Enquanto
as questões jurídicas envolvendo o presidente-nosferatu e o combate à corrupção, através de medidas atropeladas e ineficazes, dão o tom
do debate, o País parecer viver uma fase que não é bem fase
Desorientado, o presidente
Temer não controla, nem mesmo, seu cachorro. Na última semana a
primeira-dama Marcela Temer teve de pular no lago Paranoá, nas dependências do
Palácio do Jaburu, para salvar um dos cachorros que integram a família Temer. Marcela, que não precisava
jogar-se de peito num lago frio para mostrar sua coragem – neste caso, o casamento
basta -, salvou o cachorro que buscava o suicídio, através do afogamento, por
não aguentar mais o presidente Temer, segundo os sátiros. O “dog” é parceiro daquele constrangido pelo presidente no domingo 15 de outubro do ano passado (reproduzo mais
abaixo). Observando com atenção a foto, a feição do cachorro parece ser um
sinal de que as coisas já não andavam bem.
O (Des)governo Temer assiste seu
último ano no comando do País sem muita decisão política e à espera de uma
Marcela que o salve do lago que pode não afogá-lo, mas o deixará nas garras da
1ª instância da Justiça – seria cômica a participação do presidente-nosferatu no programa “Nas Garras da
Patrulha”, do canal cearense “TV Diário”. Denunciado por corrupção passiva, obstrução à investigação
e formação de organização criminosa pela Procuradoria-geral da República, e
investigado pela Polícia Federal nos inquéritos referentes ao chamado Decreto
dos Portos, ele deixará de ter o foro privilegiado após o dia 1º de janeiro de
2019, quando entregará a faixa presidencial ao mandatário eleito em outubro
próximo. O presidente passará a enviar sua equipe de defesa não mais aos
tribunais superiores, mas aos tribunais comuns, aqueles que, para a classe
política, está sendo um verdadeiro moedor de figuras públicas com operações
atabalhoadas, prisões preventivas apenas para prestação de depoimentos,
cerceamento ao direito de defesa e, em último caso, condenação e prisão em
processos frágeis de provas.
Mas Temer não quer ser
jogado às “piranhas” do tanque “lavajatista”. O presidente-nosferatu confabula com seus pupilos do
dito “Centro” – que de Centro não tem nada (clique!) – para manter a
prerrogativa e o poder. No País de quase 14 milhões de desempregados,
Temer quer apenas um cargo que o garanta nos tribunais superiores. Para isso,
não abre mão, nem mesmo, de seus míseros 2% de popularidade.
No último dos movimentos, Michel Temer
estendeu o braço amigo, próprio de tempo eleitoral, ao ex-governador de São
Paulo e pré-candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin (PSDB-SP). O
presidente-nosferatu conversou com o “Santo” das
planilhas de alcunhas da Odebrecht oferecendo apoio do MDB, seu partido, à
campanha do tucano que patina e não alcança 10% nas pesquisas de intenções de
voto.
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter) |
Apesar de as duas legendas
compartilharem da preferência por conspiração, o acordo entre PSDB e MDB é muito
incerto. Ambos não querem ser vistos juntos. Não querem unir um conspirador
nato com um sujeito envolvido em escândalos que vão desde o suco de laranja distribuído
na merenda escolar a desvios na compra de trens e construção de autoestradas. Por isso, o MDB tem mantido o ex-ministro da
fazenda Henrique Meirelles – o do “colapso da Previdência se não houver a
pseudoreforma” - perambulando por fóruns, encontros e outros eventos empresariais
como candidato da legenda à Presidência da República.
Péssimo nas pesquisas de intenções
de votos, Meirelles segura sua pré-candidatura na marra e à base do que sempre fez
brilhar os olhos: dinheiro. O “tempo de casa” que recebeu da líder do ranking
de empresas devedoras à Previdência Social, a JBS dos irmãos Joesley e Wesley
Batista, após ter passado pela direção do conselho administrativo da empresa garante
o financiamento e custeio de sua eventual campanha à Presidência.
Do Supremo Tribunal Federal, “point” de
Brasília neste ano, já que o Congresso e o Executivo só pensam em outubro, vem
a “água” para o “chopp” de Temer. Os ministros decidiram por unanimidade
limitar a prerrogativa de foro para parlamentares, determinando que somente os crimes
cometidos no cargo e em função dele sejam julgados na Corte Superior. Em um
universo de quase 55 mil autoridades – 54.990 para ser mais preciso - com foro
privilegiado, sendo 37 mil pessoas subordinadas ao Poder Judiciário – STF, STJ,
TRFs e TJs -, o entendimento STF atinge apenas 603 pessoas – 513 deputados
federais e 90 senadores da República.
O desejo pelo Fim do Foro Privilegiado,
neste caso, traiu os moralistas de plantão que observavam na medida um meio de
dar celeridade ao combate à corrupção. A morosidade na tramitação de processos
nas Cortes Superiores, que deveria ser tema central da discussão e cobrança,
fez parte considerável da sociedade crer que a melhor saída seria entregar os
parlamentares à 1ª instância, que geralmente são seus colégios eleitorais e, em
muitos casos, onde estão também as relações mais intensas entre os Poderes. A sinergia
dos Poderes nos estados não se compara à confusão da Praça dos Três Poderes, em
Brasília.
Agora, os ministros trabalham para
restringir o foro do Executivo. Caso
siga os mesmos moldes do entendimento tomado para com os congressistas, a
medida coloca “água no chopp” do presidente que, à depender dos togados, pode
chegar à 1ª instância antes mesmo de
janeiro do ano que vem.
E
o Brasil com isso?
Enquanto as questões
jurídicas envolvendo o presidente-nosferatu e o combate à corrupção, através
de medidas atropeladas e ineficazes, dão o tom do debate, o País parecer viver
uma fase que não é bem fase. Ela não passa. A engrenagem que parecia
funcionar bem há alguns anos e que vinha recebendo ajustes dentro do tempo e dos meios democráticos foi tomada por uma ferrugem pseudoconservadora que carrega a mesma linha
entreguista de tempos obscuros do passado.
A contrarreforma trabalhista, aprovada ano passado sob o discurso de modernizadora, surtiu o efeito esperado pelos lúcidos que alertavam para a ausência de devida discussão da proposta e para o desmonte da seguridade social da classe
trabalhadora: o desemprego aumentou(clique!).
O chamado Teto de Gastos, da
Emenda 95, tornou o orçamento público federal inadministrável, inclusive para
a austera “Ponte do Futuro” – que assistiu o País investir ano passado, em
todos os entes federativos, apenas 1,17% do PIB, ou 76,9 bi, pior nível de
investimentos públicos das últimas cinco décadas.
No campo social, bolsas de pesquisas sofreram com represamento de orçamento(clique!); programas sociais passaram
por ajustes ou foram extintos, como o Farmácia Popular(clique!). O Bolsa Família, um dos maiores programas
de distribuição de renda teve quase 400 mil beneficiários excluídos(clique!) apenas
nos últimos meses.
O País que não investe e com isso
eleva todos os piores indicadores – dos setores da economia aos índices sociais
– é o mesmo em que o principal banco privado, o banco Itaú, teve lucro líquido de 6,28 bilhões nos três primeiros meses do
ano. É o mesmo, também, que tem entre seus presos um ex-ministro de Estado dono
de um apartamento com 51 milhões de reais em espécie, ou em que o cachorro do
ministro de Minas e Energia, Moreira Franco (MDB-RJ), precisa ir à terapia. É o
país animalesco que vamos levando às costas dos mais fracos.
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