Olá fãs da velocidade! Estamos de volta e pela última vez em 2018 para falar de Fórmula 1! Nesse domingo, ocorreu em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) o grande encerramento da temporada da categoria. O evento foi basicamente uma grande festa de despedida, já que ambos os campeonatos já estavam decididos. Com a presença de muitas celebridades e uma série de homenagens à Fernando Alonso (este que fazia seu último GP na F1), a Liberty Media caprichou na divulgação de postagens comemorativas pelas redes sociais. É um novo tempo no aspecto comercial da Fórmula, e que pode ajudar muito a tornar a categoria ainda mais reconhecida mundialmente.

Foto: Getty Images

Ainda falando sobre despedidas, alguns outros pilotos também davam adeus à legados construídos durante anos. Os mais notáveis deles, Daniel Ricciardo e Kimi Räikkönen, terminavam suas passagens em Red Bull e Ferrari para novos capítulos em suas carreiras. Fugindo da concorrência de  Verstappen, Ricciardo comprou o projeto da Renault e faz uma aposta arriscada e à longo prazo na busca por um título mundial. Já Kimi viu o jovem Charles Leclerc seduzir a Ferrari, cedendo seu posto de coadjuvante na escuderia italiana para ser protagonista na Sauber.

Essas movimentações nas equipes protagonistas, juntamente com a chegada de novatos promissores caracteriza um dos ingredientes mais bacanas para a temporada 2019: a imprevisibilidade. Não se sabe como será o casamento entre Honda-Red Bull, muito menos se Charles Leclerc vai chegar arrebentando como muitos imaginam. Será que Hamilton vai ter outra temporada irretocável? E McLaren e Williams, recuperam o andamento com as novas duplas? São perguntas que, em breve, serão discutidas num texto opinativo aqui mesmo no Jovens Cronistas, mas só terão respostas definitivas em março de 2019.

Deixando as nuances do futuro de lado, é hora de focar no GP árabe! Depois de um sábado quase perfeito e com a primeira fila garantida, a Mercedes esperava terminar o ano com chave de ouro, e para isso, contava com a reabilitação de Valtteri Bottas. Depois de uma sequência de corridas apagadas, o finlandês estava agora livre pra correr, sem precisar auxiliar Hamilton ou sequer evitar qualquer colisão que tirasse pontos da equipe Mercedes, e ainda por cima em uma de suas pistas preferidas. A pole não veio, mas um pódio era quase obrigação para Valtteri nesse domingo.

Foto: Getty Images
Na largada, nenhuma grande alteração no top 5. Vale ressaltar a boa partida de Leclerc, que se valeu de compostos mais macios e um motor mais rápido para ultrapassar Ricciardo e assumir momentaneamente o quinto posto. Mais atrás, Max Verstappen iniciava uma luta com seu motor Renault, que enfrentava problemas devido ao forte calor. O holandês perdeu várias posições, caindo para o décimo lugar ainda no primeiro giro.

Já nesse momento, o primeiro lance da prova que levantou a galera do sofá. Lutando por pontos, Hülkenberg e Grosjean dividiram a chicana que antecede a reta oposta. Ambos passaram do ponto de freada, com Romain indo parar quase na área de escape. O francês voltou à pista, mas Nico não esperava tal manobra e contornando a curva sem deixar espaço do lado interno. O resultado acabou sendo a colisão inevitável, com a Renault usando a roda dianteira da Haas como impulso para uma capotagem cinematográfica! Apesar de proporcionar imagens surpreendentes, o acidente foi simples, sem nenhum dano ao piloto alemão e sem a necessidade de punição a nenhuma das partes. Toque de corrida, como esclarecido pelos próprios pilotos ao fim da prova.

Após algumas voltas com o safety-car em pista, a relargada. E então, outro safety-car! Dessa vez, o carro de segurança virtual foi acionado devido ao abandono de Kimi Räikkönen, que parou na reta dos boxes. Despedida um tanto melancólica para o finlandês, que apesar de alguns problemas teve um excelente ano em 2018: 12 pódios em 17 corridas terminadas, incluindo uma vitória, a primeira desde o retorno à Ferrari em 2014! A coroação desse esforço veio com um merecido terceiro lugar no mundial de pilotos, atrás apenas de Vettel e Hamilton. O ano da redenção de Kimi, que fecha seu papel no pelotão de elite da Fórmula 1 de maneira muita digna, mostrando que sempre esteve à altura do que a Ferrari precisou.

Foto: Divulgação/Ferrari
O abandono de Kimi mexeu drasticamente com os rumos da corrida. O período de VSC foi a brecha que Lewis Hamilton precisava para antecipar sua parada e trocar para os pneus supermacios (mais duros do fim de semana) já na volta 8! Voltando na quinta posição, o inglês precisaria cuidar de seus compostos por mais 47 voltas, já que a estratégia da Mercedes era de apenas um pit-stop.

Na liderança da prova, Bottas parecia perder terreno para Vettel. Com um ritmo inferior, o finlandês vinha segurando o alemão, propiciando até mesmo Daniel Ricciardo a se aproximar de ambos! A Ferrari tentou então antecipar a parada de Sebastian, levando a Mercedes a cobrir o alemão uma volta mais tarde. Pouco tempo depois, foram os pneus hiper-macios de Max Verstappen que chegaram ao fim, obrigando o holandês a trocar também para os compostos supermacios. Com isso, pouco mais de 30 voltas restavam para o fim da prova. Daniel Ricciardo, sem nenhum parada, aparecia na liderança. Por volta de seis segundos atrás, Lewis Hamilton se mantinha numa excelente posição para a vitória, enquanto Valtteri Bottas aparecia 10 segundos longe do companheiro de equipe.

Com pneus mais novos, a tendência era que Valtteri Bottas não só segurasse Sebastian Vettel como diminuísse a distância para Hamilton. Aos poucos, Bottas realmente parecia se aproximar de Lewis, porém quando Sebastian começou a pressioná-lo, o jogo virou. Exatamente na chicane antes da reta oposta, Bottas fritou os pneus, quase passando reto e prejudicando totalmente a saída da curva. Com isso, Vettel se aproximou e assumiu o segundo lugar. Parece um lance simples, mas nessas horas é que nota-se o talento de um campeão mundial. Basta notar o que acontece na sequência...

Foto: Divulgação/Red Bull
Logo atrás do alemão, Verstappen apenas esperava a primeira oportunidade para abocanhar um lugar no pódio. E ela veio. Novamente, Bottas travou os pneus e passeou na área de escape, chegando até a cortar caminho. De início, o finlandês manteve a posição, mas na volta seguinte Max abusou de seu talento para conquistar a terceira posição. Pegando o vácuo na grande reta, Verstappen chegou colado na curva 8, e Bottas defendeu colocando o carro no lado interno da pista. Max abriu, fazendo a primeira perna da curva por fora, mas mergulhando para ficar por dentro na saída da curva 9. Os pilotos se tocaram, e pelo lado de dentro, Max levou a melhor. Sem dúvida, a melhor manobra do final de semana, que levou ao delírio os fãs de velocidade e mostrou uma ousadia aliada a qualidade absurda do jovem holandês. Alguns podem dizer que Max passa do ponto em algumas ocasiões, como foi no GP da China desse ano e (discutivelmente) na briga com Ocon no GP passado. Porém, um fato precisa ser dito: ao lado de Hamilton, Max vem se firmando como o melhor piloto do grid na segunda metade da temporada. São sete pódios em nove corridas, exibições de gala como nos Estados Unidos e manobras que enchem os olhos de qualquer um. Não sabemos até que ponto o estilo e a personalidade de Max podem atrapalhá-lo, mas não há dúvida que, num carro com potencial, o Verstappen de 2018 teria totais condições de ser campeão do mundo.

Com 15 voltas restantes, um pneu 10 voltas mais velho que o de Vettel e uma vantagem de sete segundos, Hamilton tinha a missão de manter Sebastian na segunda posição e fechar o ano com vitória para a Mercedes. Mais atrás, Ricciardo dava pinta que iria chegar em Verstappen, e com pneus mais novos, tinha tudo pra conquistar um pódio na sua despedida com a Red Bull. É, mas aquele desgaste que Bottas não conseguiu evitar, Hamilton e Verstappen praticamente ignoraram! Com tocadas precisas e suaves, ambos os pilotos conseguiram manter os compostos em dia, virando tempos rápidos o suficiente para manterem suas posições e encerrarem a temporada com chave de ouro!

E não há como fugir dessa chuva de elogios à Lewis Hamilton. Um segundo semestre pra lá de impecável, com 6 vitórias em 9 provas (8 nas últimas 11, considerando Alemanha e Hungria); guiada perfeita, sem erros ou desentendimentos com a equipe, e um carro que, mesmo não sendo o melhor de forma absoluta, teve uma equipe que o tornou bom o suficiente para dar a Lewis a chance do título. Trabalho fantástico, e que mais uma vez, rendeu os frutos esperados.


Foto: Getty Images
Para não deixar passar em branco, as semelhanças do Verstappen de hoje com o Hamilton de McLaren no início de sua carreira são até bem grandes! Pilotos (muito) rápidos, que não se intimidam com o companheiro de equipe mais velho e que, apesar de alguns erros por inexperiência, deixam claro o potencial de campeão do mundo. Acredito que vemos a passagem de um bastão, e essa é uma oportunidade única na vida do fã de velocidade.

Por fim, pra não esquecer da galera alternativa, vamos observar um pouco o meio fundo do grid! Destaque especial pra Carlos Sainz, que fez uma excelente primeira metade da prova e graças a estratégia de permanecer mais tempo na pista conseguiu derrotar a forte Sauber de Charles Leclerc, ficando com o título de melhor do resto nesse fim de semana. Leclerc que elevou o nível da Sauber de maneira admirável nesse ano! Vamos ver o que o garoto apronta ano que vem, mas sempre mantendo a tolerância necessária que um estreante merece...

A vitória de Hamilton o levou aos 408 pontos, 88 a mais que Sebastian Vettel, que terminou com 320. Räikkönen foi o terceiro com 251, apenas dois à frente de Verstappen, que roubou a posição de Bottas nesse final de semana, 249 a 247 para o holandês. Hulk foi mesmo o melhor do resto (69 pontos), seguido por Pérez (62) e Magnussen (56).

Nos construtores, nenhuma alteração após o GP. Mercedes campeã com 655, seguida pela Ferrari com 571 e Red Bull com 419. Renault, Haas, McLaren, Force India, Sauber, Toro Rosso e Williams completaram a classificação.

Confira a classificação do GP dos Emirados Árabes Unidos:


Por hoje é isso pessoal! Fiquem ligados nos nossos textos de inter-temporada da Fórmula 1 aqui no JC. Abraços e até mais!!
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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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