Candidata pela terceira vez, Marina é uma das duas candidatas femininas à Presidência

Iniciada março (clique!), a cobertura das eleições gerais do JC! (clique!) estreia a versão presidencial do quadro “Conhecendo o candidato” com Marina Silva (REDE), candidata a presidente da República pela terceira vez.  Com perfis e análises de todos os postulantes ao governo de São Paulo e dos 13 presidenciáveis, o “Conhecendo o candidato” é importante no momento de escolha do eleitor.
Imagem: Charge de Paixão
Com declaração de bens junto ao Tribunal Superior Eleitoral – TSE na ordem de 118.835,13 reais, a ex-ministra e ex-senadora Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima – Marina Silva na urna – é candidata à Presidência da República pela terceira vez e pelo terceiro partido político diferente. Se agora ela concorre pela REDE Sustentabilidade, partido do qual fundou, a história remonta que já esteve na figura de presidenciável pelo Partido Verde – PV, em 2010, e pelo Partido Socialista Brasileiro – PSB, em 2014. Em ambas das vezes, ela encerrou o pleito na terceira colocação. Na última tentativa, quando da morte de Eduardo Campos candidato da sigla socialista, Marina recebeu mais de 22 milhões de votos.

Natural de Rio Branco, no Acre, Marina Silva tem 60 anos e um passado ligado a movimentos, religiosos, sociais e trabalhistas. A candidata estudou em um convento e esteve em contato direto com católicos ligados à Teologia da Libertação, ala progressista da igreja de Roma. Apoiada pelo ativista ambiental e seringueiro Chico Mendes, ela iniciou sua atividade política na luta contra o desmatamento na região da floresta amazônica e ajudou a fundar a sucursal acreana da Central Única dos Trabalhadores, em 1984.
Imagem: Cartum de Gilmar, o "Cartunista das Trevas"
Hoje candidata à Presidência da República, Marina Silva disputou a primeira eleição em 1986, como deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores – PT. Sem sucesso na primeira tentativa, ela venceu a primeira eleição em 1989, quando assumiu uma das cadeiras da Câmara dos Vereadores de Rio Branco. Em 1991, Marina participou e ganhou às eleições para deputada estadual, e em 1994 elegeu-se senadora da República. Reeleita senadora em 2002, ela foi convidada pelo ex-presidente Lula a ocupar o Ministério de Meio Ambiente de seu governo, onde ficou até 2008 e saiu, segundo rumores, por desentendimentos políticos com a ex-presidente Dilma Rousseff, então chefe da Casa Civil. Marina deixou o ministério e o partido do qual integrou por mais de 20 anos, para se filiar ao PV, em 2009, e concorrer à Presidência em 2010.

Surgiu em 2010 o discurso de defesa a uma via alternativa à política polarizada de PT e PSDB. Com foco na defesa socioambiental, a candidata se coloca desde então como projeto que supera as relações fisiológicas partidárias. Para tanto deixou o PV em 2011, alegando que a sigla teria aderido ao movimento que troca ideais por cargos e outras vantagens, filiou-se ao PSB para então fundar seu próprio partido político, a REDE Sustentabilidade. O tempo parece ter feito Marina repensar e, hoje, está na corrida pelo Planalto ao lado do mesmo PV de outrora na coligação “Unidos para transformar o Brasil”. Da coligação com os verdes veio o médico sanitarista Eduardo Jorge, vice da chapa de Marina para o pleito deste ano.
Imagem: Cartum de Alviño
O apoio à candidatura de Aécio Neves no 2º turno, em 2014, foi como uma abertura para o processo que levou a candidata à centro-direita. Acompanhado do movimento de apoio ao candidato e ao programa tucano, Marina defendeu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e hoje se posiciona na defesa irrestrita de operações de investigação, como a Lava Jato. Incansável, ela não deixa de lado a narrativa de que a “lei é para todos” ou de que “não deve haver dois pesos e duas medidas”.

Representante de um partido sem força política, Marina Silva reforça que não cederá ao fisiologismo da troca de cargos e vantagens econômicas por votos no Congresso para aprovar suas medidas. Quando questionada sobre governabilidade, a candidata tem dito que vai escolher os “melhores” de cada partido político para colaborar em um eventual governo. Como vacina contra o desgaste das legendas políticas, ela propõe uma saída conveniente: determinar quem é ou não um “melhor” para assessorá-la.
Imagem: Cartum de Duke
Apesar de seu apoio a Aécio Neves e PSDB, defensores de primeira hora do (des)governo Temer, e dos laços com banqueiros, como a família Setúbal, Marina Silva se coloca contra o atual (des)governo e suas medidas “draconianas”. Para a candidatura da REDE é interessante e estratégico seguir pelo caminho da oposição a uma administração impopular como a de Michel Temer. Isso não impede que, nos bastidores, articule projetos semelhantes aos do presidente-nosferatu.

Simpática ao sistema financeiro, principalmente ao dos bancos – do qual tem batido pouco, ela diz que é contra a venda da Eletrobras e resistente à privatização da Petrobras. Assim como se colocou contra as contrarreformas trabalhista e da Previdência. Estar à oposição do programa de Temer ou dos tucanos não necessariamente faz de Marina Silva uma candidata com propostas alternativas.  Ela apenas procura ser a responsável por tais proposituras.

Com apenas 21 segundos de programa em Rádio e TV, a presidenciável não carrega nem mesmo suspeitas de envolvimento em delitos, assim como também não está ligada a nenhum escândalo de corrupção.

No “caldeirão digitau” de Marina, a defesa socioambiental é levada pela areia de quem torna praia pública em quintal de casa no litoral e pretexto para dar “gás novo”, com roupagem alternativa, a práticas do velho corporativismo.

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Claudio Porto

Jornalista independente.

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