Bem amigos, vimos hoje que a vitória agonizante da Alemanha sobre a Suécia não adiantou de nada. Pior, criou falsas esperanças a um time que se esqueceu o significado de disputar uma Copa do Mundo. O Nationalelf até esboçou tentar algo em Kazan, mas isso não bastou. Fica a marca do momento mais desastroso da história da seleção alemã. Uma decepção profunda, pela lanterna no Grupo F, em time que careceu de uma postura impetuosa mesmo contra um adversário inferior como a Coreia do Sul. Muito mais organizados, os sul-coreanos não negaram as suas limitações, mas tiveram as armas necessárias para decretar a desgraça dos germânicos. Resultado: vitória por 2 a 0, em tarde que tomou ares de humilhação nos acréscimos do segundo tempo. No momento em que o time de Joachim Löw precisava apenas de um gol para se classificar, se enterrou na própria melancolia, sofrendo dois. É a primeira vez na história dos Mundiais que os alemães caem na fase de grupos do Mundial.
A Coreia do Sul precisa ser elogiada, claro. Se não jogou bem contra a Suécia e deu alguns sinais de melhora no segundo tempo diante do México, desta vez os asiáticos fizeram uma excelente atuação para segurar a Alemanha. Fecharam os espaços, travaram os chutes e contaram com um goleiro inspirado para fazer milagre quando necessário. Mesmo eliminada, com a goleada sueca sobre o México, a equipe não desistiu. E se tornou a responsável pelo pesadelo alemão, principalmente graças a Son Heung-min, grande nome do ataque. Nem mesmo as lesões atrapalharam os sul-coreanos de causarem o caos.
Já do outro lado, fica a frustração gigantesca. A campanha arrasadora nas Eliminatórias não adiantou, a uma Alemanha que sinalizava suas deficiências na preparação, mas não acordou – faltou pilha ao “modo Copa”. A má fase técnica de alguns dos antigos heróis é evidente e, se o Nationalelf criou alguma expectativa neste Mundial, foi graças a lampejos. A cobrança de falta perfeita de Toni Kroos, que parecia um ponto de virada, se tornou exceção. Joachim Löw, em especial, não ajudou. Manteve-se agarrado a jogadores que não vinham bem e pouco contribuíram nos primeiros jogos, como Mesut Özil e o substituto Thomas Müller. Até tentou partir ao abafa, o que não funcionou, entre cruzamentos insistentes e poucas ideias claras. Méritos dos asiáticos, claro. Mas também deméritos inegáveis de uma Alemanha carente de lideranças, de impor sua força como se esperava e de resolver seus próprios problemas.
Abaixo, o relato do jogo. Logo mais, outras análises sobre a eliminação.
Mudanças nos times
Joachim Löw, como esperado, veio com mudanças para a partida. Sem o suspenso Jérôme Boateng, Niklas Süle ganhou uma chance no miolo de zaga, ao lado de Mats Hummels, recuperado de dores no pescoço. O meio-campo teve Sami Khedira junto com Toni Kroos. Thomas Müller foi ao banco, dando lugar a Leon Goretzka na direita. Mesut Özil retomou a armação, com Marco Reus aberto na esquerda e Timo Werner no comando do ataque. Já a Coreia do Sul veio em formação mais cautelosa, no 4-4-2. Entre os principais nomes do time, Ki Sung-yueng e Hwang Hee-chan começaram no banco. Son Heung-min vinha centralizado no ataque, ao lado de Koo Ja-cheol.
Vinte minutos de controle à Alemanha, mas de susto
A Alemanha chegou a manter 78% de posse de bola durante os 20 minutos iniciais da partida. Trabalhava bem os passes a partir da intermediária, mas encontrava poucas brechas na defesa da Coreia do Sul. Não à toa, teve dificuldades visíveis para conseguir finalizar, limitada a chutes sem direção. Muito mais perigosos foram os sul-coreanos em sua primeira chegada com perigo. Khedira cometeu falta nos arredores da área. Nem estava tão perto assim, mas Jung Woo-young resolveu arriscar. Manuel Neuer bateu roupa e deu um susto tremendo, ao menos se recuperando depois, ao desviar o rebote para escanteio. Poderia ter custado muitíssimo caro, com Son Heung-Min já na pequena área para tentar aproveitar. Pouco depois, em outra bola alçada, novo susto dado pelos asiáticos, em arremate de Son que seguiu para fora.
Roda, roda, roda
A Alemanha aumentou sua pressão nos 15 minutos finais do primeiro tempo. Passou a rondar a área da Coreia do Sul de maneira mais efetiva, buscando algum espaço. Confiou principalmente em cruzamentos rasteiros, a esmo, e em chutes da entrada da área, bloqueados. O nível de concentração dos sul-coreanos, aliás, impressionava. Quase sempre dobravam a marcação para travar os arremedos de arremates. Na melhor chance, após cobrança de escanteio, pararam Hummels no meio do pagode. E ainda ocorreram duas jogadas mais agudas que acabaram anuladas por infrações anteriores, com direito a uma bola na trave de Werner quando a peleja já estava paralisada.
Cho faz milagre
O goleiro Cho Hyun-woo faz uma excelente Copa do Mundo. E operou o seu maior milagre logo aos dois minutos do segundo tempo. Kimmich cruzou no capricho e Goretzka cabeceou com liberdade. Defesaça do camisa 23. A Alemanha criaria ainda outra ótima oportunidade na sequência, mas Werner pegou mal na bola e mandou para fora, com o caminho congestionado. E o gol da Suécia neste momento aumentava as necessidades dos germânicos. A partir de então, o duelo ficou bastante definido entre a pressa do Nationalelf e a tentativa da Coreia do Sul em aproveitar algum contra-ataque. As entradas de Mario Gómez e Hwang (este, substituindo o lesionado Koo Ja-cheol) intensificaram as posturas.
A Coreia do Sul poderia ter marcado
A Alemanha seguia sem ideias para romper a marcação da Coreia do Sul, limitada a cruzamentos. Leon Goretzka fez uma partida razoável, mas deixou o campo para a entrada de Thomas Müller. Nada que tenha auxiliado no primeiro momento. Quando atacavam, os sul-coreanos tinham bem mais espaços e, consequentemente, assustavam mais. Moon Seon-min, aliás, poderia ter aberto o placar aos 20 minutos. Recebeu dentro da área, limpou o primeiro defensor e deveria ter finalizado, mas tentou ajeitar e se enroscou com a bola. Logo depois, uma resposta em cabeçada de Mario Gómez, facilmente defendida por Cho. O centroavante, ao menos, dava algo que faltava ao Nationalelf: presença de área.
Minutos finais melancólicos
Son Heung-min claramente foi o melhor jogador da Coreia do Sul na Copa do Mundo. Assustou demais os alemães aos 33, em batida que passou muito próxima à trave de Neuer. Já a Alemanha, quando mais precisava de energia, se afundava em apatia. Julian Brandt entrou no lugar de Jonas Hector, mas não acrescentou muito. Reus e Kroos fizeram o que se necessitava, chutando de longe, em tiros que saíram para fora. A última grande chance aconteceu aos 41. Özil cruzou da direita e Hummels apareceu sozinho dentro da área, só que não cabeceou em cheio. A bola bateu em seu ombro antes de sair.
Fechou o caixão
A Alemanha esperava a sua desgraça. A Coreia do Sul atacava com muito mais vigor e pegava os alemães em igualdade numérica quando partia em velocidade. Então, aconteceram os seis minutos mais desastrosos da história do Nationalelf. O primeiro gol saiu a partir de uma cobrança de escanteio. Cruzamento fechado de Son e a bola ricocheteou no primeiro pau antes de sobrar para Kim Young-gwon, que não perdoou. No primeiro momento, a arbitragem anulou por impedimento. Entretanto, ficou claro o toque de Toni Kroos, que habilitou o asiático. E quando Manuel Neuer já estava no ataque, veio a cena que ficará na memória. Chutão da defesa para Son, livre no campo de ataque. Com as redes vazias, afundou os tetracampeões.



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Gustavo Araujo

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