Olá fãs da velocidade! Estamos de volta para comentar o GP da França de 2019, a oitava prova do calendário da Fórmula 1 desse ano. Com uma exibição irretocável, o atual campeão mundial Lewis Hamilton esteve imparável neste domingo, liderando a corrida de ponta a ponta e esticando ainda mais sua colossal vantagem na liderança do campeonato. O grande destaque da prova ficou por conta do meio do pelotão, que apresentou uma McLaren muito competitiva e uma briga de tirar o fôlego nas voltas finais. Confira conosco tudo o que de melhor aconteceu no GP francês:

Foto: Divulgação/Pirelli

A largada para a corrida aconteceu sem grandes tumultos e reviravoltas. Hamilton partiu muito bem e Bottas sequer conseguiu pressionar o companheiro. Já Verstappen tracionou mal e teve que se defender de Sainz, deixando caminho livre para Norris, porém o britânico calculou mal o ponto de freada, perdendo a posição para ambos os adversários.

Com um rendimento forte, os carros da McLaren até ameaçaram uma pressão sob Ma Verstappen nas primeiras voltas do GP, mas a ordem rapidamente foi restabelecida, com o holandês abrindo mais de 5 segundos para Sainz. Logo atrás, quem aparecia tentando ganhar espaço era Sebastian Vettel. Depois de estar no centro das atenções no final de semana passado, o alemão teve um péssimo treino de classificação no sábado, errando uma de suas tentativas e terminando numa modestíssima sétima posição. Após algumas voltas de pressão, Seb conseguiu as manobras em cima de Norris e Sainz, assumindo assim a quinta posição da prova.
Muito se discute sobre a atual fase de Vettel e seu possível futuro, tanto na Ferrari como na própria categoria. O fato é que Leclerc vem provando seu potencial, e à medida que os erros se sucedem, Vettel vai perdendo sua vaga de primeiro piloto, deixando de ser um bom negócio para os italianos (devido à seu alto salário). Hoje, o alemão tem contrato até 2020, o que dificulta uma transferência já no final dessa temporada, mas não o torna impossível. Um retorno à Red Bull se apresenta como possibilidade, já que o time austríaco está longe de satisfeito com as péssimas exibições de Gasly; porém o fator Max Verstappen pode inibir os ímpetos de Seb em retornar ao time dos energéticos. Dessa forma, uma outra nuance ganha destaque: estaria Vettel pensando em aposentadoria??
Acredito que essa possibilidade não pode ser descartada! Obviamente estamos tratando de boatos, porém sabemos que Seb nunca foi fã de uma vida agitada, preferindo a calmaria de casa e sua família. Agora casado, já experimentando o sabor de quatro títulos mundiais e de guiar pela lendária Scuderia, Vettel pode perfeitamente largar mão do agito e da pressão do mundo da F1 já no final desse ano, deixando vago um assento pra lá de cobiçado...

Com os carros bem espaçados, a corrida seguiu sem muitas alternativas até o início da rodada de pits. Cuidando bem dos pneus, ambos os carros da Mercedes foram os últimos do top 5 a fazerem suas paradas, enquanto Vettel ensaiou um stint mais longo, desistindo logo após uma forte travada. Sem alterações na ponta do pelotão, é hora de prestar atenção no meio do grid! E a briga entre as forças intermediárias estava até interessante: com estratégias diferentes, Stroll, Hülkenberg e Räikkönen apareciam todos na zona de pontuação, ainda de pneus duros. Com suas primeira parada já feitas, as McLaren apareciam logo atrás, tentando cuidar dos seus pneus e procurando manter-se dentro de uma janela confortável para a parte final da prova.

Foto: Motorsport.com
Lá na frente, Lewis Hamilton seguia na liderança sem nenhuma ameaça do companheiro Valtteri Bottas. Uma sequência de voltas mais rápidas no início de seu stint com os pneus duros colocou Lewis com uma vantagem de quase 12 segundos sobre Valtteri, ilustrando um final de semana de respeito do piloto inglês. Depois da pole no sábado, Hamilton foi claramente superior em ritmo de corrida, se mostrando muito mais à vontade com o carro e sem exigir demais dos pneus. Um triunfo categórico, que coloca em xeque a moral de Valtteri Bottas para o resto da temporada.
O finlandês que teve um bom começo de ano começa a entrar na sombra do companheiro, o que deve deixá-lo abalado. Da mesma forma com que Lewis foge na tabela de classificação, o constante melhor rendimento de Hamilton parece minar a confiança de Valtteri, deixando a disputa pelo título ainda mais complicada pelo lado de Bottas. Não dá pra cravar nada em junho, mas as coisas estão fugindo do nível que Bottas pode entregar.

Chegamos na fase final da corrida, e com tudo praticamente decidido na ponta, a briga pelo sétimo lugar foi quem roubou os holofotes. Depois de uma corrida muito forte, Lando Norris teve problemas hidráulicos em sua McLaren, perdendo rendimento e permitindo a aproximação de Daniel Ricciardo. O australiano trazia consigo Kimi Räikkönen, da Alfa Romeo, e o companheiro de Renault Nico Hülkenberg, com ambos os pilotos usando pneus médios nessa fase da corrida.

Após um breve VSC nas últimas voltas, Ricciardo trouxe a diferença para menos de um segundo logo quando entrava no último giro, dando indícios que a batalha iria mesmo acontecer. Na última passagem pela reta Mistral, Ricciardo pegou o vácuo de Norris e colocou de lado, ficando por fora na primeira perna da chicane. Daniel quase completou a manobra dentro da pista, porém acabou escapando, colocando as quatro rodas na área de escape. Inteligente, Räikkönen viu tudo de camarote e aproveitou o momento certo para ultrapassar os dois adversários! Ricciardo deu o troco, e na segunda parte da reta Mistral colocou de lado para ultrapassar o finlandês, novamente indo com as quatro rodas além da faixa que delimita a pista. Depois de todo esse rebuliço, Ricciardo terminou em sétimo, seguido (nessa ordem) por Räikkönen, Hülk e Norris. MAS, algumas horas depois do fim da prova, os comissários da FIA decidiram punir Ricciardo pelas duas manobras no fim de prova, acrescentando um total de 10 segundos ao tempo de prova do australiano e o relegando ao 11o. lugar na classificação geral.

Pois bem, começamos pela primeira manobra, ainda na chicane da Mistral. Ricciardo tenta colocar por fora, mas não consegue manter o carro na pista e vai para a área de escape. Dessa maneira, a manobra que ele efetuaria sobre Norris se torna ilegal, já que o mesmo não conseguiu completá-la em pista. Porém, o ponto determinante é outro: a punição aplicada ao australiano foi por "retornar a pista de maneira insegura, forçando outro carro para fora", e aí pode haver um erro.
Norris estava no lance e viu que Ricciardo havia escapado, logo poderia imaginar que Daniel iria retornar a pista naquela posição, mas ignorou a presença da Renault, fazendo a tangência normal de corrida. Há que se entender que o lance é complicadíssimo e abre espaço para várias justificativas e interpretações. Particularmente, entendo a decisão dos comissários e a julgo coerente, mas a minha interpretação é diferente (no que diz respeito a punição aplicada). Norris poderia ter feito uma tangência mais aberta, deixando espaço para Ricciardo retornar à pista e ainda assim mantendo sua posição, desta forma não sendo atrapalhado pelo australiano. Agora sobre a ultrapassagem, uma vez que ela foi completada usando partes além dos limites de pista, ela torna-se ilegal.

Essa observação responde também o segundo lance polêmico dessa fase da prova, envolvendo a ultrapassagem de Ricciardo sobre Kimi Räikkönen. Claramente, o australiano coloca todo o seu carro sobre a parte pintada de azul, que demarca a área de escape de Paul Ricard, e graças a isso completa a manobra. Punição justa e sem a necessidade de discussão, uma vez que o regulamento especifica claramente esse tipo de situação.
Foto: Motorsport.com
Aqui, cabe também um parênteses: muitos fãs de Fórmula 1 ainda estão com a história de Montreal viva na cabeça, e acabaram por assimilar os comissários da FIA como vilões do esporte e que sacramentam a "morte da F1". Calma, pessoal...
A segunda manobra de Ricciardo é claramente uma infração ao regulamento e também pra lá de injusta com Räikkönen! Qualquer ultrapassagem por fora da pista sempre foi punida, não tem porque mudar esse julgamento nessa ocasião. A mesma abordagem vale para a discussão de que "ah, mas a corrida foi chata, o domínio da Mercedes assassinou a categoria". Recomendo que as pessoas procurem na Wikipedia os resumos das temporadas mais antigas e analisem os resultados. A Fórmula 1 é uma categoria regida por períodos de dominação! Desde os longínquos anos 1960 já existiam temporadas de um homem só, e vejam, o esporte segue sendo o cume do automobilismo mundial desde então! Existem outras categorias que visam justamente entregar a competitividade que a Fórmula 1 não tem, e estas podem ser um bom refúgio para quem procura apenas isso. Mas diminuir toda a história e o peso do campeonato pelo simples fato de que uma equipe e um piloto vem se mostrando quase imbatíveis é um tanto quanto imediatista.

Antes de encerrar, algumas menções importantes: grande corrida de Charles Leclerc na Ferrari #16! O monegasco manteve um ritmo próximo de Bottas durante todo o GP, e por muito pouco não conseguiu a ultrapassagem nos minutos finais (isso graças a um problema no motor do carro do finlandês). Boa exibição de Charles, que vai construindo sua reputação na Ferrari.
E no outro extremo, tinha que estar Pierre Gasly! O francês da Red Bull completou mais um final de semana horrendo, dessa vez diante de sua própria torcida. Classificando em nono e terminando em décimo primeiro, Gasly não foi capaz de acompanhar o ritmo os carros do meio do grid, enquanto Max passou por cima de problemas para terminar num bom quarto lugar. É simplesmente impossível defender o francês até o momento, e totalmente sem sentido defender sua permanência para 2020. Resta saber se Albon está pronto para o desafio ou o time terá que ir ao mercado. A segunda opção me parece bem mais provável!

No final, bandeira quadriculada para Lewis Hamilton, que faturou uma tranquila 79a vitória na carreira, a quarta seguida no campeonato! Bottas fechou em segundo com Leclerc na sua cola. No mundial de pilotos, Hamilton lider com 187, enquanto Bottas apareceu já muito atrás, com apenas 151. Na terceira posição vem Sebastian Vettel com 111, enquanto Verstappen tem 100 pontos e Leclerc 87.

Nos construtores, tudo na mesma, Mercedes lidera folgada com 338, com a Ferrari em segundo com 198 e a Red Bull em terceiro com 137. McLaren com 40 e Renault com 32 fecham o top 5.

Confira a classificação final do GP da França*:

Resultado final do GP da França — Foto: Reprodução/FOM
Foto: Reprodução/FOM
*Ricciardo foi punido com 10 segundos e caiu para o décimo primeiro lugar.


Por hoje é só pessoal! Espero vocês na semana que vem para comentar sobre o GP da Áustria, Grande abraço e até lá! 
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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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