O recesso parlamentar
começou e Temer já tem o que fazer nas próximas duas semanas: comprar
O presidente Michel Temer, como bom capitalista neoliberal,
irá às compras nesse período de recesso
do Congresso Nacional. Ele, que já tinha distribuído Emendas Parlamentares sem
muitos critérios, agora tenta trazer o maior número de deputados para o seu
lado, o lado do PMDB.
 |
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter) |
Contando com o mesmo rito de impeachment, inclusive com a,
de acordo com a revista Veja, transmissão
ininterrupta da TV Globo, a tramitação
da admissibilidade da denúncia por crime de corrupção passiva contra o
presidente está levando Temer viver seus áureos de parlamentar. Enquanto
deputado federal e exercendo a presidência da Câmara por duas vezes (1997 –
2000 e 2009 – 2010), certamente o presidente Temer já “domava as feras”. E
mais, como autor de diversos livros no ramo do Direito Constitucional, ele sabe
usar dos dispositivos legais previstos na Constituição, a qual ele participou
como um dos constituintes.
 |
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter) |
O montante de R$ 1,5 bilhão em Emendas Parlamentares
entregues ao Congresso, somente no primeiro semestre deste ano, pode ser pego como
exemplo das artimanhas do presidente. Ele usou-se de um instrumento legal para,
escrachadamente, comprar parlamentares, tanto para apoiar o arquivamento da
denúncia, contra ele, enviada pela Procuradoria Geral da República, e assegurar
a aprovação da Reforma Trabalhista no Senado Federal. Aliás, as negociações
entre Planalto e senadores traziam, como contraproposta, o envio de uma Medida
Provisória do governo Federal, após a sanção, para rever alguns pontos da
Reforma. As mudanças na CLT foram sancionadas e Temer, conhecedor das vontades
do Parlamento, não comentou nada sobre a MP, isto já depois de o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), garantir que não fará esforços para pautar a
Medida no plenário. Entre as mudanças prometidas pelo Executivo estão esclarecimentos
para a questão de gestantes e lactantes trabalharem em locais insalubres e
melhores definições para os contratos intermitentes. Como a MP não deve ser
enviada e, se enviada, vai encontrar muita resistência da Câmara Federal, as
mudanças se mantém como aprovadas: enterrando a seguridade.
 |
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter) |
A reforma Trabalhista foi muito comemorada por Temer. Ele e
os seus “parceiros” saíram para destacar a importância da tal modernização das
leis trabalhistas. Sordidamente, para um País de 14 milhões de desempregados, venderam
a reforma, que faculta a obrigatoriedade de direitos, como sendo necessária
para a retomada de postos de trabalho. De acordo com o Siga Brasil, portal de transparência do Congresso, somente no Senado
Federal, a Reforma custou R$ 222 milhões, sendo R$ 7,5 milhões repassados ao
relator da proposta, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES). No topo da lista dos
que mais receberam em Emendas, estão o senador José Serra (PSDB-SP) e a
senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), ambos favoráveis às mudanças na CLT, com R$
9,6 milhões e R$ 9,4 milhões, respectivamente. Nesta
compra, Temer pagou e entregaram o que ele queria.
 |
Imagem: Reprodução / Siga Brasil |
Ainda de acordo com o Siga
Brasil, o “mito” das redes sociais, militar aposentado batizado em águas
israelenses, lidera a lista de repasses de Emendas Parlamentares, moeda de
troca de Temer, dos últimos três anos. O Siga
da conta de R$ 18,5 milhões repassados ao deputado do PSC do Rio de
Janeiro. Estado que enfrenta uma crise financeira e, quase, humanitária sem
precedentes. Na lista tida como a “tabela
de preços”, onde cada deputado tem o preço de seu voto revelado, o portal de
transparência diz que este mesmo deputado, o “mito” das redes, conseguiu R$ 5,4
milhões em Emendas.
 |
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter) |
Muito me espanta, ter
entre os dez que mais receberam Emendas nos últimos três anos, os dois
deputados que mais criam conflitos nas redes sociais, ambos representantes do
Rio de Janeiro.
 |
Imagem: Reprodução / Siga Brasil |
O cantor e deputado pelo PRB de São Paulo, Sérgio Reis, libera
a “tabela de preços” tendo recebido este ano o montante de R$ 8,3 milhões em
Emendas. Entre os dez primeiros estão figuras bem conhecidas como os deputados
Celso Russomano (R$ 7,4 milhões) e Paulo Maluf (R$ 6,6 milhões).
 |
Imagem: Reprodução / Siga Brasil |
Segundo a ONG Contas
Abertas, somente entre os meses de maio e junho (meses em que a denúncia da
PGR contra Temer tomou conta da Câmara), o governo aprovou o repasse de R$ 134
milhões em Emendas a 36, dos 40, deputados, incluindo o relator do parecer
alternativo, favorável a Temer, deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que votaram
pelo arquivamento da denúncia. Nesta compra, Temer precisou parcelar em duas
vezes. A primeira parcela foi paga e o relatório contra o prosseguimento da
denúncia seguiu para plenário, onde dia 02 de agosto, quando vence a segunda
parcela de Temer, será apreciada pelos deputados. Eles terão que apresentar,
com cara e coragem, que estão do lado do presidente, contra a permissão para se
investigar fatos relacionados aos encontros noturnos no Jaburu e a tal mala de
Rocha Loures, o furador de filas de tornozeleiras eletrônicas.

Os parlamentares encerraram suas atividades na terça (18).
Nesta mesma terça, pela manha, Temer saiu com sua comitiva para lançar
investidas em deputados dissidentes do PSB. O partido que já saiu da base
aliada e que agora se alinha em oposição a Temer está vendo alguns deputados
deixarem a legenda e isto muito interessa ao presidente. Ele está decidido em impedir
que esses deputados deixem o PSB para fortalecer o DEM, partido do primeiro na
linha sucessória, presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). O
presidente tenta trazer os deputados para o seu partido, o PMDB, onde tem mais
controle.
Se for preciso comprar, ele comprará. Pelo retrospecto recente,
ele não hesitará em sair à compras com Emendas ou outros mecanismos constitucionais nos bolsos e carteira.
Deixe seu comentário:
0 comments so far,add yours