67ª Semana de “Dória é passado, presente e futuro” à “poucas mudanças”  




Dória já foi. Não se surpreenda caso o ex-prefeito apareça em um restaurante, padaria ou feira-livre próxima a sua residência, como já dito semana, degustando com nojo um "pingado", pastel ou coxinha de frango, como candidato do PSDB à sucessão de Geraldo Alckmin. Dória é passado na Prefeitura, presente enquanto candidato a ser combatido no debate político, observando minuciosamente as muitas contrariedades de seu discurso, e com isso repreendido no futuro, nas urnas em outubro. 
 
Foto: Veja SP;
Vestido com paletó cinza e gravata laranja, o elegante Bruno Covas (PSDB-SP) assumiu a Prefeitura com alteração no corpo de secretários. Ao todo foram sete mudanças. Bruno trocou os comandantes das secretarias de Casa-civil, Prefeituras Regionais, Serviços e Obras, Mobilidade e Transportes, e Justiça. Covas também mudou a chefia de seu gabinete e a presidência da Companhia de Engenharia de Tráfego, a CET. 

Para a Casa-civil, ocupado pelo mesmo Covas na então administração Dória, o prefeito recém-empossado nomeou o vereador Eduardo Tuma (PSDB) para articulação do executivo com a Câmara Municipal. A pasta foi criada por Dória para readequar o então vice-prefeito Bruno Covas (PSDB-SP), que comandava a secretaria de Prefeituras Regionais quando Dória perdeu fôlego nas pesquisas de avaliação, ainda no ano passado, por conta de críticas à zeladoria da cidade. 

O ex-secretário de Mobilidade e Transportes, Sérgio Avelleda, assume a chefia de gabinete do prefeito Covas. No lugar de Avelleda, João Octaviano Machado, ex-presidente da CET, assume a secretaria, agora somente, de transportes – o termo “mobilidade” foi tirado do nome. 

Outra secretaria importante, a de Prefeituras Regionais, também ficou sem comandante com a saída de Dória para a corrida eleitoral pelo governo do estado. Bruno Covas (PSDB-SP) readequou Marcos Penido, da Secretaria Municipal de Serviços e Obras – que agora se chama “Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras”-, para chefiar as 32 prefeituras regionais da cidade. Com Penido, a Secretaria Municipal de Prefeituras Regionais, além de coordenar os trabalhos de zeladoria, também será responsável pelo serviço funerário e iluminação pública da capital. A última tem gerado imbróglio jurídico com o suposto pagamento de propina na tramitação da PPP da Iluminação que veio a público com o vazamento do áudio da ex-diretora do Ilume, Denise Abreu, na 64ª Semana (clique!).

O escândalo de corrupção envolvendo a PPP da Iluminação, que consagrou o consórcio FM Rodrigues/CLD como vencedor do certame que pagará 7 bilhões por vinte anos de administração, segue a “ordem do dia” do País e, em tratando-se de um político do espectro político mais à direita, não o é levado ao público com escândalo. Com exceção dos jornais impressos, especialmente o jornal Folha de S. Paulo, e portais ligados a movimentos sociais e sindicais, de oposição à dita gestão de Dória e Covas, outros canais de informação que cobrem a administração municipal andam colaborando o esquecimento de mais esta polêmica, que não é a maior, da gestão, outrora de Dória, hoje de Covas.

O ex-prefeito João Dória deixou a Prefeitura como réu em uma ação pública impetrada no Ministério Público pedindo que se investiguem as supostas irregularidades na PPP da Iluminação. Além de tornar João Dória réu, o juiz Alberto Alonso Munõz também suspendeu o contrato da Prefeitura e FM Rodrigues/CLD. Bruno Covas (PSDB-SP) comentou que recorrerá da decisão, mas que não irá descumpri-la e que a mesma FM Rodrigues/CLD fará a manutenção da iluminação pública de maneira emergencial enquanto não se encerra as investigações ou mantenham-se as decisões judiciais. Trocando em miúdos, o consórcio investigado manterá vínculo emergencial, como fazia antes do contrato assinado com a PPP, com a Prefeitura enquanto se investiga supostas irregularidades da mesma relação: Prefeitura e FM Rodrigues/CLD
 
Foto: Jornal Folha de S. Paulo;
A primeira semana de Bruno Covas (PSDB-SP) extrapolou o campo jurídico, e as suspeitas de corrupção, e intensificou o ataque, já marcante desta administração, a grupos de pessoas marginalizadas. Esta semana foi de mais ações policiais e conflitos na região da Cracolândia, no Centro da cidade. Desde maio do ano passado, quando o então prefeito João Dória e o também então governador Geraldo Alckmin comandaram ação policial na Cracolândia, a região Central é campo de conflito permanente entre dependentes químicos e as forças policiais. Sem plano de ação definido e atropelando movimentos sociais de atuação junto a dependentes químicos há anos, e com intuito somente de criar um espetáculo, a ação, à época, apenas serviu para a dispersão de usuários por mais ruas do Centro. Também à época, esta coluna comentou as tratativas puramente especulativas, com planos de revitalização da região em parceria com a iniciativa privada, lançada pelo ex-prefeito Dória.


A decisão do desembargador Galvão Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo, pelo despejo de moradoras da quadra 36, também na região da Cracolândia, nesta semana, marcada para a manhã de segunda-feira (16), vem corroborar a ideia de que rostos e corpos pobres e miseráveis daquela região estão sendo usados como massa de manobras para projetos pouco transparentes e de especulação imobiliária. O desembargador autorizou o despejo atendendo a um recurso do governo do estado que pretende utilizar o terreno para a construção do hospital Pérola Byington, por meio de Parceria Público-Privada. Certamente, há cobrança de empresários-parceiros por ação do governo do estado. 

A região é de interesse tanto do governo do estado como, e principalmente, também da Prefeitura de Covas. E, parece que Bruno não se importa muito com as agitações sociais. Enquanto “o mundo caía”, Bruno ainda ajustava sua administração. O prefeito recontratou Fábio Lepique, seu braço direito e tempos de secretaria de Prefeituras Regionais.  Lepique havia sido exonerado por Dória quando as pesquisas de avaliação apontavam problemas na zeladoria da cidade e volta, agora, para ocupar o cargo de secretário-executivo do gabinete de Bruno Covas (PSDB-SP).

Covas ainda participou de um encontro com o governador Márcio França (PSB-SP) na sede da Prefeitura. Em post nas redes sociais, o prefeito disse que “temos [ele, Covas] sempre que deixar questões partidárias e eleitorais de lado e pensar no que é melhor para a população” e “quem ganha com a ação conjunta da Prefeitura com o Estado é o povo!”.  

O encontro não pegou bem entre apoiadores de Dória. Bruno, que é do PSDB, para estes “dorianos”, estaria proibido de manter contato com o governador porque Márcio França (PSB-SP) concorre com Dória na corrida pela sucessão de Alckmin. O cronista compreende Bruno Covas. Imagino como deve ser difícil ter amizade, mesmo que apenas política, com o histérico candidato João Dória (PSDB-SP). A entrevista de Dória a seus colegas da Rádio Jovem Pan, nesta semana, é sessão de histeria, descontrole e ataques desmedidos de um, ainda, pré-candidato. Dória dá amostra do baixo nível que será o debate com ele na corrida (reproduzo abaixo). E olha que o cínico Dória ainda não é político e apenas gestor. 

 Vídeo: Reprodução / Canal "Jovem Pan News", no Youtube; 
Na semana, a Prefeitura ainda firmou parceria com o Centro Universitário Ítalo-brasileiro para disponibilizar o curso de Língua Portuguesa aos 161 refugiados venezuelanos que vieram de Rio Branco, capital mais pobre do País, e que estão em um ponto Centro Temporário de Atendimento na região do Canindé, Zona Norte da cidade. 
 
Imagem: Reprodução / Conta de Bruno Covas no Instagram;

Bruno Covas encerrou a semana não diferente das semanas com Dória. Com a diferença de que não traja camisetas estilizadas com programas da Prefeitura ou se fantasia com uniformes, o prefeito participou de mais uma etapa do programa Cidade Linda. Com uma broxa na mão e balde com cal dissolvido em água, Bruno Covas, entre outras ações, pintou muros e guias na região do Jaçanã e Tremembé, na Zona Norte. Bruno ainda usou as redes sociais para comemorar o aniversário de 106 anos Santos Futebol Clube, time de futebol para qual torce. 
Imagem: Reprodução / Conta de Bruno Covas no Instagram;

 


Apesar da saída de Dória para concorrer ao cargo de governador do estado, o quadro "Semana do Gestor" continuará acompanhando os fatos que mexem com a maior cidade do País. A saída de Dória leva à chegada de Bruno Covas. Dória diz que Bruno seguirá com a "gestão". Será? Continue acompanhando a Mais SP.
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Claudio Porto

Jornalista independente.

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1 comments so far,Add yours

  1. Uma coisa é certa, seria muito melhor para a cidade se o neto NÃO seguisse o modelos de "gestão" deste Publicitário.

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