Meus amigos, estamos há apenas quatro dias de finalmente sabermos quem comandará o país nos próximos quatro anos. Vou confessar aqui a vocês o que já havia confidenciado a amigos pessoais, estou um pouco decepcionado com o rumo que as coisas tomaram neste pleito, após as "pujantes" manifestações que tivemos, eu imaginava um cenário eleitoral com ao menos um fato novo, algo que expressasse de alguma maneira a indignação da sociedade com as oligarquias políticas, (não estou dizendo que esse fator seria Marina Silva, ao contrário, estes mesmos amigos sabem que o candidato em que votei não foi ela), mas mesmo que não se derrubassem os modelos que aí estão, algo deveria ter saído desse cenário de indignação, e não saiu.
E vemos um cenário onde temos os tradicionalíssimos PSDB e PT, mais uma vez disputando o comando do país, porém, com a inclusão digital (por vezes maldita) temos visto muita agressividade entre ambos os militantes virtuais nas Redes Sociais e nos veículos que trabalham para esses partidos. Confesso a vocês que isso me "deprimiu", por que na verdade, como cidadãos não temos que "torcer" para um partido político como se ele fosse um time de futebol, matar e morrer por conta dele, crer que tudo que ele coloca é o certo e tudo que o rival coloca é a plena desgraça, aliás, modéstia a parte, feliz a minha comparação com o futebol, por vezes tive a impressão que os MAVs de parte a parte estavam a beira de marcar encontros sanguinolentos na beira de estradas para se matarem como animais, como fazem alguns torcedores de organizadas, só faltou isso. Esse cenário medonho que descrevo me fez ter uma conduta de comentar apenas o resultado final, não anunciei por que não creio que tenha relevância para o processo político a ponto de anunciar que não comentaria, mas como gosto de contribuir para o debate, e no surgimento de fatos novos e reviravoltas, além dessa indignação pelo nível da militância virtual de parte a parte, acreditei que seria importante opinar neste momento.
Antes de falar do cenário dessa reta final, é preciso falar como chegamos á este 2º turno; Aécio Neves chegou ao 2º turno com muita força, isso até o mais fanático Petista não pode negar, saiu de um patamar de pesquisa de coadjuvante, para ganhar corpo na reta final, sobretudo na semana final, após os debates, principalmente o da Globo, e tirar toda a base adquirida por Marina Silva neste pleito (ela teve apenas 2% a mais que há 4 anos) e inclusive tirar 4 pontos de Dilma, em relação claro ao que as pesquisas projetavam. Nós "elogiamos" aqui a força da militância Tucana na reta final do 1º Turno, penso que eles tiveram grande influência na questão de crer que "apenas o PSDB seria capaz de derrotar o PT", porém, nesse cenário atual, creio que a parte conservadora da militância, fortemente representada nas Redes Sociais, pode estar prejudicando o Tucano em uma parcela do eleitorado oriunda de Marina, que não tem nada de conservadora.
Após um cenário onde Aécio se colocava na margem de erro á frente de Dilma Rousseff, porém, mesmo com a postura forte de Aécio nos debates, os dois últimos levantamentos do Datafolha, mostraram uma recuperação da Presidente, com um patamar de 52% x 48%, diante disso e da limitação do eleitorado de Dilma, por que a ideia que se tinha é que quem vota em Dilma crê que o Brasil está no rumo certo, e quem vota em Aécio crê que não. Nessa conjuntura ficava difícil crer em perceptível reversão do cenário através de pesquisas (nas urnas talvez), mas não foi o que aconteceu, e á partir disso, passei a refletir sobre o que pode ter levado a isso, e cheguei a algumas conclusões interessantes.
O conservadorismo da militância desgasta Aécio. Evidente que essa minha declaração deve gerar revolta nestes militantes em específico, mas não estamos aqui para agradar, como bem diz o nosso lema, estamos aqui para colocar a nossa visão dos fatos. E o conservadorismo que essa militância apresenta, não se encaixa com o discurso do candidato, dá a impressão de que alguém estaria mentindo. Maluquice minha? Longe disso, cito exemplos: Essa coisa da militância atrelar programas sociais á vagabundagem. Gente, isso é um contra-senso, o PSDB teve um importante papel na implementação de políticas de assistência social, com Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Vale-Gás, além de outras correntes de direita também fazerem Assistência Social, com programas como o Aluguel-Social, nós vivemos em uma sociedade onde muitos não tiveram acesso á Educação e a Profissionalização, onde muitos estão na linha da miséria, programas como esse fatalmente existirão, e Aécio diz ser favorável a sua manutenção, alguém aí mente, ou a militância, ou o candidato, pelo discurso que se adota. Agora, se o discurso for: "É preciso que os Programas Sociais tenham porta de saída, que se profissionalize o cidadão na cidade ou no campo", aí sim haveria coerência nele, e teria o nosso endosso. Seguindo a mesma linha, mas algo que é um erro dos dois lados, é essa coisa da separação entre regiões, nem o Sul/Sudeste é a suprema inteligência e por isso vota azul somente, e nem o Nordeste/Norte vota no PT por serem "sustentados" como essa gente que "se espanca" na internet faz parecer, o que existe são opiniões, leves maiorias, mas cada um vota com sua consciência, a população de SP por exemplo é absolutamente plural, aqui vivem todas as tribos e temos uma população de Nordestinos muito grande, ainda assim, Geraldo Alckmin foi reeleito com 57% dos votos e Aécio teve sobre Dilma em SP 21% de vantagem, certamente esses resultados também se deveram á Nordestinos e seus descendentes. Esse maldito pleito, aliado a (não menos maldita) inclusão digital, está conseguindo interferir na nossa unidade nacional, o que faremos, lançaremos mão de sermos um país continental e bradaremos cada um a nossa cultura local em movimentos separatistas, em guerrilhas? O Brasil ainda não está arruinado por ser do tamanho que é, e por ter a pluralidade que tem, fossemos fragmentados, estaria cada Estado sofrendo individualmente, é preciso portanto que a militância fanática siga fazendo o seu papel, mas passe a ao menos fingir que é favorável á Democracia, e ao que compreende uma Democracia plena, que é a multiplicidade de opiniões e o respeito a contrariedade. Vivemos numa Ditadura velada, onde se amaldiçoa a discordância, isso não é saudável para o país, não se está pensando no bem do país, está se pensando na cadeira, no "pudê".
Outra coisa que me impressiona, e que também é mostra desse fanatismo onde o sentimento é de que dane-se o país, o que importa é a cor que estofará a cadeira. A questão de colocar a imprensa como partidária do lado contrário á cada notícia que lhe desagrada. De um lado, os Tucanos falam em "complô contra Aécio" por parte da Folha, falaram isso no 1º Turno, e repetem agora em relação as pesquisas que aqui já comentamos. Ora mas não é a Folha que se coloca abertamente contra a condução que o PT dá ao país? Vejam isso na seção "O que a Folha pensa", isso é explícito. Do mesmo modo, o PT sempre que sente-se ameaçado fala em PIG, que está havendo favorecimento midiático ao candidato Tucano, enfim. Isso tudo é uma grande bobagem, a militância precisa aprender que temos de ser Nacionalistas, independente de nossa posição política, e isso implica em respeitar a decisão da população, mesmo que ela não coloque no "pudê", o candidato que se apoia, o povo é soberano em sua decisão, mesmo quando a consideramos errada.
Por fim, quero dizer que como analista, é fascinante a imprevisibilidade desse processo eleitoral, não me arrisco a palpitar quem vencerá (além do mais, se fizesse isso seria acusado pela militância adversária de promulgar votos para um lado), o que é a certeza é que será a eleição mais apertada da história, e com mais elementos de dramaticidade, o nível das campanhas oficiais é de bang-bang, mas está muito acima do que se vê nas Redes, o que se vê nas Redes sim, dá desgosto, é intragável, de parte a parte, essa não é uma acusação exclusiva ao Vermelho, ou ao Azul, vale para ambos.
Não garanto que comentaremos o Debate na Globo, a certeza é que comentaremos o resultado final das eleições, já projetando o Brasil dos próximos 4 anos, não somos partidários de nenhuma candidatura, temos divergências com ambas, e por isso o que temos a dizer é; "Que vença quem o povo quiser", e como diria Plínio de Arruda Sampaio, "Viva o Brasil".
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