Santistas,


Muita coisa aconteceu nos últimos oito sete dias, mas nada que, sozinho, merecesse mais do que algumas linhas. Aliás, pra ser sincero, depois de falar sobre coisas tão boas quanto o aniversário do clube mais artilheiro do mundo, os assuntos da semana foram, no mínimo, um anti-clímax (pra não dizer deprimente).

Coisa deprimente número 1: (Mais um) ídolo ingrato

Então,


Enquanto a maioria dos ex-jogadores que passaram pela Vila tiveram a gentileza de prestar suas homenagens ao time que pagou seus salários (ou deveria - conhecemos nossa diretoria) por tempos variados, Robinho se desincumbiu da tarefa às 23:55 do dia 14 e Neymar apenas mostrou todo o seu desdém e raiva pelo time que está processando aquele trambiqueiro ser humano que ele chama carinhosamente de pai.

Claro, apesar de Neymar Senior ser alguém com um nível de escrúpulos muito baixo que negociou diretamente com o Barcelona e sonegou muito dinheiro do Santos e do fisco espanhol, ainda é o pai dele. Não dá pra passar por cima dessas coisas, especialmente quando ainda está acontecendo. OK. Não esperaria muito amor de parte a parte. E se ele não desse parabéns - como de fato não era obrigado a fazer - seria desagradável, mas nada demais. É compreensível.


Mas nada justifica a falta de respeito demonstrada naquela entrevista, o desdém pelo time que, bem ou mal, alçou-o rumo ao sucesso. Ele pode creditar todo o seu sucesso a si próprio, ao pai escroque, a Deus, a Jesus, a Allah, mas se tivesse começado em outra categoria de base que não a mais formadora do país, talvez hoje não fosse mais do que um Lucas Moura. Ou pior, um Kerlon Foquinha. Ou um Lulinha. Ou um Morais. Ou um Bernardo. O futebol brasileiro está cheio de jogadores que não atingiram todo seu potencial e Neymar talvez fosse um deles se não tivesse despontado no clube que lança levas e levas de Meninos da Vila. 

Seria aceitável dizer "não me manifestei porque as coisas não estão boas entre o clube e a minha família", mas não aquela cara debochada dizendo que não é obrigado a nada. Ele pode não ser obrigado a nada, mas a torcida do Santos também não era obrigada a defendê-lo das acusações de "cai-cai", "Neymídia", "baladeiro", "monstro" (sábias palavras do homem cujo maior feito na vida foi botar a Jamaica na frente de Costa Rica, Honduras e El Salvador). Não éramos obrigados a pintá-lo no nosso muro, enaltecê-lo, torcer por ele, desejar boa recuperação quando ele teve sua grave lesão na Copa, ou gastar dinheiro na casa noturna que ele tem em Santos. Os torcedores faziam isso porque gostavam dele, não porque eram obrigados.

A única obrigação que jogador tem perante um clube é profissionalismo, e isso quando é funcionário do clube. Como ex-jogador, ele não tem obrigação profissional  nenhuma de retribuir esse carinho no mínimo com respeito. Mas como pessoa, seria uma boa. Embora de alguém que demonstra cada vez mais ser uma pessoa incrivelmente escrota não se pode esperar muita coisa mesmo...


Coisa deprimente número 2: (Mais um) jogo pobre


O resultado em si não foi dos piores: ganhar em casa e empatar fora é a receita para ter uma corrida duradoura na Libertadores. E o Santos foi a Santa Fé e arrancou um empate dos colombianos, ficando assim numa posição aceitável dentro do grupo.

No entanto, falando assim, parece que o Santa Fé é o Boca Juniors e o Santos pariu um empate heróico, conquistado a duras penas após resistir aos ataques adversários e à hostilidade de La Bombonera, após marcação individual no Riquelme. Só que a realidade é que o Santos é um time consideravelmente melhor do que o Santa Fé e dominou as ações, só tomando sufoco quando o coitado do Jean Mota (coitado porque está sendo torturado improvisado na lateral) foi expulso. De resto, aquele passenaccio que parece extraído de Espanha 0 x 1 Suíça na Copa da África do Sul: do meio pro centro, do centro pro meio, de volta pro zagueiro, muito toque de lado, muito passe errado e pouca ameaça ao gol. O Santos parece uma faca cega - faz pressão, mas não corta, não agride, não fere. Eu não sei quem trocou o Ricardo Oliveira pelo Val Baiano e o Vitor Bueno pelo André Belezinha, mas por favor devolve que é mancada, isso simplesmente não se faz.

Parece incrível que aquele time cínico do ano passado tenha se transformado num time inofensivo e previsível apenas com um mês de férias, mas foi isso que aconteceu. E por mais admiração que eu tenha pelo trabalho do Dorival, ele não parece ser capaz de fazer algo a respeito. Uma pena. De tudo que podia dar errado esse ano, certamente ninguém imaginava isso.

Coisa deprimente número 3: (Mais um) bagre caro cogitado

Certo, eu confesso que esperava que o Cléber Reis não fosse um fracasso completo, confesso que mesmo o Donizete sendo inútil, não nos custou muito em termos de resultado (só uma raquetada do São Paulo na Vila pra afundar nossa moral) e confesso que estou muito feliz que o que sobrou do Luís Fabiano fechou com o Vasco, não conosco. E o outro reforço caro, Bruno Henrique, está jogando muita bola, o que prova que não é 100% das vezes que a diretoria erra em gastar dinheiroa (deve estar algo entre 92 e 93% hoje).

Mas aí a gente lê que o Santos quer trazer o VALDIVIA. E não é o caneludo voluntarioso do Inter, é o original, o chinelinho que se contundia dando chute no vácuo. Com 33 anos, que serão 34 em Outubro, o chileno é provavelmente a última coisa que o Santos precisa: mais um veterano decadente. No caso do Valdívia, é um jogador que nunca se destacou pela regularidade ou efetividade, tendo como destaques o Paulista de 2008, a Copa do Brasil de 2012, a série B de 2013 e no meio disso, muito blablablá, muita fisioterapia, muito Twitter e muito dinheiro na conta dele. Isso sempre foi problema do Palmeiras, que em 2015 teve a sabedoria de despachá-lo para o Al Wahda - o Leonardo Carrazza escreveu sobre isso aqui. E agora nós queremos importar esse problema. Que desgosto.

Lição de casa

A parte boa de demorar tanto pra escrever é que as coisas acontecem no meio tempo e você já consegue atualizar.

Seguinte, pessoal, pela primeira vez vou deixar uma lição de casa pra vocês. Vocês vão dar scroll down no Facebook de vocês até o dia 11 de Abril, talvez 12. Vão fazer a mesma coisa nos grupos e conversas de whatsapp sobre futebol. Vão rastrear todos os palmeirenses que tiraram sarro do Santos por ter sido eliminado para a Ponte e vão mandar esta imagem pra eles.


Se possível, acrescentem um duplo hang loose \m/ \m/. Mas não fale mais nada, não acrescente nenhum insulto. Deixem apenas a ironia da situação corroer a pessoa por dentro.

Um abraço e até a volta das férias!

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Victor Martins

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