Na noite do domingo 02/09/2018, enquanto pensávamos no futebol, na política ou na vida, acontecia no Rio o incêndio que acabou com parte da história brasileira, o Museu Nacional sucumbiu ante as chamas e o que restou foi somente o clarão no céu.

A tragédia já era anunciada, os governantes sucatearam o Estado do Rio de Janeiro e no âmbito nacional congelaram investimentos afetando diretamente as áreas de Educação e Cultura, com isso nem esse patrimônio passou ileso, avisos foram muitos de diretores, frequentadores e até mesmo o Carnaval ressaltou a importância de manter esse Museu firme e operante para as futuras gerações.

Mas tudo foi em vão, ninguém ligou, os governantes só estão preocupados em conseguir votos e esfregar em nossa cara que aquilo não é realmente necessário, para eles, pesquisar história não é necessário (tanto que alguns candidatos nem sabem o que é isso), buscar inovação científica é perda de tempo pois temos somente que “investir" em “segurança pública”, na visão deles, "construir presídios para 'manter a ordem'".



O que o prédio exigia para a manutenção era menos da metade do que gastamos anualmente para sustentar todas as três divisões do parlamento brasileiro e o que os nobres gestores de Estado fizeram? Sim, cortaram gastos justamente de um patrimônio tão importante que abrigava mais de 20 milhões de itens relacionados às ciências naturais com alguns fragmentos de culturas provenientes de outros continentes.

Creio que nem Dom João VI teve tamanha avareza ao conceber o espaço e destinar verbas para manter-lo funcionando, pois naquele tempo já se tinha consciência do quão era importante o progresso sócio-econômico difundindo o saber da cultura, educação e ciência para alguns setores da sociedade.


João não imaginou que a "Terra de Santa Cruz" se tornaria um lugar tão bagunçado, as burocracias fizeram com que o BNDES liberasse somente 21 milhões de reais para a manutenção do local, fato que até foi comemorado pelos diretores desesperados, uma pena que o dinheiro chegou tarde demais, embora tenha ajudado com que parte dos materiais inflamáveis finalmente fossem retirados, mas uma outra parcela ainda ficou dentro do local e foi o combustível para a destruição.

E mais um Museu é consumido pelas chamas assim como em SP o da Língua Portuguesa, do qual nada restou, choramos na esperança que um projeto de restauração seja efetivamente implementado, pois o lugar é importante para os moradores do bairro de São Cristóvão, para a cidade do Rio de Janeiro e para todos os amantes e pesquisadores da história do Brasil, espero que as chamas levem o presente nebuloso e façam florescer no futuro um Brasil mais justo, preocupado com os avanços e principalmente em rever seu passado.

Para terminar exclamo essas palavras do samba que marcou a homenagem ao museu pela escola Imperatriz leopoldinense como forma de singela homenagem

“Onde a musa inspira a poesia
A cultura irradia o cantar da Imperatriz
É um palácio, emoldura a beleza
Abrigou a realeza, patrimônio é raiz
Que germinou e floresceu na colina
A obra-prima viu o meu Brasil nascer
No anoitecer dizem que tudo ganha vida
Paisagem colorida deslumbrante de viver
Bailam meteoros e planetas

Dinossauros, borboletas
Brilham os cristais
O canto da cigarra em sintonia
Relembrou aqueles dias que não voltarão jamais”






Imagens: Reprodução TV Globo, Acervo Museu Nacional, Acervo IMS


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Victor Ricardo

Apaixonado por esporte. Adoro ler,assistir e escrever. Minha maior satisfação é levar conhecimento sobre o futebol para você, meu caro amigo. Curta o nosso trabalho e estou à disposição para qualquer dúvida, elogio ou crítica. Forte abraço!

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