Olhar Feminino - Dunga retorna à seleção brasileira: Renovação ou Retrocesso?

          Na manhã desta terça-feira, dia 22, o presidente da CBF José Maria Marin apresentou oficialmente na sede da entidade o novo técnico da seleção brasileira. Dunga retorna à seleção brasileira substituindo Luiz Felipe Scolari, que pediu demissão após o término da Copa do Mundo. Ele já havia treinado a seleção anteriormente por quatro anos, entre 2006 e 2010, e foi demitido por Ricardo Teixeira  logo após eliminação do Brasil contra o time da Holanda na Copa do Mundo de 2010.

          O técnico volta ao comando da seleção brasileira com a difícil tarefa de ganhar a confiança da torcida, tendo em vista a suposta rejeição acerca de sua contratação. Estatisticamente falando, Dunga foi superior a Felipão (tanto que o mesmo utilizou isto como argumento para justificar seu retorno durante a entrevista coletiva) mas há de se lembrar que o mesmo não teve o melhor dos históricos em sua passagem pela seleção, talvez pela falta de experiência na época. O que resta à torcida brasileira é confiar em seu trabalho, acreditando que o mesmo tenha aprendido com erros do passado e busque a tão esperada melhoria na seleção brasileira. Sobre isto, Dunga foi categórico ao afirmar: "Vamos trabalhar em conjunto com as categorias de base. Não podemos colocar essa Copa do Mundo como terra arrasada, há coisas que podem ficar. A gente viu na Copa o quanto é importante ter o talento, mas o planejamento também. O marketing é importante no futebol moderno, mas o trabalho dentro de campo precisa sustentar o marketing".

          Não consigo entender este "retrocesso" da CBF em, primeiramente, contratar Gilmar Rinaldi para ser diretor/coordenador de seleções da CBF que, parafraseando Romário, há SIM a chance de "fazer da CBF um banco de negócios" por ser ex-empresário de muitos jogadores, poderá defender seus interesses "aliciando" Dunga como bem entender e agora com o retorno do mesmo à frente da seleção brasileira. Insistir em "resgatar" treinadores que já fizeram parte da história da seleção brasileira é a maior prova de que a CBF, propositalmente ou não, caiu no comodismo justamente quando a palavra do momento deveria ser RENOVAÇÃO, este questionável "revezamento" entre Parreira, Felipão e Dunga que já vem acontecendo há alguns anos quando, mais do que rostos novos dentro de campo, seria interessante um rosto novo também à frente da seleção.

          Sei que o clubismo de alguns fala mais alto, afinal, é ídolo no Internacional e, para muitos, foi dispensado prematuramente do clube enquanto treinador contra a vontade de boa parte de sua torcida e realmente consigo ver um futuro promissor em Dunga nesta função por seu comprometimento, seriedade, ética, competência mas não penso que tenha a bagagem necessária para carregar um fardo tão grande como a seleção brasileira, principalmente agora depois da campanha vergonhosa da mesma na Copa do Mundo, ao menos não por enquanto.

          Sobre os possíveis substitutos de Felipão, fora Dunga foram citados em rumores nomes como Tite, Muricy Ramalho, Marcelo Oliveira e até mesmo de treinadores estrangeiros, estes que foram rapidamente desmentidos pela CBF. "Corre a boca pequena" que os treinadores brasileiros supracitados eram "cartas fora do baralho" por não serem "protegidos" da cúpula da CBF. Com isso concluímos que a reformulação na seleção brasileira deve começar a partir daí: da cúpula. Enquanto os senhores José Maria Marin e Marco Polo Del Nero estiverem à frente da CBF NÃO haverá a tão sonhada reformulação na seleção brasileira como um TODO. Mais do que uma questão "futebolística", é uma questão política!

          Com a contratação do treinador gaúcho, chega o primeiro "abacaxi para descascar": A enorme necessidade de reformular o elenco que compõe os jogadores da seleção. Espera-se que Dunga "saia da mesmice" de convocar jogadores superestimados e olhe com mais carinho para talentos brasileiros não apenas mundo afora mas também no Brasil. Seja nas categorias de base (como já deixou entender que o fará) ou nos times profissionais, temos ótimos jogadores, inclusive alguns bem mais qualificados do que aqueles que fizeram parte do elenco que, sem sucesso, tentou trazer o sexto título mundial para o Brasil.

          A outra observação importante é que seu retorno gerou opiniões bastante divididas entre alguns meios de comunicação no que diz respeito à dificuldade de Dunga em se relacionar de forma cordial com a imprensa. Enquanto alguns se preocupam com isto, outros comemoram sua vinda, pois vale ressaltar que na "era Felipão", o ex-diretor de comunicação da CBF recentemente dispensado, senhor Rodrigo Paiva, claramente favorecia a Rede Globo de Televisão "presenteando" a emissora carioca com entrevistas exclusivas. Será o fim da "mamata Global"? Todos esperamos que sim!

          Os primeiros compromissos da seleção brasileira sob o comando da nova comissão técnica serão realizados em setembro, nos amistosos contra Colômbia e Equador, respectivamente nos dias 5 e 9, nos Estados Unidos. Boa sorte, Dunga!