Nesta sexta (4), uma crise que já se apresentava dentro de campo no Vasco teve seu estopim após a invasão de torcedores a São Januário, que trouxe desdobramentos no clube, com a demissão dos vice-presidentes ligados a chapa que elegeu Alexandre Campello como mandatário do clube, mas afinal, qual efeito prático pode ter esse tipo de protesto no campo?


A decisão da invasão veio após a confirmação na Libertadores com a goleada ao lado retratada, um 4 x 0 frente ao Cruzeiro onde o time demonstrou sim muita luta, mas uma grande incapacidade defensiva

Mas como sempre colocado aqui pelo nosso cronista do Papo de Torcedor Luciano Amaral, não se poderia numa avaliação justa e de cabeça fria não havia como imaginar o clube fazendo uma grande campanha na competição, ainda mais após todas as transações feitas na transição e por esta gestão atual do clube, que desfalcaram o elenco cruzmaltino.


Este é o grande ponto da discussão, o Vasco vinha num processo político de mudança, no processo que envolveu os sócios do clube Julio Brant foi eleito com uma plataforma política de transformação e ruptura com o modelo de décadas de Eurico Miranda, que sugou as finanças e inclusive o tão pregado respeito do clube. Porém Campello que era da chapa de Brant, foi cooptado por Eurico e numa eleição indireta o poder passou para ele.

Mas por que contar essa história que todo mundo já sabe? Para ilustrar, sob a luz de Eurico, Alexandre vem impondo um estilo de gestão como o do mandatário anterior, de forma autoritária e isolada vem tomando decisões que o afastaram do grupo que o apoiou, o Identidade Vasco. Após a invasão, houve uma discussão entre o presidente e o vice de futebol e um dos grandes apoiadores Fred Lopes deixou o cargo e expôs o racha interno que culminou com a saída divulgada hoje dos 12 vice-presidentes ligados ao grupo, que isolam o atual presidente.


Sem nenhum puritanismo, um mandato que começou com uma traição e um golpe como este e que começa a mostrar um velho conhecido autoritarismo não poderia ter outro caminho que o isolamento, questionado pela repórter Aline Nastari do Esporte Interativo, sobre suas ações, o mandatário disse que: "Mudanças estão acontecendo e isso incomoda". Que mudanças? O balanço foi feito sem a anuência do VP Financeiro, negociações conduzidas sem o conhecimento do depto de futebol e que não tem causado diferenças práticas e visíveis nas finanças do clube, além da forte presença de Carlos Leite lá dentro, o que o Vasco tem ganho com isso? Quais os jogadores diferenciados que ele tem trazido para o clube? Está claro que nessa relação o Vasco tem perdido muito mais do que ganhado e isso não representa uma evolução no clube.



E nisso chegamos a invasão de campo. Não cabe aqui comentar se houve ou não facilitação, se foi manobra política ou não, o sentido da crônica não é este.

O que precisa ser dito é que independente da qualidade deste elenco, ele é feito de jogadores esforçados, tem um comandante que tira o máximo que este grupo pode dar, o problema definitivamente não é de falta de vontade, ou que o time seja sem vergonha. Sobra vergonha na cara de Zé Ricardo e seus comandados, o que falta é qualidade e isso não se muda com protesto, com pressão.

Não dando valia ao que foi feito, pessoalmente sou totalmente contra qualquer tipo de invasão. Mas se era algo pra se protestar, pra se mostrar a indignação em relação a situação do clube não se deveria nem ter ido até o gramado, deveria se ter tomado diretamente o caminho da sala da presidência do clube. Afinal, nenhum destes jogadores que aí está colocou uma arma na cabeça de ninguém no clube pra ser contratado, nem faz corpo mole, vários deles inclusive são do empresário amigo de Miranda e Campello. Quem tem de ser cobrada é esta direção (ilegítima) do clube.

Á propósito, neste sábado (5), o Vasco venceu em São Januário o América/MG por 4 x 1, vitória importante, em confronto que no futuro pode fazer diferença, importante pra aliviar a pressão sobre o Zé, mas que não tem nenhuma relação com o incidente, afinal não era problema motivacional e não muda o problema administrativo do clube. Enquanto o clube for gerido dessa forma, a tendência é o ambiente seguir tenso e as cobranças devem ser direcionadas aos verdadeiros responsáveis pelo atual momento do time.



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Imagens: Globoesporte, Reprodução Web. 



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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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