Rússia 2018 - Choque de realidade e 100% enganoso

Amigos! Estou de volta após uma pausa para a Fórmula 1 (clique) com a minha participação nesta cobertura da Copa da Rússia, com um jogo que valia a liderança do grupo A da competição, com uma Rússia que surpreendia pela consistência de suas vitórias e um Uruguai que vencia, mas sem qualquer consistência, com muitas dificuldades no setor de meio campo. O 3 x 0 no placar para o time de Suarez e Cavani mostrou muita coisa, mas para nós algo diferente de muita coisa que vocês ouvirão e lerão por aí.


Confiante pelas boas atuações ante Egito e Arábia, o time russo foi para a trocação franca contra os uruguaios e se deu mal logo cedo, falta perto da área e Suarez com categoria e força, bate no canto de Akinfeev que não chega, prefiro dar mérito ao nosso Freddy Mercury, do que acusar o arqueiro de falha. O jogo seguiu com um cenário de lá e cá, mas com o Uruguai melhor na partida e chegando ao segundo gol aos 22 minutos, chute de fora do bom lateral do Genoa, camisa 17 Diego Laxalt, a bola desviou em Cheryshev e matou o goleiro, o gol foi dado contra para o artilheiro russo.

Quando a Rússia tentava desesperadamente reagir na partida e conter a frustração do seu torcedor, o lateral Smolnikov que tinha recebido chance para jogar acabou expulso com segundo amarelo após falta dura em Laxalt, rua merecida. Com isso, o destaque do time positivo nas partidas anteriores e infeliz no gol contra, ex-Real Madrid Cheryshev acabou dando lugar ao Brasileiro naturalizado ex-Grêmio vestindo a 2, Mário Fernandes. Com isso, o time uruguaio passou a trocar bem os passes e administrar o resultado de vitória até com certa tranquilidade, nos minutos finais da etapa inicial.


Na parte final a Rússia voltou disposta a ao menos diminuir a desvantagem e para tal usava bastante o lado direito com o lateral Brasileiro, em contrapartida o Uruguai sofria pouco e resolveu novamente dar uma chance a De Arrascaeta pra tentar dar o que falta a esta meia, criatividade, logo o controle do jogo foi retomado.

O Uruguai teve um pênalti contra si cometido sobre Cavani, mas o juiz preferiu não apitar pela cena do uruguaio, seria a influência? Outro lance polêmico foi entre Dyzuba e Godín, mesmo vendo o VAR o juiz não apitou pênalti após o uruguaio sim, deixar o braço no rosto do russo, vá entender. Aos 28 Muslera completando inacreditáveis 100 jogos com a camisa uruguaia e com 14 em Copas, se tornando o que mais defendeu a equipe em mundiais, fez o de sempre, entregou, soltou a bola nos pés do ataque russo, mas a finalização de Dyzuba foi por cima, não é assim!

Já com Cebola Rodriguez em campo, o Uruguai retomou o controle das ações no terço final do jogo e criou as principais chances, aos 44 Cavani enfim foi premiado por sua luta com um gol, após cobrança de escanteio e o goleiro parar Godin, a bola se ofereceu para o atacante do PSG guardar, resultado que reflete a diferença entre as equipes, mas que ainda não mostra um Uruguai brigando por coisas grandes.

Já no clássico muçulmano, apesar de El-Hadary ter tido um dia histórico, com 45 anos se tornando o jogador mais velho da história a disputar uma Copa do Mundo, com direito a defesa de um pênalti, o dia foi triste para o Egito de um baleado Salah, que ainda deixou o seu, belo gol aliás, mas não impediu a vitória por 2 x 1 arrancada merecidamente pelo time saudita, que teve mais posse de bola, mais organização ofensiva e fez seus gols com Al Faraj de pênalti nos acréscimos da primeira parte e com Al Dawsari que na pequena área bateu na diagonal para vencer a lenda do gol egípcio no lance final da partida.

Enquanto ao menos parte da imprensa árabe pedia a sequência de Pizzi no comando de sua seleção e foi a decisão tomada ao menos até a Copa da Ásia do próximo ano, um ambiente de crise por motivações políticas traz incertezas ao Egito.


Voltando a falar dos atores principais desta manhã, Uruguai e Rússia e explicando o título do texto, é muito simples, o time russo teve facilidade ante uma Arábia que apesar de saber jogar ofensivamente como mostrou em seu clássico hoje, é um time limitado fisicamente e defensivamente, daí a goleada instaurada e um Egito que sem Salah nas melhores condições é presa fácil, houve grande empolgação com essas ilusórias vitórias e o time achou que poderia ir para a trocação franca contra o Uruguai e se deu mal, os gols cedo facilitaram demais pro Uruguai, que até soltou o time na etapa final.

Já o Uruguai entrou nesta partida com uma formação até um pouco mais conservadora do meio pra frente, colocando o Torreira, que no meu entender deveria até ser titular na vaga do Vecino ou de qualquer outro ali do meio e com Laxalt que eu conheço bem por acompanhar aqui o Calcio e gosto bastante. O time tocou um pouco melhor a bola, mas ainda faltou aquele passe de qualidade, aquela chegada de trás. Com a tarefa já facilitada, tanto o Cebola quanto o Arrascaeta foram esses caras no terço final do jogo, mas ainda é muito pouco.

O desempenho do Uruguai em termos de produção no meio campo na competição foi praticamente nulo, o time vive de uma tática de "dar a bola em Suarez e Cavani" (sim, vocês já leram isso antes, mas seguirei repetindo) que desagrada bastante. O primeiro lugar na chave pode reservar um duelo ante Portugal, que tem também problemas no meio, tem um grupo onde salvo Cristiano Ronaldo e Rui Patrício, as outras peças individualmente não vem no seu melhor momento, talvez isso equilibre as coisas, se vier o Irã, o que seria uma grande zebra, o time também será desafiado a atacar com muita força e aí será um jogo de muita luta, onde também Suarez a Cavani terão de criar para si mesmos. Mas a vitória deve garantir que o time escape da Espanha, importante, pois na faixa de meio-campo sabemos da força da Fúria, que no meu entender tem tudo pra colocar a Rússia na roda.



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Imagens: Getty e Reuters.