como fazem muitos ex-atletas. Ele conta que até tentou empreitadas fora do esporte, mas sem sucesso. "Tive um ou dois projetos com outras coisas, mas acabou não dando certo, aí eu voltei para o futebol".

O ex-jogador já treinou a base do Sport, foi auxiliar em uma equipe profissional de Santa Catarina com Biro-Biro e, atualmente, é professor na Associação Desportiva Polícia Militar - Adpm, clube da zona leste paulistana, onde está desde 2001, e no Juventus da Mooca, em uma escolinha voltada para a profissionalização no futebol, há seis anos. Em ambos os casos, Betão lida com crianças e adolescentes em aprendizado.


 Betão em uma de suas aulas de futebol na escolinha da ADPM; foto: Gervásio Henrique
Outro integrante do time que deu ao Sport o maior título de sua história, foi o ex-zagueiro Cláudio.

Hoje com 55 anos, ele tem um centro esportivo com escolinha de futebol e natação em sua cidade natal, Recife. Cláudio também agência jovens jogadores.

Na mesma linha de Betão, o ex-atleta alega que é importante trabalhar o psicológico e entender a nova realidade da vida ao encerrar a carreira como jogador de futebol e começar uma nova atividade.
Betão e Cláudio ao lado dos companheiros em homenagem aos campeões brasileiro de 1987 pelo Sport; foto: Divulgação/Sport Recife
"Alguns demoram a entender, a aceitar que a partir da aposentadoria eles são cidadãos iguais a todos e que não terão mais afagos e holofotes. É difícil essa fase, porque ficamos meio perdidos e as vezes quando acorda o tempo passou e não se conseguiu realizar outras atividades".

Cláudio encerrou a carreira aos 31 anos, após o fim de suas perspectivas profissionais no futebol, pois àquela época estava jogando em times menores e isso não o realizava. Quanto ao motivo que o levou a escolher o que faz até hoje ele destaca. "Por não ter feito um planejamento durante a carreira, resolvi que seria mais fácil iniciar em um ramo ligado ao que aprendi, ou seja, na área esportiva".

Time do Sport, campeão brasileiro de 1987; foto: Sport Recife/ Divulgação
O caminho pelo qual Betão e Cláudio trafegam os deixam em uma condição privilegiada: são poucos os atletas que tiveram sucesso na transição entre a carreira futebolística e a aposentadoria. Não por acaso dizem felizes com o que fazem.

É dessa forma que o grande desafio de um jogador de futebol, mesmo com certa relevância, é se preparar para uma nova vida, pois, como dizem: "o jogador de futebol morre duas vezes".



Gols de Betão pelo Sport 
Para começar uma jornada inédita é preciso percorrer uma estrada pavimentada e trabalhar por isso envolve uma dificuldade certamente maior do que se chegar a uma seleção brasileira ou mesmo ganhar na loteria.


Rádio.Doc: Jogador de Futebol - Um sonho do futebol




Produzido por Reta Final, grupo acadêmico integrado por:

Adriano Garcia – Jornalista 
Claudio Porto – Jornalista (texto)
Gervásio Henrique – Jornalista (texto)
Júlia Sanchez – Jornalista (reportagem de campo)
Renan Salles – Jornalista
Valter Silva – Jornalista (Locução) 
Victor Ricardo – Jornalista




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Redação

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