O cantor Leonardo da antiga dupla Leandro e Leonardo é garoto propaganda do "Super Frango". Em uma propaganda, ele está em uma fazenda e chega uma carreta cheia de linguiças de churrasco. Ele reclama ironicamente se é só aquela carreta de linguiça. Na segunda propaganda, o cantor está em um estúdio e tenta várias vezes fazer a propaganda do “Super Frango” e não consegue por enrolar na pronúncia de algumas palavras. Ele diz que é bom errar, porque só assim ele come mais frango gostoso, porque cada vez que ele ensaia, ele come um pedaço de frango. Esse cantor faz o papel de uma pessoa simples, vinda da roça, do campo; toma cachaça, faz barraca no mato; luta contra os atacas dos insetos; pesca nos rios etc. Dessa maneira, o Leonardo é construído pela mídia pessoal e comercial como uma pessoa simples, da roça e do povão. Muitas pessoas do campo se identificam com ele.

Foto: Reprodução

O primeiro problema do "progressismo neoliberal" liderado pelo cantor é passar a cosmovisão que todos os homens do campo são farturentos e cheios do dinheiro. Essa é a realidade de muitos burgueses e do agronegócio. Não se compara a capacidade capitalista do agrobusiness com os pequenos agropecuaristas e donos de pequenas propriedades no campo. O que é importante no marketing é dizer sem falar. As propagandas lideradas por Leonardo vão muito além da simples propaganda de uma linguiça ou de um frango. Elas introduzem uma ideia de fartura em uma sociedade que tem milhares de famintos, desempregados e em insegurança alimentar. Dessa maneira, essas propagandas do cantor goiano faz da capacidade de um empresário, marqueteiro, cantor famoso, fazendeiro a história de muitas pessoas de maneira enganosa.

A segunda encrenca "progressista neoliberal" introduzida pelo cantor é se pousar de malandro para passar a equipe para trás e comer mais frango ao errar na gravação. Essa mentalidade quer superar aquela ideia que o homem do campo se faz de matuto para passar o homem da cidade para trás. Não há nada mais enganoso que esta ideia introduzida aos poucos no inconsciente do homem do campo e da cidade. Ela legitima o homem da cidade trapacear o homem do campo, por acreditar que o homem do campo está se fazendo de simples para passar para trás o homem da cidade. Isso pode até ocorrer com alguns homens do campo. Mas, a verdade é outra, a maioria dos homens do campo são passados para trás pelos empresários da cidade. O livro bíblico de Amos já denunciava que os empresários da cidade compravam os produtos dos homens do campo por uma miséria de dinheiro e revendiam por preços absurdos e até extorsivos. Essa tese tem por trás a legitimação da "guerra de todos contra todos" (Hobbes). Assim, essas peças de marketing produzem uma sociedade sem princípios, valores, caráter e ética. Ela introduz o "vale tudo" na sociedade para se dar bem.

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SÉRGIO DE SOUZA NERES

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