Olá fãs da velocidade! Estamos de volta para comentar o GP do Azerbaijão de 2019, quarta etapa do mundial de Fórmula 1 desse ano. Depois de nos presentear com GPs muito movimentados nos anos anteriores, a expectativa para a corrida no traçado que corta a cidade de Baku estava lá em cima, ainda mais depois da excelente sessão de qualificação no sábado. Com erros em várias partes do circuito (destaque para a famosa "curva do Castelinho"), a promessa era de ao menos um safety car no domingo, e a chance de alguma grande reviravolta marcar a história desse GP. Infelizmente, as expectativas não se concretizaram, mas isso não significou uma manhã de domingo monótona! Uma exibição fortíssima das Mercedes culminou na vitória de Valtteri Bottas, seguido de muito perto por Lewis Hamilton! Vettel apareceu pra completar o pódio, enquanto Sergio Pérez liderou a Force India a uma excelente sexta posição! Acompanhe conosco o que de melhor aconteceu na corrida de hoje:


Na hora da largada, as expectativas pelo que faria a dupla da Mercedes eram grandes. Brigando pela liderança do campeonato e num circuito estreito como o de Baku, as chances de toque eram gigantes! E eu garanto que todo fã de velocidade quase pulou no lustre com as duas primeiras curvas do GP... Depois de partir melhor do grid, Hamilton colocou de lado com Bottas, que não aliviou e se manteve por fora na primeira curva. A disputa seguiu, e a mesma cena se repetiu na curva 2, com Hamilton tendo que segurar o carro no braço para não atingir o companheiro! Apenas na saída da curva 3 que o piloto inglês decidiu recolher, ainda assim tentando nova manobra sobre Valtteri, mas sem sucesso. Uma grande demonstração de perícia e respeito entre os pilotos, o que é muito interessante visto o histórico de Hamilton em situações de companheiros combativos. Um momento alto na prova, que evidenciou a boa fase do finlandês, não deixando-se intimidar pelo pentacampeão, além de demonstrar o respeito mútuo que existe entre a dupla de pilotos. Resta saber se ele vai durar até o fim da temporada...

Com o passar das primeiras voltas, as diferenças foram estabelecidas e o ritmo dos pilotos se consolidou. Era notável uma superioridade da Mercedes em relação à Sebastian Vettel, que não conseguia se acertar com seus pneus macios e já aparecia mais de 8 segundos atrás de Lewis Hamilton, este que tinha apenas 3 segundos de desvantagem frente a Valtteri Bottas. Mais atrás, no meio do grid, Charles Leclerc vinha literalmente voando! Com pneus em teoria mais lentos que os macios, a Ferrari #16 do monegasco colocava quase 1 segundo por volta sobre os líderes, num desempenho que parecia até um pouco mentiroso.

A primeira rodada de pits veio cedo, pouco depois da volta de número 10. Por estar com os compostos médios, Charles foi o único do top 5 a permanecer na pista, assumindo assim a ponta da corrida. Enquanto isso, Bottas, Hamilton, Vettel e Verstappen voltaram à pista nessa ordem, todos calçando os mesmos pneus médios presentes no carro do monegasco. Dessa forma, o rendimento mágico de Leclerc chegou ao seu fim, e devido à maior idade dos seus pneus, Charles começou inclusive a perder rendimento a partir da volta número 15, tornando-se presa iminente para as flechas de prata.

Leclerc teve um fim de semana altos e baixos. Depois de liderar com folga os primeiros treinos livres, o monegasco fez um excelente tempo no Q1, e parecia ter tudo sob controle no Q2, conseguindo uma volta rápida mesmo com pneus médios, mais lentos para a classificação mas que (em teoria) seriam mais vantajosos para o primeiro stint de prova. Foi aí então que Charles exagerou. Mesmo com um tempo quase garantido, Leclerc tentou melhorar sua volta com o pneu já usado, acabou travando na curva do Castelinho e foi de encontro à barreira de proteção, encerrando aí seu sábado. Um erro bobo, de principiante, que não pode passar despercebido.
Erro esse o responsável por colocar Leclerc nessa situação de corrida, tendo que arriscar para tentar se tornar uma ameaça. Culpar a Ferrari e a estratégia questionável pelo desempenho do piloto é ignorar os fatos e deixar a torcida subir à cabeça.
Leclerc é ainda muito jovem, demonstra ter uma maturidade maior do que muitos pilotos em sua idade, mas não parece estar pronto para ser campeão mundial. Cheguei a citar após o texto do Bahrein que Charles poderia ser o ponto de equilíbrio para o time italiano, já que Sebastian Vettel não estava conseguindo lidar com a pressão. Pois bem, ao que parece, talvez ele ainda não esteja nesse nível.
A auto-exigência é sim um pilar importantíssimo nesse tipo de esporte, mas é preciso controlá-la em certas ocasiões, afinal nem tudo pode ou deve ser falado aos quatro cantos. Xingar a si mesmo no rádio é uma atitude quase que instintiva de Leclerc, o que mostra que ele ainda não consegue controlar totalmente seus pensamentos e atitudes dentro do cockpit, o que pode não ser muito bom quando colocado sob algumas situações de pressão.
Lembrando sempre: a crítica não é ao estilo de pilotagem de Leclerc, ou uma afirmação menosprezando o talento do garoto. Acredito que ainda falta aquele 'Q' a mais de piloto vencedor no monegasco, algo que certamente virá com o passar das corridas. Portanto, vamos segurar um pouquinho a empolgação com o garoto. Seus resultados são bons, mas nada que o credencie a um patamar superior. Pelo menos por enquanto...

Chegando na metade da prova, é hora de mudarmos um pouco o foco e dar aquela passadinha no meio do pelotão, sempre com histórias bacanas de se observar. Dessa vez, o ponto a ser destacado é Sergio Pérez. O mexicano da Racing Point teve um final de semana praticamente perfeito dentro do possível! Após uma classificação excelente, tendo conquistado a quinta posição graças aos problemas de Gasly e Leclerc, Pérez manteve a posição na largada e conseguiu imprimir um bom ritmo durante a corrida, o suficiente para frear o avanço de ambas as McLaren, estas que também foram gratas "surpresas" no final de semana.
Depois de algumas intercorrências nas primeiras etapas do ano, finalmente Carlos Sainz teve um final de semana limpo e conseguiu demonstrar seu valor. Beneficiado após os problemas em ambos os carros da Sauber, Sainz partiu da nona posição e logo no princípio da prova superou Daniil Kvyat e o companheiro Lando Norris para chegar ao sétimo lugar, do qual nunca foi efetivamente ameaçado. Logo atrás, Norris aparecia em oitavo, consolidando um domingo bacana para a McLaren, uma força a se notar na disputa pelo quarto lugar no mundial de construtores.

Entrando na fase decisiva da corrida, os últimos acontecimentos de destaque tomaram forma. Primeiro, a trapalhada federal de Daniel Ricciardo, que além de calcular mal o ponto de freada acabou abalroando a lateral do carro de Kvyat ao engatar a marcha ré, num dos lances mais bizarros dos últimos tempos. Além disso, vale também citar o problema de motor no carro de Pierre Gasly. Mais um ponto de exclamação para a equipe Red Bull, que parece ainda um degrau abaixo do nível de confiabilidade necessário para lutar pelo título.

Com a parada de Leclerc, o top 5 ficou então em sua situação real de prova, com Bottas liderando uma pequena margem para o segundo colocado Lewis Hamilton. Com poucas voltas para o final, o inglês tentava forçar ao máximo para diminuir a distância do companheiro, e por vezes conseguiu se aproximar perigosamente! Mas faltava apertar o gatilho na hora certa, sair colado o suficiente para unir o vácuo a asa móvel na grande reta do circuito e completar a manobra. Graças a um trabalho muito bem feito por parte de Valtteri, somado a uma dose de sorte pelos retardatários que cruzaram seu caminho na hora certa, Bottas conseguiu segurar Lewis, que sequer conseguiu colocar lado a lado para tentar de fato uma ultrapassagem.

Final de prova e mais uma dobradinha da Mercedes, a quarta em quatro corridas! Aproveitamento de 100% para um time que desempenha de maneira irrepreensível, tanto dentro como fora das pistas. Só elogios à equipe de Brackley. Na terceira posição, cruzou um Sebastian Vettel desapontado, que vê a necessidade de uma mudança de mentalidade na equipe Ferrari. Até agora, os italianos simplesmente não conseguiram se equiparar ao nível de profissionalismo e competitividade que a Mercedes vem impondo. Nada a não ser uma mudança drástica de atitude pode salvar o 2019 ferrarista, e se conhecemos bem as coisas em Maranello, nada deve mudar tão cedo.
Destaque final para Kimi Räikkönen, que mesmo largando do pit-lane após ser desqualificado da classificação aproveitou-se dos abandonos para chegar na décima posição, sendo o único piloto fora das equipes grandes a ter pontuado em todas as corridas. Grande Kimi!

Após o GP do Azerbaijão, Valtteri Bottas reassumiu a liderança do campeonato, chegando a 87 pontos contra 86 de Lewis Hamilton. Sebastian Vettel aparece em terceiro com 52 pontos enquanto Max Verstappen continua na sua cola com 51. Leclerc vem na quinta posição, com 47 pontos ganhos.

Nos construtores, a colossal vantagem da Mercedes subiu ainda mais! Agora são 173 pontos dos alemães contra 99 da Ferrari, que vem na segunda posição. A Red Bull aparece no terceiro lugar com 64, enquanto McLaren (18 pontos) e Racing Point (17 pontos) disputam a quarta posição!

Confira como terminou o GP do Azerbaijão:

Nós voltamos daqui a duas semanas com o GP da Espanha. Abraços e até lá!!
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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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