Amigos santistas, estou de volta de merecidas férias. Confesso que as notícias do mundo da bola não eram exatamente as melhores: os pais de Rafael Longuine faleceram num acidente – pelo qual a equipe do Jovens Cronistas gentilmente mandou os pêsames, e agradeço por isso; a Ponte Preta não foi nem sombra do time resoluto e organizado que nos despachou e engoliu o Palmeiras, resultando em mais um Paulista pra conta do Corinthians, que voltou a se achar um supertime; o Santos oscilou novamente, sendo engolido pelo Flu no Rio e parindo uma vitória apertada contra o Coxa na Vila graças unicamente aos milagres de Van der Ley, a reencarnação brasileira de van der Sar. Estes são 3 pontos que não merecíamos, definitivamente.

QUE HOMEM!!!

    As boas notícias vieram, todas, no naipe de Copas. O Santos despachou o Paysandu na Copa do Brasil, provando pela enésima vez que no quesito torcida, tamanho não é documento, o importante é saber usar. (Não que o Santos e sua mania de mandar jogos na Vila para 3 mil pessoas saibam, mas isso não vem ao caso agora). E na Libertadores, tivemos o que foi possivelmente nosso melhor resultado no semestre, em termos de poder de recuperação. Após termos nosso melhor jogador da temporada expulso, jogando sem oxigênio na Bolívia, conseguimos através do talento de Lucas Lima, de uma imbecilidade de Pablo Escobar e de uma defesa resoluta, garimpar um gol e segurar um empate que nos classificou. De forma que chegamos ao jogo de ontem apenas para garantir o primeiro lugar do grupo e alcançar uma classificação um pouco melhor – que não é mais tão relevante dado que o mata-mata desta edição será feito por sorteio.

Pra um jogo que não valia nada, o jogo de ontem valeu bastante. Tudo bem que o adversário era frágil e não conseguia defender o volume de jogo que o Santos teve, mas mesmo assim, pra quem está com problemas graves para marcar gols, conseguir fazer 4 x 0 num time encaixotado na defesa é um bom sinal. E sem precisar de expulsões, desta vez. Além disso, vimos atuações boas de jogadores que estão tendo um 2017 ruim: Victor Ferraz foi bem no apoio e deixou poucos espaços na tradicional Avenida Ferraz (embora talvez porque o Sporting Cristal atacou pouco). Vitor Bueno fez gol e se mexeu bem, aparecendo constantemente para concluir, enquanto nosso veterano Pastor também foi às redes, algo que se tornou inexplicavelmente raro desde a virada do ano.

Os dois últimos fatos estão interligados. Sem um condutor-passador de ofício na ausência de Lucas Lima, Dorival optou por não fazer uma substituição de igual por igual – até porque o reserva do camisa 10 é Longuine, que não consegue substituí-lo à altura. Ao invés disso, Oliveira tem saído mais da área quando o time tem a bola, aproveitando as infiltrações de Bueno, Copete e Hernández. Tem dado certo particularmente para o jovem meia brasileiro, que já fez dois gols nos últimos três jogos e parece estar voltando a ser o jogador dinâmico do ano passado. O que é ótimo. Precisamos muito que jogadores como ele, Ferraz, Thiago Maia e Zeca voltem à sua melhor forma se quisermos brigar por algum título.

Por fim, um elogio que não é elogio. Dos últimos 5 gols do Santos, nada menos do que TRÊS foram de David Braz, que também já havia deixado sua marca com um bonito voleio contra a Ponte Preta. Isso inclui o gol que nos deu a vitória contra o Coritiba, no sábado. Obviamente o zagueiro tem sido muito festejado, inclusive perguntado por um repórter no fim do jogo se a posição dele de verdade era zagueiro ou atacante. (Braz não entendeu a pergunta e respondeu “Deus é fiel”. Deixa quieto). A pergunta foi feita em tom de brincadeira, mas provavelmente acertou mais do que o repórter imagina. Talvez Braz queira – ou deva – tentar a sorte como substituto de Ricardo Oliveira, pois o fato é que, gols à parte, nosso amigo Michelangelo está devendo lá atrás, fazendo o que é sua função: defender.

Alegria na frente, pânico lá atrás. Só mais um dia na vida da defesa com David Braz.

A tendência natural dos zagueiros é ficarem menos afobados e estabanados conforme ficam mais experientes. Defensores de respeito como Lúcio, Nesta, Puyol, Sergio Ramos, Carragher foram, um dia, um “cachorro louco” que saía correndo pra dar um bote errado e deixava um buraco na zaga que era capitalizado por um atacante mais inteligente ou um passador mais ligeiro. Não à toa, alguns eram laterais ou jogavam numa linha de três. Isso é normal. Ter sido um boi louco quando jovem não é demérito – o problema é o cara com 30 anos continuar assim. São os casos de David Luiz (que precisou de um técnico italiano para corrigir o problema) e Mad Mexès, zagueiro francês que atormentava o torcedor do Milan pelo seu hábito de passar a temporada inteira sendo expulso ou dando botes no ar (que resultavam em gols adversários) e depois fazer um golaço no fim da temporada (ou na pré-temporada) e garantir mais um ano de contrato.

David Braz, infelizmente, está nessa turma. Lindo marcar dois gols no Sporting Cristal, mas eu preferia alguém que não fizesse um pênalti tolo nos acréscimos de uma vitória por 1 a 0. Ou que não saísse pra dar combate antes da hora. Ou que não fosse pra cima do atacante, resultando em drible. Eu gosto muito do espírito de luta do Braz, ele parece ser um jogador importante dentro do grupo. Mas não é correto falar dele como se fosse o Sergio Ramos ou John Terry, zagueiros que põem medo no adversário em ambas as áreas. Na atual situação, só falta uma expulsão a cada quatro jogos e ele vira o Mexès de vez...

Mexès exibindo sua única forma de segurar o atacante.


Até a próxima! Saudações santistas!
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Victor Martins

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