Vamos acompanhar semanalmente o mandato do prefeito tucano João Dória à frente da Prefeitura de São Paulo. O Gestor, como ele bem frisa, terá muito trabalho no comando da maior cidade da América Latina, e estaremos atentos a todas as suas ações. Portanto, todo sábado, traremos aqui um compilado do que o mandatário realizou em suas atribuições.


51ª Semana De "estresse" pós-perifa à enfim férias 

Assim como em outras semanas, esta também inicia-se no sábado, dia em que o prefeito comemorou seus 60 anos e autopresenteou com a visita à verdadeira "perifa" – ainda que, para o meu editor-chefe, ele tenha ido ao "centro" de Guaianases.

Se pela manhã, em suas publicações, não poderia ser diferente, Dória mostrava-se feliz com a ida à Guaianases, em um dia especial para ele. À tarde, deu "piti" na entrega da recém-revitalizada - numa parceria da Prefeitura com o Consulado Italiano - Praça Ramos de Azevedo, no Vale do Anhangabaú, no Centro. De acordo com alguns presentes, o prefeito estava estressado com a "enrolação" do cerimonial, repetindo, por vezes, que havia acordado às 6 horas. "Estou acordado desde às seis horas", gritava Dória sobre os servidores do cerimonial, conta um interlocutor à Mais SP. Será que o estresse e o "piti" são "efeitos colaterais" de uma visita à genuína "perifa"? Se forem, os servidores pedem que deixem Dória distante dos extremos da cidade, ao menos para não serem, mais uma vez, ponto em que o prefeito descarrega seus destemperos.


Vídeo: Reprodução / canal "João Doria News" no YouTube

Antes de seguir com a semana, Doria deu uma pausa espiritual e promoveu um culto ecumênico nas dependências da Prefeitura, aquela subordinada à Constituição dita laica, com as presenças do padre Marcelo Rossi, do bispo Dom José Negri e do pastor evangélico Davi Seiberth Arantes. 


Imagem: Blog do Farnésio Quer Saber de Política?

Após o momento religioso cristão, de certa forma desrespeitoso com as profissões de fé deixadas de lado pela celebração, o prefeito seguiu com entregas e anúncios. Dória entregou mais uma praça, a Cidade de Milão, na região do Ibirapuera, também revitalizada em parceria com o Consulado da Itália e empresários ítalo-brasileiros; na segunda-feira (18), esteve em São Mateus inaugurando o 13° posto do CTA - Centro Temporário de Acolhimento, e na quinta (21), inaugurando o 14° CTA da cidade, desta vez localizado no Parque Novo Mundo, na Zona Norte. No ato de entrega, o prefeito garantiu que entregaria mais dois CTAs até o final deste ano, mas isso mudou com o “andar” da semana (assista atento(a) ao vídeo abaixo e guarde o número de CTAs prometidos por ele). 


Vídeo: Reprodução / canal "João Doria News" no YouTube

Os postos de acolhimento surgiram quando o prefeito observou ser inviável a construção dos "Espaços Vidas", promessa de campanha que minguou e rapidamente tornou-se na rede de CTAs de atendimento "temporário" e não permanente como o prometido com os "Espaços Vida". 

Ainda na semana, Doria recebeu a visita de um ministro do (des)governo, o ministro de Desenvolvimento Social Osmar Terra, que trouxe com ele 12,9 milhões de reais em recursos a serem injetados na pasta de assistência e desenvolvimento social da Prefeitura chefiada pelo empresário Filipe Sabará. O valor, sinal de apreço e de uma aliança entre o (des)governo Temer e Dória, será aplicado nos poucos programas sociais - levando em conta, aqui, somente o Trabalho Novo e a manutenção dos CTAs - da atual administração. 


Imagem: Portal Humor Político
Em uma das já tradicionais reuniões com consulados, o prefeito anunciou o recebimento de mil câmeras de segurança, doadas pela comunidade chinesa, e, para janeiro, a chegada de um drone para outro programa criado por Doria - mais um voltado exclusivamente para o Centro -, o "DronePol", contando com o uso de drones para auxiliar nas rondas da Guarda Civil Metropolitana. 


Ainda no campo de políticas e avanços visando a zona central da cidade, a edição de quinta (21) do jornal Metro levantou números de fornecimento e qualidade da energia pública na capital (clique!). De acordo com a reportagem, usando de números do Mapa da Desigualdade da Primeira Infância, da rede Nossa SP, os 5 bairros mais bem iluminados estão no Centro, sendo eles Sé, Liberdade, Santa Cecília e Jardim Paulista, região de 18 km quadrados e que concentram 300 mil moradores. A desproporcionalidade apontada pelo jornal está no número de bairros que enfrentam iluminação precária. De acordo com levantamento do Metro, são 23 bairros com problemas em iluminação pública, que representa uma área de 870 km quadrados, onde vivem cerca de 3,5 milhões de paulistanos. Assim como a cidade está com o sistema de ônibus sendo regido sob contrato emergencial, com todo o ônus para a Prefeitura, a iluminação pública também está sob contrato de emergência e aguarda pela parceria público privada, que promete repassar 7 bilhões de reais a empresa vencedora, emperrada no Tribunal de Contas do Município. Enquanto isso, a iluminação pública está sendo gerida pela empresa FM Rodrigues, escolhida sem licitação e com valores omitidos pela atual administração. 


Por falar em sistema de ônibus, a Prefeitura aproveitou a semana para lançar a nova e efetiva licitação para o transporte coletivo municipal. Doria e o secretário de mobilidade e transportes, Sérgio Avelleda, apresentaram as novas regras para a contração das empresas de ônibus a partir de 2018. Uma das regras prevê a redução no itinerário de algumas linhas e o aumento de baldeações para o usuário. A proposta não é muito diferente do que a SPTrans, sob a gestão Doria, tem feito desde o início do ano com a extinção de ao menos 80 linhas e o aumento de transferências, com o fim de linhas que ligavam o bairro e a região central. A licitação ficará em consulta pública até fevereiro para a discussão dos usuários. 
Para representantes de organizações ligadas a mobilidade, a Prefeitura errou em pautar a licitação para um período de férias e festas. Para eles, a discussão será enfraquecida e o tema não será devidamente debatido. Além da licitação, Doria confirmou que haverá reajuste na tarifa do transporte coletivo para o próximo ano. Comentam em R$ 4,40 para ônibus, trens e metrô – o cronista acredita em R$ 4,20.

A inserção de um assunto importante para os paulistanos, como o novo contrato com as empresas de ônibus – de diretorias, no mínimo, mafiosas -, para a temporada de férias, corrobora a máxima de que Doria e seu secretariado não têm muita afeição a participação popular na administração. Esta percepção ganhou força após a desastrosa eleição para o Conselho Participativo Municipal, o CMP, na 49° Semana. O Ministério Público decidiu, nesta semana, abrir investigação e cobrar explicações da gestão Dória para a comunicação falha e a desordem do domingo destinado à votação dos novos conselheiros do CPM. A investida do MP vem após burburinhos de que o aspecto desordeiro da eleição teria sido proposital para o enfraquecimento do Conselho.

O prefeito encerrou a semana, e seu primeiro ano à frente da Prefeitura, antes mesmo de tudo terminar. Dória entra de férias, parte para uma ilha – preferiu não informar - e só deve voltar ao trabalho no dia 1° de janeiro. Enquanto isso, a Prefeitura estará sob o comando, nos primeiros cinco dias, do vice-prefeito Bruno Covas, e nos cinco dias finais, sob os “cuidados” do presidente da Câmara, vereador Milton Leite.

Antes de partir para uma “pseudotemporada de férias”, o prefeito entregou o 15° CTA, localizado em Santana, na Zona Norte. Contraditoriamente, Dória, além de ter gravado o vídeo com antecedência e não ter ido ao novo posto de acolhimento, também cometeu o equívoco em dizer que a promessa é de 15 CTAs até o final deste ano, quando ele tinha garantido (vídeo publicado junto ao 4° parágrafo deste artigo), na 49° Semana, que a Prefeitura iria inaugurar 16 novos CTAs. Na ansiedade em viajar – faz um tempo que o prefeito não “dá seus rolê” de jatinho-, Dória mantém o que fez durante todo este ano:  máster em “meter os pés pelas mãos”. 


Vídeo: Reprodução / canal "João Doria News" no YouTube


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Claudio Porto

Jornalista independente.

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2 comments so far,Add yours

  1. Confesso Claudio que não tenho certeza de onde ele foi, mas duvido muito que ele tenha conhecido todo o bairro de Guaianases, principalmente o que tange as áreas mais afastadas da Estação de Trem, a região central e comercial do bairro, onde moro onde o equipamento público é uma FUNDAÇÃO CASA ele não passou não.

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  2. Aliás, cada vez pior o sistema de transportes de SP, o usuário não tem mais a opção de DESCANSAR em uma viagem de ônibus direta da região central até sua residência, fora o risco de perder o prazo de APENAS duas horas de integração. Além claro do fim de benefícios como as recargas semanais e o direito ao estudante e trabalhador de usar o crédito mensal e ter incluso no valor comum do transporte o deslocamento para atividades culturais e de lazer. Para Dória, isso não é importante, o BEM ESTAR do cidadão que depende efetivamente do serviço público (e não o da região central, que ele tenta SEM ÊXITO "cuidar" lindamente) não é importante.

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