Olá fãs da velocidade! Estamos de volta nesse domingo para comentar o Grande Prêmio da Rússia, que certamente ficará marcado na história da temporada 2018. O motivo? Uma decisão impensada e desnecessária da Mercedes em tirar a vitória de Valtteri Bottas, colocando-a nos braços de Hamilton, agora praticamente pentacampeão do mundo, mas sem muito pra comemorar nesse domingo. Confira conosco isso e o que de mais importante aconteceu na décima sexta etapa do Mundial de Fórmula 1 2018:



Antes de começarmos a falar sobre a corrida, vale destacar o excelente sábado de Valtteri Bottas. Mais consistente que Hamilton, o finlandês conquistou a pole na moral, tendo o bom desempenho reconhecido até mesmo pelo companheiro Lewis. É uma daquelas relações especiais, onde a pista casa com o piloto de uma forma em que quase ninguém consegue quebrar tal hegemonia.

E foi com essa moral que Bottas sustentou a primeira posição na largada! O finlandês partiu bem do grid, e mesmo com Hamilton pegando seu vácuo no caminho para a curva 2, manteve-se firme à frente. Hamilton chegou a travar os pneus na curva 2, e Vettel tentou surpreendê-lo numa manobra ágil pelo lado de dentro da curva. Lewis foi rápido, conseguiu fechar o espaço e se manteve à frente do rival. Mais atrás, destaque para a excelente largada de Verstappen, que fechou a primeira volta na décima primeira posição! Brilhante esforço do jovem holandês, que havia largado do décimo nono posto. Menção honrosa também para Charles Leclerc, que ultrapassou Ocon e Magnussen, levando a Sauber a um ótimo quinto lugar ainda nas primeiras voltas!

Enquanto a ação não acontecia no topo do grid durante as primeiras voltas, hora de voltarmos os olhos para o meio do pelotão e apreciarmos algumas brigas bem interessantes. Falando sobre Max Verstappen e sua escalada de pelotão, é importante sempre lembrar da enorme diferença que temos das equipes do top 3 para as demais. É claro que o mérito das ultrapassagens é todo do holandês, mas nada de overreaction por favor. Um chassi excelente com um piloto arrojado e pneus em ótimas condições propicia as manobras que tivemos. Excelente corrida sim, mas nada de espetacular...

Outro protagonista dessa prova foi Kevin Magnussen, e aí sim precisamos de um pouco mais de atenção. Muitos criticam o dinamarquês pela fama que K-Mag tem no grid, com muito pouca ou nenhuma amizade entre os companheiros e algumas atitudes impopulares em pista. Porém é inegável o excelente trabalho que Kevin vem fazendo nessa temporada! Mesmo com um carro visivelmente inferior às Force India e até mesmo à Sauber de Leclerc, Magnussen jogou duro e conseguiu segurar os ímpetos de Pérez e Ocon, mantendo uma importantíssima oitava posição. A manobra (contra Ocon, na curva 2) foi controversa, porém exatamente a mesma de Vettel sobre Hamilton, e como não houve punição para o alemão, não há o que discutir. Jogar duro é diferente de infringir o regulamento, e dessa vez, Magnussen soube exatamente o limite entre o certo e o errado, protagonizando uma excelente exibição.

A corrida ia caminhando, e então alcançamos a primeira e única rodada de pit stops. A dúvida se a Mercedes priorizaria Hamilton seguia no ar, porém ao chamar Valtteri primeiro, muitos achavam que o recado estava dado: não haveria jogo de equipe. Porém, o que o tempo mostrou foi que a equipe alemã tinha mesmo se atrapalhado nas estratégias, tanto que Hamilton, mesmo mantendo um bom ritmo com os ultramacios, parou duas voltas depois de Bottas e retornou não só atras do finlandês, como na terceira posição! Lewis estava sob pressão, e era a hora de mostrar porque ele é considerado o melhor piloto do grid atualmente.

Em situação praticamente idêntica a de Vettel, Lewis foi pra cima do alemão, que se defendeu bem no início. Porém na aproximação pra curva 4, Hamilton conseguiu mergulhar por dentro, segurou o carro e contornou a curva na segunda posição. Linda manobra do inglês, que tinha agora apenas o companheiro à sua frente.

E então, chegamos no grande momento da corrida... Primeiro, Lewis dava a impressão que se aproximaria de Valtteri, mas o finlandês aumentou o ritmo e se distanciou novamente. Foi aí que veio a ordem, curta e direta, para o piloto do #77 deixar Hamilton assumir a liderança. E assim Bottas o fez, sem nenhuma resistência.

Acho que todos nós, fãs de Fórmula 1, entendemos que jogo de equipe faz sim parte do esporte. Porém, existe uma situação chamada bom senso, e isso foi o que faltou no box da Mercedes nesse domingo. Hamilton é líder com 40 pontos de vantagem, aumentando essa diferença em mais três pontos em um fim de semana onde foi visivelmente inferior ao companheiro de equipe, este que conseguiria sua primeira vitória no ano, sendo a quinquagésima de seu país na categoria. Qual a necessidade de um jogo de equipe nessas condições?
A desculpa foi que Vettel poderia ultrapassar Hamilton... Mesmo que fosse apenas essa a ideia, a atitude é péssima, pois já evidencia o papel de escudeiro de Valtteri! Nesse momento, pouco importa a questão do campeonato. A Mercedes precisa pensar em sua imagem perante os fãs, e principalmente, no aspecto mental de seu segundo piloto, peça importantíssima na luta pelos construtores. Qual a motivação de Bottas ao correr sabendo que não pode terminar a frente do companheiro em condições normais de temperatura e pressão?

Finalizando: foi uma decisão polêmica e muito mal calculada pela equipe alemã. Mais do que sete pontos no campeonato, essa ordem de equipe muda a maneira como as pessoas e como o próprio Bottas veem o time. A partir de hoje, é praticamente impossível ver Valtteri com forças o suficiente para tirar mais pontos da Ferrari nas corridas restantes, o que pode inclusive ser capitalizado por Vettel, já que o ambiente na equipe alemã deve se tornar ainda mais pesado nas próximas corridas É uma situação triste para o esporte claro, mas acima de tudo, uma polêmica desnecessária para a equipe prateada...

Ainda antes da fase final da prova, destaque mais uma vez para Max Verstappen, que liderou algumas voltas do GP. Graças a estratégia de largar com pneus mais duros, o holandês precisou parar apenas na volta 45, mostrando um bom controle sobre o carro sem perder quase nenhum rendimento. Interessante notar essa característica de Max, que vem aprendendo a cuidar melhor do próprio equipamento. Obviamente, não se poderia esperar muito mais da Red Bull, já que ambos os carros largaram fechando o grid. A tônica dos austríacos precisa ser o bom desenvolvimento do conjunto motor-chassi para 2019, onde a equipe parece ter alguma chance de voltar a brigar com as primeiras forças.

Antes de terminarmos, vale apenas ressaltar o jogo de equipe da Force India na luta com Magnussen. Com Ocon e Pérez presos atrás do dinamarquês, a equipe inverteu as posições de ambos para tentarem a ultrapassagem, porém os dois pilotos não obtiveram sucesso. Mérito de K-Mag, mas o mais importante mesmo é evitar comparações com o ocorrido na Mercedes. São situações completamente distintas, aonde um nono ou décimo lugar no mundial de pilotos não influencia muito na vida de ninguém.


Resultado de imagem para LECLERC SOCHIE como último destaque, cabe citar a grande exibição de Charles Leclerc, sempre consistente com sua Sauber Alfa Romeo. Um grande sábado e um domingo ainda melhor culminaram num sétimo lugar e mais seis pontos no mundial de pilotos para o futuro piloto ferrarista, que a cada corrida prova ser a melhor escolha para o cockpit italiano. Vettel que se cuide, Charles parece ter a cabeça que falta ao próprio alemão para brigar alto no ano que vem.

No final, um anticlímax gigante para a septuagésima vitória de Lewis Hamilton na categoria. Bottas e Vettel completaram o pódio, com Verstappen e Ricciardo vindo na sequência. Lewis agora lidera o mundial de pilotos com 50 pontos para Vettel (306 a 256), enquanto a luta pelo terceiro lugar fica ainda mais acirrada: Bottas aparece à frente de Räikkönen por apenas 3 pontos (189 a 186).

Nos construtores, dia perfeito para a Mercedes, que segue abrindo ainda mais a vantagem para a Ferrari. A equipe alemã tem agora 495 pontos contra 442 dos italianos. A Haas voltou a se aproximar da Renault, agora com 11 pontos de desvantagem (91 a 80), enquanto a Force India abriu mais três pontos sobre a Toro Rosso (35 a 30).

Confira como ficou o GP da Rússia:

Classificação da corrida — Foto: Reprodução

Por hoje é só pessoal! Voltamos na semana que vem falando sobre o GP do Japão. Abraços e até lá!
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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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