Na Noite deste domingo (9), foi realizado pela TV Gazeta, em parceria com o Estadão e com a rádio Jovem Pan, mais um debate entre os presidenciáveis, que além das ausências de Vera Lúcia (PSTU), Goulart Filho (PPL), João Amoedo ("Novo") e Eymael (DC) não contou com Jair Bolsonaro (PSL) vitimado pelo ataque a faca (clique) que não injustamente toma conta do noticiário, de representantes do PT, visto que Lula está impedido de participar da campanha e que Haddad (e a meu ver aí tem estado o grande "erro" das emissoras) não foi convidado para representar o partido e da figuraça Daciolo (Patriota) que está jejuando no monte. 

Dos debates que vimos até aqui, este parece ter sido com a melhor mecânica, sem a perda de tempo de deslocamento do candidato ao centro do palco e com os candidatos escolhendo para quem queriam perguntar. Assim, ficou claro com quem estes desejam fazer tabelinhas e de quem eles fogem, como vimos Ciro Gomes por exemplo ser relegado aos finais de rodada, pelo seu preparo para responder as perguntas (o que deve ser admitido independente de preferência ou não pelo candidato). Apesar disso e do debate ter funcionado bem no campo propositivo, muito por não haver clima para ataques diretos, o tempo excessivamente curto de respostas atrapalhou um pouco a compreensão, mas a maioria dos candidatos estava bem afiado e soube usar bem o tempo que tiveram.

Apesar disso, observo que a TV Gazeta precisa observar melhor com quem faz parcerias, a partidária Jovem Pan protagonizou um momento terrível para a história do jornalismo Brasileiro, ao buscar ilar todo espectro da Esquerda ao ataque sofrido por Bolsonaro, a incumbida disso, foi Vera Magalhães, que acusou a Esquerda de ser a responsável pela "cultura" do "nós contra eles" e foi desmistificada por Boulos (sempre também otimamente bem preparado para responder).

Ao contrário do que FINGE crer o grupo para o qual ela trabalha e tenta de qualquer maneira enfiar isso goela abaixo das pessoas, tendo até coragem de ter um programa chamado "Pra cima deles" (Pra cima de quem? Por que? Atendendo a quais interesses?), essa maneira de enxergar a política não é privilégio apenas da Esquerda ou sequer é característica que se possa atribuir como prática da Esquerda, basta notar como a campanha de Bolsonaro tem capitalizado com o fato nas redes, acusando todo o espectro político contrário por uma ação isolada. Esse rivalismo barato e anti-democrático é prática de EXTREMISTAS e eles exigem de ambos os lados da ideologia política, inclusive e sobretudo no campo conservador, defendido pelo grupo de comunicação a qual ela e Augusto Nunes representam. Então, a própria pergunta do alto de sua inadequação a realidade, carrega essa cultura de ódio contra o adversário, péssimo exemplo.

Mas o debate teve um nível bom tirando isso. No pouco tempo de respostas deu pra ter uma noção ao menos básica do que cada candidato pensa sobre os principais pontos. Foi interessante ver a clareza dos candidatos Ciro e Boulos nas suas colocações. Marina dentro de sua retórica defendeu a manutenção das empresas públicas, investindo em gestão inteligente e independente, algo em que Boulos foi mais incisivo. Outro momento interessante foi quando o candidato do PSOL confrontou Meirelles, afirmando que governará para o povo e taxará as grandes fortunas, inclusive a do banqueiro. Ainda nesse campo, o jornalista Rodolfo Gamberini fez o candidato de Temer (um deles) gaguejar ao perguntar sobre sua fortuna nas Bermudas (as minhas estão vazias), cujo qual ele disse ser pequena e que pós-mortem será doada as criancinhas, evidentemente, ninguém estará aqui para cobrar. Agora, vamos falar individualmente de cada candidato, como sempre, na ordem de posicionamento no estúdio.

Marina Silva (REDE) -  Fez o arroz com feijão dela, mesmo com os banqueiros atrás, foi importante se posicionar contra o privatismo. No campo da Educação falou em focar prioritariamente o ensino básico. Pensamos que mais que isso, há que focar o todo, claro que o ensino básico tem de ter foco, mas o papel do governo federal é implementar uma verdadeira base comum curricular e distribuir os recursos. No campo da volta do investimento em Universidades Federais é que está a grande chave para o desenvolvimento da Educação e da profissionalização no que compete ao governo federal, infelizmente, a política de bolsas no ensino privado tem formado fábricas de diploma, ela deve continuar, claro, mas o investimento em equipamentos públicos a nosso ver é o que deve nortear a gestão da Educação, também investindo na Cultura e no pensar do jovem, através novamente, de uma Base Curricular moderna.

Henrique Meirelles (MDB) - Vinha conseguindo se blindar nos debates anteriores de seu despreparo, mas desta vez não foi possível e ficou nítido seu despreparo para lidar com as questões básicas do país, é só retórica. Parece que havia escolha pior para o MDB que Temer, fraquíssimo.

Geraldo Alckmin (PSDB) - Diferente dos outros debates, onde o formato acabou fazendo com que ele fosse bastante acionado. desta vez pouco apareceu e foi bem modesto nas vezes em que apareceu, a candidatura tucana apostava em tirar votos da esfera mais "neoliberal" que seriam flexíveis no campo bolsonariano, mas o ataque pode consolidar esses votos, é um momento crítico para a candidatura tucana, que não vai conseguir tirar votos do espectro da Esquerda, mesmo sem Lula na disputa fica cada vez mais claro que Ciro e Haddad são os postulantes a esse eleitorado.

Guilherme Boulos (PSOL) - Dentre os candidatos que estão (a contragosto no caso) no mainstream, o candidato mais á Esquerda cada vez mais aprimora sua dialética e apresenta propostas para os mais diversos campos, outra excelente participação de Boulos, que apesar de ter grande ligação com o PT, carrega bem as bandeiras psolistas.

Álvaro Dias (Podemos) - O senador paranaense segue com uma campanha muito mais retórica do que qualquer outra coisa, não será falando em "refundar a república" (a partir de seu estado?) que ele angariará voto algum. Além da questão importante de que, defender a justiça não se faz apenas quando é interessante a seu espectro político e sim dentro de parâmetros legais, probatórios, do direito a defesa e do direito a um Direito que haja com isenção. O Direito que age por política não faz justiça.

Ciro Gomes (PDT) - Ciro conseguiu ser bastante enfático nas suas ideias e aproveitar melhor que nos debates anteriores o tempo que teve, assim como na FAAP (clique) - onde "desenhou" por conta da desfaçatez do "jornalista" que direcionou a pergunta - na entrevista a Reinaldo Azevedo na BandNews e em várias outras entrevistas, falou sobre a arbitrariedade da prisão de Lula no que diz respeito ao campo jurídico, o que realmente é algo a se observar, visto que todo o processo e a forma como este foi julgado faz parte de uma manobra política. Além de ter se posicionado com precisão e didatismo sobre todos os temas aos quais foi questionado. Não a toa o candidato recebeu quase a metade das menções no Twitter, isso reforça a minha ideia de que ele saiu ainda mais fortalecido do debate, seguindo o caminho de crescimento que sua campanha vem tomando Vejamos como as forças se dividem com a introdução da candidatura Haddad com o apoio direto de Lula.


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Foto: Estadão. 
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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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