Olá fãs da velocidade! Voltamos nesse domingo para comentar o GP da Espanha de 2019, quinta prova do mundial de Fórmula 1 desse ano. Retornando à pista onde ocorreram os testes de pré-temporada, havia certa expectativa em torno da Ferrari repetir o desempenho dominante de alguns meses atrás, mas quem se impôs no fim de semana foram as flechas de prata da Mercedes. Primeira fila cravada no sábado e dobradinha no domingo, com Lewis Hamilton triunfando sobre Valtteri Bottas. Max Verstappen fez outra corrida extremamente sólida, completando o pódio na terceira posição. Confira o que de melhor aconteceu no GP espanhol:



Depois de uma pole position absurda no sábado, colocando mais de meio segundo em cima de Lewis Hamilton, Bottas chegava confiante para o início da corrida. É justo dizer que o finlandês vem incomodando Hamilton em vários aspectos, e esse é o primeiro passo para conseguir derrotar Lewis. Mostrar-se competitivo o bastante para colocá-lo em situações desconfortáveis e sob pressão foi a receita que deu o título de 2016 à Nico Rosberg, e é com certeza um ingrediente fundamental para Valtteri manter-se na disputa pelo caneco esse ano. Do outro lado da equipe, Hamilton veio para a prova ciente de que necessitava ultrapassar Bottas na largada, pra dominar a corrida e restabelecer a ordem de primeiro piloto dentro do time. Objetivo claro, que se traduziu nos primeiros metros de prova.

Hamilton tracionou melhor e conseguiu ficar lado a lado com o companheiro. Largando na 3a posição, Vettel se aproveitou do vácuo de Bottas e decidiu ir pro tudo ou nada na curva 1, extrapolando o limite do ponto de freada. Por dentro, Hamilton esteve em vantagem e completou a manobra sem grandes problemas, assumindo a primeira posição. Já Bottas viu-se ensanduichado entre a Hamilton e Vettel, que aquela altura já travava o pneu dianteiro esquerdo. Mesmo com dificuldades, o finlandês conseguiu segurar o carro, sem provocar nenhum toque. Vettel espalhou na curva 1, deixando com que Bottas seguisse seu caminho na 2a posição. Ao voltar para a pista, Vettel demorou patinou levemente, permitindo a Charles Leclerc a possibilidade de atacar. O monegasco porém julgou mal o espaço e acabou tendo que frear para não colidir com seu companheiro de equipe. Quem aproveitou bem foi Max Verstappen, que em poucos metros completou uma ultrapassagem dupla nas Ferrari, subindo para a terceira posição.

Ainda nas primeiras voltas, Hamilton imprimiu um ritmo forte, decidido a deixar o companheiro de equipe para trás. A diferença rapidamente subiu para a casa dos cinco segundos, deixando Bottas numa situação complicada para o restante da corrida. Enquanto isso, um pouco mais atrás, Vettel pagava o preço pela ousadia da primeira volta. Com um pneu desgastado por conta da travada, o alemão não tinha ritmo para se livrar de Leclerc, que já colocava pressão em Seb. Depois de algumas voltas preso atrás do companheiro, Vettel finalmente abriu para a ultrapassagem de Charles, que a essa altura já estava por volta de sete segundos atrás de Verstappen. Decisão confusa dos italianos, mas calma, ficaria ainda pior...

Com pouco menos da metade de prova concluída, Sebastian Vettel foi o responsável por inaugurar a primeira rodada de pits. O alemão voltou a pista com os compostos médios, dando indícios de que deveria parar mais uma vez antes do final da prova. Na volta seguinte, foi a vez da Red Bull chamar Max Verstappen, a princípio uma tentativa de cobrir a estratégia do alemão, mas não foi exatamente essa a lógica do time austríaco. Notando um rendimento melhor de seu carro com os pneus macios, Verstappen decidiu repetir o composto de seus primeiro stint, retornando a pista ainda com pneus macios, e por tabela sendo obrigado a realizar outro pit stop.

Leclerc seguiu mais algumas voltas na pista até trocar para os pneus duros, entregando a estratégia de apenas uma parada. Com muita tranquilidade na liderança da prova, as Mercedes de Bottas e Hamilton foram para suas paradas apenas próximo da metade do GP, com ambos os pilotos trocando para os pneus médios.

A corrida seguiu morna, sem nenhuma briga ou acontecimento importante em pista durante todo seu estágio intermediário. Apesar da monotonia, podemos usar essas "condições normais de temperatura e pressão" pra analisar o desempenho bastante satisfatório de duas equipes em especial: Haas e Toro Rosso. Com seus carros nas quatro melhores posições do chamado grupo 'melhor do resto', ambos os times mostraram ter um carro muito bem acertado para um circuito que possui várias características importantes para o decorrer do campeonato. Especialmente a Haas, que classificou na 7a e 8a posições, pode sair de Barcelona com um sorriso no rosto, e com as expectativas infladas para o restante do ano.

Com a prova já se encaminhando para seu final, a ação voltou a aparecer no Circuit de Montmeló. Primeiro novamente com a dupla da Ferrari, dessa vez sendo Sebastian Vettel pressionando Charles Leclerc. Já próximo de sua parada, o alemão encontrou o companheiro que acabara de retornar a pista com os pneus mais duros do fim de semana. Precisando ganhar tempo, Vettel não teve dúvidas em partir para cima de Charles, este que não aliviou em nenhum momento. Aí notamos um certo descompasso na equipe: se Vettel deixou o monegasco passar sem resistência no início da prova, por que não retribuir agora?
Mas tudo bem, afinal a equipe poderia ter decidido não interferir na briga que valeria um pódio (no caso de Vettel ir até o final sem mais pit-stops). Vettel seguiu em cima por mais um par de voltas, até que, na entrada da curva 5 do circuito, Leclerc tira o carro do traçado habitual, dando passagem para o alemão. Nesse momento, fica evidente qual é o problema, já crônico, na equipe Ferrarista. A ausência de liderança e rumo de direção.
Fica evidente que não há um planejamento, não existe sequer um plano de ação da equipe para a corrida em si. Primeiramente, Leclerc perdeu o bom rendimento que tinha com os pneus macios ao ficar tempo demais preso atrás do companheiro, e logo depois, Vettel sofreu do mesmo problema!
Como já sugerido aqui no blog, apenas uma mudança de cultura no time italiano é capaz de devolver a equipe aos dias de glória. Leclerc tem esse perfil e pode sim liderar a equipe nesse processo, mas não agora. É preciso ter paciência, esperar o garoto se adaptar ao cotidiano de time grande, e principalmente, sem blindá-lo excessivamente.
No que diz respeito a atual temporada da Ferrari, simplesmente não há um prognóstico de melhora, isso porque os erros em si não são estruturais, mas sim organizacionais. O time Ferrari como um todo leva um banho, corrida após corrida, de competência tática e técnica da equipe Mercedes, e nesse caso, até mesmo da Red Bull! Ficou nítida nesse GP a falta de planejamento de estratégia e a consciência do que acontecia em pista por parte dos italianos. Levando em consideração tudo isso, creio já ser possível afirmar que, mais uma vez, a Ferrari joga a sua temporada no lixo, e simplesmente por não conseguir trabalhar os seus próprios defeitos, que se repetem, corrida após corrida e ano após ano.

Pouco depois da intercorrência dos carros vermelhos, foi a vez de Lando Norris e Lance Stroll darem um pouco mais de emoção à prova. Ao dividirem a curva 1, ambos os pilotos foram otimistas demais, com Norris forçando uma ultrapassagem por fora, e Stroll principalmente por ignorar a presença do britânico ao contornar a segunda perna da curva. O resultado foi um safety-car, que juntou todo o pelotão, prometendo interessantes disputas nas últimas voltas.

Mas, boa parte da ação não saiu da expectativas não saiu do papel! Com uma relargada perfeita, Hamilton pulou bem na frente de Bottas, que quase chegou a perder a posição para Verstappen, mas rapidamente recuperou o andamento. Na quinta posição depois de mais uma parada para troca de pneus, Leclerc teve que se defender de Gasly, ainda em busca de encontrar um ritmo adequado para a Red Bull.

No fim, ainda teve tempo para uma disputa empolgante entre as Haas! Magnussen e Grosjean resolveram deixar os mecânicos do time americano de cabelo em pé depois de tocarem roda com roda por duas vezes seguidas! Lance um tanto até irresponsável dos pilotos, e que teve consequências, com o francês perdendo rendimento e terminando apenas no décimo lugar, perdendo pontos preciosos no campeonato.

Na linha de chegada, vitória soberana de Lewis Hamilton, com Valtteri Bottas completando a 5a dobradinha em cinco corridas para o time alemão. Mais um final de semana perfeito para a equipe, aproveitando-se da vantagem que possui em aquecer os pneus e sem dar chance para o azar. Nada parece abalar as flechas de prata nessa fase do campeonato. Completando o pódio, Max Verstappen levou a Red Bull Honda para mais um pódio, reassumindo inclusive a terceira posição no mundial de pilotos! Um início de ano muito forte de Max, que mostra o excelente nível de pilotagem no qual Verstappen vem guiando. Um piloto cada vez mais maduro e com uma consciência de corrida mais apurada, Max vem aproveitando as brechas que a Ferrari concede, e mostrando para a Red Bull que só precisa de um carro capaz para lutar pelo título.

Com a vitória de hoje, Lewis Hamilton reassumiu a liderança do campeonato, pulando para 112 pontos; Valtteri Bottas aparece logo atrás em segundo, com 105 pontos ganhos. Na terceira posição vem Max Verstappen com 66, contra 64 de Vettel e 57 de Leclerc.
Nos construtores, a Mercedes lidera com 217 contra 121 da Ferrari. Uma diferença completamente absurda para esse estágio da temporada! Na terceira posição temos a Red Bull, com 87 pontos ganhos.

Confira a classificação do GP da Espanha: 

Resultado - GP da Espanha - 2019 — Foto: Reprodução/Twitter

Por hoje é só pessoal! Nos vemos daqui a duas semanas com o GP de Mônaco. Forte abraço e até lá!
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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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