Amigos! Iniciando o segundo dia de jogos na Copa da Rússia, um jogo que era muito esperado, primeiro por ser decisivo, principalmente para o Egito, mas também para analisarmos qual a força demonstraria a seleção do Uruguai em sua estreia. A expectativa para a partida teve uma frustração logo de início, com o tal do "imprevisto" que citava o técnico argentino do Egito Hector Cuper, e Salah fora do jogo, ainda assim, a organização tática egípcia por pouco não impediu o 1 x 0 uruguaio.


O cenário da etapa inicial mostrou um Egito muito diferente da sua irmã de fé e vizinha Arábia, o time que tinha Salah, sua principal estrela no banco, ainda sem reunir condições após o encontro com Sérgio Ramos na Champions, jogou taticamente de forma muito consciente, bem posicionado na defesa que tem a dupla de zaga do West Brom formada por Gabr e Hegazy, o lateral-direito e capitão do Al Ahly, o experiente Fathi e o flop do Arsenal na proteção a defesa El-Neny, acabou conseguindo fazer uma boa barreira protetiva a sua defesa, aproveitando-se de certa inércia no meio uruguaio, que usa a tática dar a bola em Suarez Cavani e eles que se virem, e tentando espetadas de contragolpe, aí já não tão conscientes assim.

Aos 23 minutos a grande chance dos comandados de Tabarez na etapa inicial, após cobrança de escanteio e desvio no meio, a bola se oferecer para Suarez, que pegou de canela e a bola bateu no poste onde a rede é amarrada, dando a primeira impressão de gol, mas foi pra fora. O primeiro tempo foi fraco, o Egito defendeu-se muito bem e acabou enervando com isso o time uruguaio, que pouco produziu, com extremas dificuldades de criação. O Egito quando tentava descer era bola em Hamed e Trezeguet (que até onde sabemos, nada tem a ver com aquele famoso, o egípcio joga no Kasimpasa da Turquia) mas as jogadas não tiveram continuidade e o fraco (não sei como Martin Silva é reserva dele) Muslera felizmente para seu time, não precisou trabalhar.


Na etapa final, o time celeste deve ter tomado um "come" de Tabarez no vestiário, voltou ainda com os mesmos problemas de criação de sempre, mas ao menos se impôs, partiu pra cima na empurrança como diz o VSR e passou a impor maiores problemas a defesa egípcia. Aí, o goleiro El-Shenawy de 27 anos que atua no Zamalek do próprio país e substitui o mais velho a jogar uma Copa, o goleiro El-Hadary de 45 anos, começou a aparecer e a ser o grande destaque da partida. Primeiro no início pegando uma bola cara a cara com Suarez.

Depois disso, o Uruguai seguiu com mais posse, uma posse mais incisiva, porém abrindo mais espaços para o Egito, que tentava escapar para o ataque, já sem o lesionado Hamed. O Uruguai então fez duas mexidas, em parte de forma equivocada no meu entender, Cebola Rodriguez entrou na vaga de De Arrascaeta, mas a outra mexida foi seis por meia dúzia com Sánchez no lugar de Nández, o time tem sérios problemas de criação, eu teria mantido o jogador do Cruzeiro e tirado apenas o volante, com a entrada de Sánchez, que a bem da verdade tem uma saída de bola um pouco mais qualificada, o time queimou á toa uma mexida, eu certamente não faria isso precisando vencer.

El-Shenawy voltou a aparecer já aos 27, parando Suarez que tentou driblá-lo e se enrolou. Aos 37 a maior defesa da partida, El Pistolero (acertou uma) ajeitou de cabeça e de prima, de peito de pé, Cavani soltou um foguetaço para defesa espetacular do camisa 23, que não é o King, mas foi o "rei" da partida. A pressão se seguiu e o atacante do PSG cobrou falta lindamente, mas ela foi no travessão. Mas dois minutos depois, como diria Nasi, "não deu pra segurar" e veio o gol uruguaio da forma mais provável no jogo, a bola parada, falta lateral, Sánchez na cobrança queimando minha língua e soberano pelo alto contra três marcadores, Jimenez testou inapelável para o fundo do gol, para desespero de Salah. O time egípcio tentou uma pressão final desorganizada sem êxito e mesmo com pouquíssimo brilhantismo, o time de Tabarez conseguiu confirmar seu favoritismo pela contagem mínima.


Vejam, se analisarmos de forma puramente técnica, sem paixões ou ódios, este jogo foi menos gostoso de se assistir para o torcedor comum do que o da abertura, que foi um jogo rápido, de trocação inicial e onde no final, o talento de dois jogadores e a imposição física falou mais alto. Por outro lado, taticamente esse jogo foi muito mais estudado, deu pra ver uma forte consciência tática no que tange a defesa pelo lado egípcio, por outro lado o ataque é nulo sem Salah, assim como o da irmã de fé Arábia, o time tem até velocidade na descida ao ataque, mas não tem o último passe, com isso o centroavante fica isolado.

Foi percebido também algo que quem nos acompanha sabe que é sempre criticado aqui, a inércia da meia uruguaia, o time tem dois polos de muita qualidade, a defesa com Godin e o herói da partida Jimenez e o ataque com dois fenomenais jogadores, Cavani e Suarez (apesar do segundo ter vivido um péssimo dia). Mas nós pregamos aqui que o jogo é construído no meio campo e infelizmente, o meio-campo uruguaio é muito abaixo, com Bentancour, Vecino e De Arrascaeta que é bom, mas se tornou aposta justamente por conta da falta de opções que tem a celeste. E quando tu olha para o banco e vê que a "solução" para tentar elevar a criação do time é o Cebola, com todo respeito há algo errado aí. Nesse sentido vejo que o Uruguai, talvez não no grupo, apesar de que com Golovin e Cheryshev (amigo do Aécio), a possibilidade do time da Rússia dominar a meia é real, mas em síntese, a tática "dar a bola na dupla" é pouco para um time que quer ir longe na competição.


Sobre Salah ter ficado no banco, li muita coisa nas Redes Sociais, galera xingando o Cuper, mas não só nas redes, em todas as transmissões de TV e Rádio que zapeei, vi profissionais cogitando a entrada e quando definitivamente não ocorreu, de certo modo cornetando a "não-entrada" do camisa 10 e grande craque do Egito na equipe.

Ora, o técnico foi sim bravateiro na coletiva ao dizer que "só um imprevisto" tiraria o jogador da partida, realmente, agora a justificativa qualquer que seja parecerá pouco convincente. Mas o fato é de que a fala do técnico foi efetivamente uma bravata e ele não reúne ainda as condições ideais de jogo, reunisse com certeza estaria em campo, o treinador não é suicida. E a tática aliás quase deu certo, não fosse a imposição física do zagueirão adversário, que valeu por mais de três egípcios, o time teria arrancado o empate com ótima organização tática. Agora o duelo direto contra a Rússia ganha caráter de decisão para o Egito, enquanto o Uruguai deve enfiar a sacola na Arábia e com isso garantir as Oitavas.



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Imagens: AFP e Reuters. 


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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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