Há catorze anos o Brasil sagrava-se pentacampeão do mundo. Como não lembrar daquele dia? Era 30 de junho de 2002, uma manhã fria de inverno aqui em Santa Catarina, meu pai (que já não está mais entre nós) e eu sentados no sofá, com um copo de café na mão, em frente à TV para assistirmos àquela final de Copa do Mundo. Minha primeira final de Copa (que eu me lembre, pois em 98 eu tinha apenas cinco anos), a terceira final de Copa do meu pai que já havia assistido o Tetra em 1994 e o vice para França em 1998.


De um lado o Brasil, que apesar das dificuldades encontradas na primeira fase, era franco favorito e vinha jogando um futebol agradável de se ver. Do outro lado uma monótona Alemanha, que apesar dos oito gols marcados na frágil Arábia Saudita na primeira fase, jogava um futebol totalmente diferente do visto hoje pelos comandados de Low. Do lado brasileiro, contávamos com o talento de Rivaldo e de Ronaldo (que viria a fazer os dois gols da final). A Alemanha apesar de monótona, era perigosa e contava com Klose, que doze anos mais tarde tornaria-se o maior artilheiro da história das Copas. Nós tínhamos Marcos no gol, o "São Marcos", eles tinham o excelente goleiro Oliver Kahn, que seria eleito o melhor jogador daquela edição; decisão até hoje muito contestada por alguns jornalistas e torcedores brasileiros, que preferiam ver como o melhor daquela Copa, Ronaldo ou Rivaldo e porque não, até mesmo o nosso goleiro Marcos

A campanha brasileira teve como principal destaque a vitória sobre a Inglaterra nas quartas de final, de virada, por 2 a 1. Sim, aquele jogo memorável em que Ronaldinho arriscou do meio de campo numa cobrança de falta e encobriu o goleiro inglês. Até hoje não sabemos se ele quis mesmo cruzar ou chutar. Enquanto a principal vitória alemã, foi aquela citada anteriormente sobre a Arábia Saudita, por 8 a 0. As demais vitórias alemãs, todas na "base" do 1 a 0 sofrido. Nós também sofremos em alguns momentos como por exemplo, a vitória de virada e polêmica sobre a Turquia, na estreia, por 2 a 1. A vitória também polêmica e não menos sofrida sobre a Bélgica nas oitavas por 2 a 0.




O Brasil contava com o apoio da imensa maioria de torcedores japoneses na final. Mas somente o apoio dos torcedores não seria suficiente. Era necessário algo a mais. Garra, técnica, sorte, porque não? E o Brasil conseguiu contar com todos estes detalhes. A garra e a entrega dos jogadores em campo era evidente. Particularmente, eu que tenho apenas 23 anos, poucas vezes vi a nossa seleção com tamanha vontade de vencer. Mesmo após o primeiro gol, buscamos o segundo. Mesmo sendo treinador por Felipão, nós buscamos o segundo gol e não nos entregamos. Tivemos técnica de sobras. Poucos países dispõem de tamanha qualidade individual como a que tivemos naquela decisão: Ronaldinho Gaúcho ditando o ritmo no meio de campo, Rivaldo sendo, como sempre, decisivo. Ronaldo com sua qualidade indiscutível e com seu faro de gols para marcar os dois gols daquela decisão. Roberto Carlos e Cafú foram o nosso oxigênio naquela decisão. Kléberson mandando bola no travessão e fazendo os alemães suarem suas camisas brancas. Lúcio, Roque Júnior, Gilberto Silva, e claro, ele, São Marcos, eram os donos da nossa confiança lá atrás. No final do jogo, Denílson ainda entrou para prender a bola. Até hoje alguns defensores da Alemanha estão a procura do brasileiro dentro de campo, após os desconcertante dribles perto do fim da partida. E como citei anteriormente, contamos ainda com as bolas na trave dos atletas europeus. A sorte também faria parte do espetáculo. 

Cinco títulos mundiais. Um futebol, que apesar das polêmicas arbitragens e do início difícil da estreia, foi bonito de se ver. Um futebol que a cada dia deixa mais saudades, ao olharmos para o jogo praticado hoje por nossos jogadores. Tempo bom, em que nossos atletas tinham orgulho de vestir a amarelinha e não se escondiam em festas e em redes sociais após dolorosas derrotas. A geração que não tinha facebook, twitter, instagram, mas que sentia prazer em vestir a camisa da seleção e jogavam bola como que ao som de música. A geração que não jogava para humilhar, mas que cada drible, lençol, caneta, tinha o objetivo de chegar à meta adversária e fazer o gol. Será que um dia veremos o Brasil jogar novamente como jogou aquela final? Quem sabe ... num futuro não muito distante voltaremos a ver e a sonhar como um dia sonhamos. Aliás, sonhar não custa nada!

Um abraço aos amigos do Jovens Cronistas e até a próxima!
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André Luís de Freitas

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