Amigos! Arrumamos um tempinho em meio a esta árdua cobertura da Copa, para apresentar a 2ª edição do nosso quadro especial Crônicas da Rússia, que como vocês que acompanham nossa cobertura sabem, visa trazer um olhar diferente, seja sobre o aspecto técnico-tático, seja sobre bastidores e curiosidades, seja ainda sobre aspectos sociais, como foi a nossa estreia, onde falamos sobre a conturbada (e injusta) relação entre o povo e a Seleção (clique), onde tocamos na ferida e inclusive, muitos que não conseguem debater em qualquer nível, acabaram até denunciando a publicação, patéticos.

Hoje resolvemos então meter o bedelho na Seleção Brasileira, que é brilhantemente coberta pelo nosso Leonardo Paioli Carrazza, pra que possamos entender melhor (ou não) o que afinal Tite quis fazer com as controversas alterações no empate por 1 x 1 ante a Suíça. O treinador foi bastante criticado e nós aqui vamos fazer o exercício de entender as alterações e até que ponto merecem crítica, além de outros pontos que merecem ser sim, bastante criticados na estreia do Brasil.


O tema chave do texto são as mexidas, mas antes ainda da mais criticada, a inexplicável. Afinal, por que tirar Casemiro do jogo pra colocar Fernandinho? "Ah, mas é por causa do cartão amarelo!", me desculpem, isso é mexida de videogame, não se troca jogador só por conta de cartão na vida real quando se tem um empate no placar, ainda mais por um jogador da mesma função, e com um nível abissal de inferior qualidade em relação ao titular (em termos de Seleção, no City ele é muito respeitado) como o camisa 17, essa inexplicável alteração queimou de forma desnecessária, uma alteração que Tite poderia fazer. A Suíça não iria atacar o Brasil em busca da virada, ok, havia a possibilidade do contragolpe, mas é uma questão de conversar, de avisar ao jogador pra cercar e dar o bote certo, visto que estava amarelado, essa mexida realmente foi a mais decepcionante no meu entendimento.

Agora a grande polêmica, que surgiu muito mais por antipatia, do que por uma análise técnica pensada. Renato Augusto foi trend topic no Twitter durante toda a noite de domingo após o resultado de empate da Seleção, sendo alvo de muitos elogios e mensagens carinhosas por parte dos Brasileiros, mesmo não tendo mais nenhuma ligação com seu ex-clube, o Corinthians. Mas aqui vai uma questão técnica deste "chato" que vos fala que sonha em um futebol analisado sem ódios, paixões e tesões, mas sim pura e simplesmente por aspectos técnicos, ao menos no que tange a atuação das equipes? Afinal, o camisa 8 entrou mal no jogo? Quem realmente entendeu a alteração? 

Pô, quem sou eu pra querer "ensinar" para vocês alguma coisa sobre futebol, o meu grande desejo nesses quase 15 anos acompanhando e comentando o esporte, é uma discussão mais séria, honesta e abalizada do esporte, apenas isso. Mas dentro dessa sobriedade que eu proponho, é muito "fácil" entender a opção por Renato. Uma das poucas coisas que não foi balela na transmissão ao estilo bobo alegre da TV Globo foi o que Casagrande disse (ainda que por chute) e é fato, a Suíça não é mais só o ferrolho de antigamente. Este time tem muita qualidade, nos dois laterais e em todos do meio pra frente, é um time com consciência tática e caso o Brasil se abrisse demais, poderia surpreender no contragolpe. O que Tite iria explicar caso tomasse uma virada na estreia, ante um adversário em tese "tranquilo"?

Nesse sentido, a opção pelo camisa 8, foi para não desorganizar o time e ainda assim aumentar o poder de criação, Paulinho é o elemento surpresa que chega de traz, mas estava preso por conta do quadrado ofensivo, logo, tinha de iniciar com qualidade a jogada, o que não é sua característica. Logo, a entrada de Renato fez com que o Brasil iniciasse seu jogo ofensivo com mais qualidade, mantendo e ampliando a chegada de trás, vale lembrar que ele deixou Jesus na cara pra sofrer um pênalti não marcado e numa infelicidade perdeu chance de gol, mas lá estava, bem colocado. Além disso, manteve a postura tática do time, manteve a pegada no meio, a recomposição, não desorganizou o time.

Muitos pediram, inclusive o próprio colega que está cobrindo a seleção, a entrada de Douglas Costa ou de outro ponta. Concordo com Tite em não fazer isso, pela questão da organização, como já dito e também porque Neymar com seu excesso de individualismo não soltou a bola, só dava ele, cavando falta na intermediária, isso prejudicou demais o time, a entrada de mais um ponta, além de abrir o time seria inútil, Willian mal conseguiu participar do jogo, tamanho era o extremo individualismo barato e pouco objetivo do nosso camisa 10.

Outra questão sobre mexidas, é que disseram das tais trocas seis por meia-dúzia. Ora, nem sempre (ainda bem) o treinador vai ter a possibilidade de fazer uma revolução tática no time, abrir tudo, fechar tudo, mudar totalmente o panorama tático do time. Se um treinador a meio do jogo precisa sempre mudar tudo, é sinal que a opção inicial que teve é uma porcaria, não é assim. Como já dito, o Brasil tinha ainda o empate, se abre tudo e é surpreendido no contragolpe, pegaria muito mal e o técnico, juntamente com a própria seleção, perderia o diminuto apoio que tem da população. A última mexida da mesma posição foi correta, a primeira um excesso de zelo do qual discordo totalmente, isso se resolve na conversa e a troca entre Paulinho e Renato não é da mesma característica, foi uma troca onde tu ganha qualidade, ganha na criação, logo com isso, a meu entender essa crítica é sim injusta.


Como já criticado antes, o individualismo excessivo e longe do gol de Neymar atrapalhou o time, esse jogo de "dar a bola no Neymar e ele resolve" é o que não dava certo antes de Tite, o nosso jogo precisa voltar a ser o de coletividade que gerou o sucesso de Tite, com Neymar, que é dúvida por dores no tornozelo e no pé que sofreram a cirurgia, se jogar, atuando muito mais perto do gol, onde aí sim, o drible, a individualidade e até mesmo a irritante cavada de faltas, pode fazer a diferença.

Adoramos o Tite, mas desde seus tempos de Corinthians, reparamos que suas defesas tomam muitos gols na bola parada, porque os defensores marcam a bola, isso é inadmissível e precisa mudar. Outro aspecto em que discordamos da maioria é na questão da falta em Miranda, no meu entendimento o movimento é muito comum e se em todo lance com esse contato for marcado penal, os jogos serão 20 x 20, só com gol de pênalti, choradeira patética e excessiva da Globo e da CBF, ao invés de reclamar, há que trabalhar para NUNCA MAIS marcarem a bola dessa maneira, como fossem time de várzea. O pênalti em Jesus foi, mas a cena dele ao cair gerou birra no árbitro, que não assinalou, Gabriel já está na Europa, já passou da hora de entender que esse tipo de coisa não funciona, que isso não se repita mais.


Em resumo, no meu entender em um lance sim o Brasil foi prejudicado, mas não foi isso que determinou o empate, mas sim os méritos da boa seleção da Suíça, favorita a se classificar no grupo, ao lado do Brasil e erros que precisam ser corretamente nominados, cobrados com inteligência e corrigidos por quem tem total competência para tal, que é o Tite.



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Imagens: AFP e Inovafoto. 





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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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