Amigos, estamos aqui para analisar mais um dia de vitórias espetaculares, como o ouro no fim da noite olímpica no Salto com vara de Thiago Braz, mas também de derrotas, umas bastante duras, inclusive de forma indireta como no Basquete, mas isso faz parte do esporte. Espírito esportivo que falta á muita gente, mas disso a gente fala no fim, vamos juntos.


Já no fim da noite olímpica, Thiago Braz fez história voltando a trazer uma medalha no Atletismo para o Brasil no Salto com vara, e o melhor, a medalha foi de ouro. O brasileiro que não aparecia como cotado a medalha bateu o atual campeão olímpico, mundial e recordista na modalidade Ranaud Lavilleinie/FRA, estabelecendo um novo recorde ao saltar 6.03m. Um resultado maravilhoso de um jovem de apenas 22 anos que tem toda uma carreira pela frente. O atleta tem nada menos que Vitaly Petrov como técnico, que treinou lendas como Isinbayeva e Bubka. Mas que apoio, que estrutura nossa federação de atletismo e nosso país dá ao atleta? Ele é um herói que representa todos os nossos guerreiros do atletismo.

Ginástica Artística

Arthur Zanetti conseguiu mais um feito histórico para a Ginástica do Brasil, nas argolas o brasileiro conseguiu sua segunda medalha olímpica nesta tarde, a medalha de prata que veio com a nota 15.766, numa sequência quase perfeita, que foi vencida apenas pelo atual campeão mundial no aparelho, Eleftherios Petrounas/GRE, que conseguiu fazer um exercício totalmente limpo, espetacular para levar o ouro com a nota de 16.000. Nota que aliás foi superior aos 15.900 do ouro de Zanetti em Londres 2012. Denis Ablyazin/RUS ficou com o bronze com 15.700 uma boa nota desbancando outros candidatos a medalha.

Vejam, algumas polêmicas surgiram em torno dessa participação de Zanetti. A primeira é que alguns portais enalteceram muito mais o fato da perda do ouro do que da vitória espetacular em se conquistar em duas olimpíadas uma medalha olímpica, de ouro e prata, num país que pouco incentiva o esporte. A Record deveria (se é que já não fez) reprisar uma matéria recente mostrando as precárias condições de treino de Zanetti, o que acontece não só com ele, mas em toda a Ginástica e em quase todos os esportes olímpicos, esses caras são HERÓIS, não podemos cobrá-los como se fossemos uma potencia olímpica e esses atletas tivessem obrigação de ouro, obrigação de medalha, isso é pra quem não entende de esporte olímpico e quem não entende, evidentemente não deveria fazer parte desta cobertura. Aliás, a apresentação do Grego foi de uma felicidade absurda, uma nota muito difícil de ser batida, a prata nesse caso é como o ouro.

Houve também a polêmica (um tanto vazia, por sinal) em relação á continência prestada por Zanetti, Nory, Mayra Aguiar e tantos outros. Oras, se eles SÃO MILITARES estranho seria se eles não prestassem continência, aí sim, teriam sérios problemas com seus superiores (quem conhece a disciplina militar sabe do que falo). Agora, o aspecto abordado pelo treinador Marcos Goto é válido, é muito fácil "apoiar" atletas depois que eles já são de alto rendimento, já tem índices e participações em olimpíadas e jogos pan-americanos, já tem títulos estaduais, nacionais, etc. O duro é investir na formação e em estrutura de treinos, isso as nossas entidades de defesa evidentemente não fazem. Porém, isso deve ser comentado por nós, o treinador se manifestar dessa forma só dá mais pano pra manga, de extremistas que querem que os atletas se comportem como eles gostariam, e não como lhes parece correto.


Quem também competiu por medalha foi nossa menina Flávia Saraiva, que com apenas 16 anos esteve muito próxima da medalha de bronze, mas com dois desequilíbrios acabou terminando a prova na 5ª posição, com a nota 14.533. O ouro ficou com a surpresa Sanne Wevers/HOL com 15.433, a prata com Lauren Hernandez/EUA com 15.333 e o bronze com o fenômeno Simone Biles que se desequilibrou e obteve 14.733. O interessante foi a humildade de Biles em citar que Saraiva poderia ficar com a prata, no meu raso entendimento, acho uma colocação pertinente, afinal Biles teve uma queda e a brasileira dois desequilíbrios, onde não ocorreu queda e a apresentação da Francesa que ficou em quarto teve um desequilíbrio e teve uma dificuldade abaixo. Mas paciência, já é um grande resultado na primeira olimpíada aos 16 anos chegar á uma final e nessa posição. Flavinha nos dará muitas alegrias ainda, nada de sentimento de derrota.


Basquete

De nada de sentimento de derrota pra um sentimento de tristeza e frustração profundas. Apesar da vitória ante a frágil Nigéria por 86-69, num jogo onde o time oscilou novamente e teve essa margem apenas pela atuação contundente no último período com Nenê arrebentando e com um adversário entregue, do que no desempenho durante a partida que foi irregular. No primeiro quarto do jogo equilíbrio, no segundo o Brasil arrancou, pane no terceiro nas duas equipes e quando a Nigéria viu que não dava, largou de mão nos cedendo rebotes ofensivos e chutando de qualquer forma. 

A eliminação do Brasil não veio na atuação indolente da Argentina na derrota ante a Espanha (agora os hermanos encaram os EUA nas quartas. ch**** essa) por 92-73. Convenhamos que a Argentina vinha de uma guerra de duas prorrogações ante o Brasil e a Espanha jogava com a faca nos dentes (como diria aquele "amigo" nosso) pela classificação. Portanto a eliminação se deu não nesse resultado da Argentina ou mesmo na derrota fatídica do confronto direto. A eliminação se deu na instabilidade do time, que não conseguiu demonstrar durante o período total das partidas, um jogo dentro de um padrão, sem tantas oscilações. Foi por isso que fomos derrotados ante Lituânia e Croácia. Ante a Espanha o jogo foi mais regular e ante a Argentina caíram muitas bolas de três, mas faltou mais malícia (e olha que experiencia não falta a este elenco) para administrar as vantagens que tivemos no placar

É muito triste ver uma eliminação como essa, onde diferentemente do feminino (apesar de esperançosa estreia) o time tinha muito mais para mostrar, sem exageros, os períodos de pico de atuação desse time poderiam ter rendido até um primeiro lugar na chave, com vitórias ante os adversários citados, por isso tamanho vazio. Mas vazio ainda maior será notar que o descaso administrativo da modalidade, atingirá agora em cheio o masculino, os craques que essa seleção tinha, já no seu último ciclo, mascararam um pouco a inércia administrativa. Agora, assim como no feminino, será necessária uma reformulação, se algo não mudar na CBB (e não falo do Magnano não, que uns querem derrubar, falo administrativamente mesmo) a previsão lamentavelmente para nós, amantes do basquete, é de tempos sombrios e ciclos sem êxito. 



E veio mais uma medalha de bronze para o Brasil, desta vez com Poliana Okimoto na maratona aquática de 10 km. Com a punição (por ter dado um "pescotapa" na adversária) de Aurelie Muller/FRA, que seria prata, a brasileira em quarto ganhou uma posição e faturou uma inesperada medalha para o Brasil. O ouro ficou com Sharon von Rouwendaal/HOL  e a prata com Rachele Bruni/ITA. Um resultado redentor, para quem em Londres 2012 acabou desistindo com um quadro de hipotermia, são histórias maravilhosas que os jogos podem nos proporcionar. 





No Vôlei de Praia, Alison e Bruno Schmidt fizeram um jogo espetacular contra uma dupla fortíssima, Dalhausser e Lucena/EUA, foi um grande jogo, com uma atuação impecável no primeiro e terceiro sets. Grande jogo do experiente Alison e um saque muito eficiente de Bruno, conduziram o time brasileiro á vitória por 2-1, parciais de 21-14, 12-21 e 15-9, apesar da distância nas parciais, foi um jogo bastante duro, que mostrou que a dupla se credencia á busca de uma final olímpica e quem sabe o título. Agora a dupla enfrenta na semifinal os Holandeses Brouwer e Meewseer que desbancaram os favoritos no confronto e compatriotas Nummerdoor e Varenhorst. 




Já no Polo Aquático, nossas meninas ficaram pelo caminho com a derrota ante os EUA por 13-3, resultado natural dado o favoritismo americano, campeão de tudo na modalidade, mas o país fez um grande papel na modalidade chegando á esta fase no feminino e masculino. Vejamos se no masculino o desempenho da primeira fase se repete e buscamos uma medalha, o que seria algo fenomenal.



No Handebol, uma exibição muito abaixo do nosso time masculino, após garantida a classificação. O time fez testes, tentou usar o "sétimo homem" (quando se tira o goleiro pra colocar um a mais na linha) e tomou inúmeros gols dessa maneira, fez experiências que não deram certo, houve um desligamento e acabou vindo uma derrota dura ante a eliminada Suécia, derrota por 30-19, um placar largo, nosso time foi bastante mal no ataque e mesmo com a grande exibição novamente de Maik não foi capaz de gerar perigo aos adversários. É torcer pra que o time retome o seu melhor jogo, para encarar a atual campeã mundial França nas quartas, nosso melhor jogo venceu a Alemanha, esse nosso melhor jogo pode beliscar medalha no masculino, o que era impensável antes da bola kickar nos jogos.



Na Vela, o nosso Robert Scheidt teve a medal race adiada para esta terça na classe Laser, devido a falta de ventos (irônico, pois no fim da tarde não faltou vento) e tem missão dura pelo bronze. Já na 49er FX a dupla Martine Grael e Kahena Kunze está em terceiro lugar, restando uma regata para a medal race, temos grandes chances de medalha.




E a noite se encerrou com a trinca de vitórias ante a França completa, após o ouro de Thiago Braz, o bronze de Poliana Okimoto após punição de atleta francesa, veio uma vitória épica no Vôlei, em um jogo eletrizante, de vida ou morte, que classificou o Brasil para as quartas de final da competição.

Num jogo muito tenso, onde o adversário sempre esteve próximo, mas o nosso time conseguiu encaixar seu melhor jogo, empurrado pela torcida, vencemos por 3-1 (25-22, 22-25, 25-20 e 25-23). É claro que é algo á ser debatido as ausências de jogadores mais experientes como Murilo e Sidão (que hoje aliás faturaram a "Copa São Paulo" pelo Sesi), a crítica de uma "renovação forçada" merece sim debate, o time peca ainda pela inexperiência em alguns momentos e poderia estar mais forte com atletas rodados que ainda tem a dar pelo time. Porém, temos um time de talento, que se souber canalizar a pressão interna e o apoio que vem da torcida, pode nos dar o máximo de potencial e buscar uma final e consequentemente o ouro. 




Por fim, já disse bastante aqui, mas gostaria de deixar muito claro. NADA justifica preconceito, isso é um lapso de caráter inadmissível num país como o nosso, isso atrapalha certamente nossa Ginástica masculina. Que apesar de todos os seus problemas, seu déficit de apoio e tudo que aqui tem de superar, conquistou nessa olimpíada três medalhas, que somam-se a medalha de ouro em Londres 2012. Quatro medalhas para um esporte que segue inadmissivelmente sendo alvo de preconceito, num país que (nenhum tem, na verdade) não tem direito de ter preconceito com nada, por toda miscigenação que tem, por todo seu contexto histórico, por tudo que nosso povo já sofreu, sofre e sofrerá.

Não existe "fracasso" em atleta nenhum, dada a falta de apoio e fomento que tem, instrumentos governamentais dão bolsa, dão patrocínio á atletas que já competem em alto rendimento. Mas e os treinos, E A BASE? Esses atletas, ouro ou não, medalhistas ou não. TODOS são heróis. "Complexo de vira-lata" é ridicularizar atletas por não conseguirem medalhas, ou por elas não serem de ouro. Não somos potências olímpicas, não somos potência na educação, não somos potência no serviço público. Esses HERÓIS superam barreiras e limites, cada resultado é único, é uma vitória. Hipocrisia é qualquer pensamento diferente deste, é jogar nessa delegação, uma responsabilidade de potência esportiva e ainda bater palmas para federações e órgãos governamentais, que se valem do esforço e garra destes atletas, quando os resultados são positivos. Os que tem a postura aqui criticada, independente de qualquer coisa, poderiam refletir, quem sabe não obtém um momento de consciência.




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Imagens: AFP, Reuters e Acervo COB. 



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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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