Se no cinema mundial, “sexta-feira 13” é considerada o fatídico dia de terror e horripilação, na Política republicana brasileira, a quarta 17 de maio foi o fatídico dia em que tudo desandou, ou não.


Assim que o jornal O Globo, através de seu colunista Lauro Jardim, vazou as delações dos batista, Joesley e Wesley, apontando a indiscriminação, ou seja, a pior das “surubas” para o povo brasileiro, o Brasil, pasmem, assistiu as delações na íntegra; de certa forma, comemora uma levíssima alta no PIB e, inertes, não observam trocas estratégicas no corpo ministerial. Em nome da liberdade, os batista, delataram. Em nome da Justiça, para Temer, a Transparência. Para os agentes econômicos, metodologias alteradas. Para o povo esta peça chinfrim. 

Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)


Não poderia ser melhor. Dois sujeitos, goianos, empresários e de nomes autênticos evidenciaram com um gravador que o presidente Temer não dorme cedo e que, para o bem do status quo, “tem que manter isso, viu?”. As delações homologadas pelo STF abalaram, ainda mais, o cenário político que, no primeiro momento, não soube lidar com o envolvimento de 1800 políticos de partidos e, em tese, ideologias distintas. Por um longo período, milhões de reais foram desviados para o pagamento de propina ou “custos com defesa” em ações que já investigam desvios e fraudes. Quando Joesley desenrola diálogos com políticos, inclusive presidente da República, como ouvimos nas gravações, a indignação definida como sentimento de cólera¸ em suma, ódio e raiva, deveria aparecer como resposta da opinião pública a estas conversas. Mas não foi e não é isto que vemos. O País, em sua maioria, tratou as gravações assim como tem tratado as reformas e imposições do gravado, com tranquilidade e indiferença que envergonhariam os saudosistas das Diretas Já. Se outrora jovens foram às ruas contra o totalitarismo militar com a esperança de dias melhores, os dias melhores acredita que o descredito político credencia Temer a ficar, mesmo que tenha ficado clara a obscuridade de seus encontros no Jaburu.  Talvez tenha sido esta a razão não ter ficado no Alvorada – por conceito: despertar da manhã e como as gravações mostram, o presidente, nosso nosferatu,  prefere o noturno.
 
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Há pouco mais de 1 ano, o “messias” era invocado e o “Gigante” acordado. O brasileiro foi às ruas e deu no que deu. Da ultima vez que uma gravação foi divulgada, o “Fred”, não o do Galo, serviria como arauto de Aécio, Perrella superara Beira-Mar em seus negócios, a famigerada mala voltara à cena com Loures e Temer, de fato, obstruira a justiça.  Neste panorama, Temer anuncia que não renunciará, OAB protocola um improvável impeachment, os parlamentares pipocam ao som de Bell Marques e o País, este segue, agora, com Jardim na Justiça e 1% de crescimento no PIB. 


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Torquato Jardim no lugar de Serraglio é um óbvio ataque ao Judiciário submetido ao ministério da Justiça – Policia Federal -. O ministro que ocupava a Transparência de Temer assumiu destratando a imprensa em coletiva e sem garantir a manutenção dos homens de frente, delegados, nas operações que investigam a corrupção política. Paralelo a isto, Osmar Serraglio se negou a substituir Jardim na pasta da Transparência e voltou ao seu lugar na Câmara como deputado federal pelo Paraná. Ele voltou ao lugar que, enquanto esteve a frente da Justiça, era ocupado por Rocha Loures, preso no ultimo sábado (03), depois das imagens com a mala.  
 
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Em meio a tudo isso, números atualizados do PIB foram divulgados. Crescimento de 1% comemorado a todos os velhos pulmões da Política nacional. Deste crescimento, 0.8% vem da super safra de grãos de soja e milho que já era esperada. Em suma, a comemoração se deu mais pelo momento político do que pela porcentagem mesmo. Vale lembrar que houve várias alterações na metodologia usada pelo IBGE.
 
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 Talvez a TV Globo, em 64, de tão visionaria que é, tenha apoiado o Regime Militar planejando colocar no ar uma série, agora, em 2017. Se “Os dias eram assim”, os dias, hoje, podem ser menos violentos, mas também “são assim”: o presidente da República, o mesmo que impõe Reformas, não se sujeita a uma reforma, é pego por gravações e nada acontece. Tudo desandou, mas, infelizmente, nada aconteceu.      

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Claudio Porto

Jornalista independente.

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