Olá fãs da velocidade! Demorou um pouquinho, mas estamos de volta!! O ano de 2021 começou oficialmente para a Fórmula 1 nesse final de semana, com a prova inaugural da temporada acontecendo no Circuito Internacional de Sakhir, no Bahrein. O traçado que recebeu a antepenúltima etapa do campeonato de 2020 já havia servido como palco para o tradicional teste de pré-temporada, e havia apresentado um cenário um tanto quanto diferente do que o habitual para os últimos anos. Entre problemas de rendimento e confiabilidade, a Mercedes havia cedido protagonismo para a Red Bull, que conseguiu em Max Verstappen alcançar um ritmo quase imbatível: melhor tempo nos testes, nas três sessões de treinos livres e pole position, com mais de 4 décimos de vantagem! No entanto, o que para muitos parecia uma superioridade inquestionável da Red Bull foi posto em jogo na corrida de domingo.

Valendo-se de um undercut (ou parada antecipada em português), Lewis Hamilton pulou da P2 para P1 pouco antes da metade da prova, e numa corrida de muitas possibilidades o inglês foi competente para manter o bom ritmo até o final e faturar mais uma vitória. Verstappen chegou muito perto na segunda posição, que deixou um gosto amargo na boca do holandês. Valtteri Bottas teve um domingo discreto, e uma boa dose de azar acabou por selar um melancólico terceiro lugar, que ainda assim lhe rendeu bons pontos no campeonato. Confira nosso texto sobre a corrida: 

Foto: F1 Media


 A corrida começou movimentada, e isso antes mesmo das luzes vermelhas se apagarem para a largada. Checo Pérez, que fazia sua estreia na Red Bull, sofreu uma pane geral em seu bólido na altura do setor 3 da volta de apresentação. O carro aparentemente se desligou por inteiro, deixando Pérez estacionado no lado da pista. Depois de alguns minutos de agonia, o RB16B voltou à vida, permitindo à Pérez retornar aos boxes e iniciar o GP, só que dessa vez largando da última posição. 

Com uma volta de atraso, finalmente era hora da corrida em Sakhir! Mas não por muito tempo. Na saída da curva 3, o estreante Nikita Mazepin perdeu o controle de sua Haas, rodando na pista e indo de encontro à barreira de pneus. Fim de prova para o russo, cuja estreia foi péssima: 2 rodadas em duas tentativas de volta rápida no qualifying mais um abandono precoce no domingo. A trajetória de Mazepin já é confusa e questionável por si só: filho de um dos homens mais ricos da Rússia, Nikita se envolveu em confusões dentro e fora da pista em seu período de Fórmula 2, incluindo acusações de abuso sexual. Com pouco carisma com o público, Mazepin também não demonstra ter braço o suficiente para ser merecedor de uma vaga no grid da categoria, e sua presença no assento do time norte amreicano só evidencia a necessidade de aporte financeiro que o time de Gene precisa. 

Aliás, vale a pena mergulhar um pouco mais à fundo na situação em que a Haas se encontra. O time antes promissor parece ter se afundado num buraco que não deixa muitas opções de saída: o carro é notoriamente inferior e será dirigido por dois estreantes, que não tem experiência para extrair mais do que a equipe pode oferecer. Além disso, o time já anunciou que não haverão quaisquer atualizações no decorrer da temporada, o que significa que não haverá ganho de performance em relação aos demais. Levando isso em conta fica fácil perceber o porquê de tanta preocupação com o futuro do time. Sem ninguém para liderar um time frágil e carente de bons resultados, é justíssimo esperar que a Haas ocupe a lanterna esse ano, possivelmente sem nem mesmo conseguir marcar pontos. A aposta de direcionar os investimentos para 2022 precisa funcionar, caso contrário até mesmo a continuidade da equipe americana pode ficar em xeque, o que certamente representaria um grande passo atrás para a própria Fórmula 1 como um todo. 

Foto: Motorsport.com


Depois de quase 20 minutos a mais de espera, a temporada 2021 da F1 finalmente viu suas primeiras voltas disputadas a toda velocidade. Verstappen liderava o pelotão, seguido por Hamilton e por um surpreendente Charles Leclerc. O monegasco conseguira ultrapassar Bottas ainda na primeira volta, deixando o finlandês no quarto lugar. Lando Norris e Daniel Ricciardo completavam o top-6, mantendo as McLarens na parte de cima da briga. Ainda nas primeiras voltas, o cenário para o restante do GP começou a se desenhar. 

Na liderança, Verstappen e Hamilton se desgarravam do restante do pelotão, imprimindo um ritmo claramente superior à Ferrari de Leclerc que vinha logo atrás. Bottas acabou preso no tráfego do monegasco, e quando conseguiu a ultrapassagem já se encontrava mais de 4 segundos atrás dos dois líderes. Ainda que tentasse, o ritmo do finlandês jamais seria páreo perante os dois grandes nomes da categoria nos dias atuais. Daquele momento em diante, o domingo de Bottas já estava ao menos parcialmente comprometido, e qualquer chance de vitória tornava-se ainda mais remota. 

Pouco tempo depois da ultrapassagem de Bottas foi a vez de Norris partir pra cima de Leclerc. Tal qual Valtteri, o britânico não teve maiores problemas para efetuar a manobra, se colocando rapidamente na quarta posição (ou se você preferir, o tradicional posto de "melhor do resto", já que Pérez seghuia remando no meio do pelotão). Dando pinta de ser um carro extremamente competitivo nos testes, a McLaren mostrou que novamente vem forte para a briga pelo terceiro lugar nos construtores, mas talvez acabe ficando por isso mesmo. Claro que se o time conseguir se estabelecer nessa posição já poderá considerar como um progresso tendo em vista 2021, onde a Racing Point era possivelmente o terceiro carro mais rápido do grid. Porém, a julgar pelas ambições do time que queria diminuir a distância para o top-2, talvez essa tarefa fique para o ano que vem. 
Apesar de competitivo, o time laranja não esteve nem perto de desafiar Mercedes ou Red Bull. No entanto, Lando Norris teve um domingo irretocável: sem erros, o piloto #4 manteve-se constante durante toda a prova, vindo até mesmo a construir uma vantagem segura para Charles Leclerc na fase decisiva da corrida. Talvez ainda falte aquele ingrediente a mais para que a McLaren volte a brigar pelo protagonismo, mas certamente há otimismo e oportunidades a serem aproveitadas na estrada adiante. 

Primeira rodada de pits, e nesse momento a Mercedes começou a colocar as mangas de fora. Dentro de uma distância favorável para Verstappen, o time alemão chamou Hamilton para os boxes mais cedo do que o esperado. Ao voltar com os pneus mais novos, Lewis foi capaz de encaixar uma volta voadora e construir uma diferença que impedisse Verstappen de entrar nos boxes na volta seguinte e retornar ainda na primeira posição. dessa maneira, estava caracterizado o undercut, que colocava as flechas negras em posição de ataque para o restante da corrida. 

 Max viria aos boxes algumas voltas depois, retornando à pista em torno de 6 segundos atrás de Hamilton, porém com pneus mais macios e mais novos. Dessa maneira, a ideia era diminuir rapidamente a diferença para Hamilton, forçando o inglês a parar mais cedo do que o planejado. E funcionou! Com apenas 16 voltas completadas, Hamilton via a aderência em seus compostos duros se esgotarem, e com Verstappen a menos de 2 segundos de distância a equipe Mercedes decidiu rapidamente por um segundo pit-stop, mesmo com praticamente metade da corrida restante. Com um jogo de pneus duros para ir até o final, a situação de Hamilton tornava-se um pouco mais complexa, já que Lewis teria de dosar seu ritmo, ao mesmo tempo em que não poderia deixar com que Verstappen escapasse na liderança. 

No meio desse jogo, Valtteri Bottas tentava se apresentar como uma alternativa. Bottas pediu a equipe um segundo stint mais longo, que possibilitasse pneus mais novos no final da corrida. O desejo porém não foi atendido, e para piorar a situação a equipe Mercedes mais uma vez falhou com Valtteri em seu pit-stop. Um problema na retirada de uma das rodas significou a perda de mais de 10 segundos nos boxes, relegando Valtteri à um distante quinto lugar em pista. Se ainda havia alguma esperança para o piloto #77, ela acabava aí.

E novamente, tornamos a falar do aspecto psicológico para Bottas. Creio que é hora de propor um breve exercício de imaginação: imagine você, vindo de quatro anos seguidos onde acumulou falhas em seu maior objetivo no trabalho. Então, no início da nova temporada, vem a oportunidade de mudar as coisas, dar um pontapé inicial diferente e começar o ano com otimismo. Tudo isso cai por terra, graças a uma largada ruim, à um desempenho não extraordinário e uma falha da sua equipe. Tudo isso machuca. 

Assim como na vida comum é fácil se decepcionar, Bottas também tem encontrado motivos de sobra para ficar pra baixo. E pilotos sem confiança não ganham campeonatos. É importante para Valtteri não se acostumar com as coisas dando errado. Caso contrário, a chance de sua vida vai (mais uma vez) passar pela janela, sem que suas mãos estejam, prontas para agarrá-la. 

Foto: Motorsport.com


Sem Bottas para ao menos fazer sombra, Hamilton e Verstappen finalmente tiveram o duelo que tanto ensaiavam. Com posição de pista, Max era o favorito àquela altura, com Lewis diminuindo a diferença graças aos pneus mais novos. Restando 15 voltas para o fim, a segunda e derradeira parada de Verstappen tomou lugar. Troca para os compostos duros, voltando à 8 segundos da Mercedes #44. Era hora de sentar o pé e ir em busca de Hamilton. E de início tudo corria muito bem. Verstappen tirou cerca de dois segundos nas primeiras três ou quatro voltas, dando a entender que seria até mesmo fácil retomar a ponta. Mas o tempo foi passando, as voltas diminuindo e a diferença caindo cada vez mais lentamente. 

Como se num jogo de paciência, a impressão é que Verstappen estava preservando equipamento, evitando acelerar demais e deixando que a diferença caísse naturalmente. Quase que brincando com o tempo, que sem perceber escorria por suas próprias mãos. Últimas 5 voltas, e Lewis ainda tinha dois segundos de vantagem. Era agora ou nunca para Max. 

O holandês finalmente foi para o tudo ou nada, forçando o carro em cada curva e colando na traseira de Hamilton. Era visível que a Red Bull estava mais inteira naquela fase da corrida. Com DRS a disposição em pelo menos mais três voltas, Verstappen tinha a faca e o queijo na mão para começar 2021 no lugar mais alto do pódio. E então, o momento decisivo da corrida mudou os rumos que a briga tomava. Na volta 53, Verstappen colocou por fora na aproximação para a curva 4. 

Lado a lado com Hamilton, Max acabou espalhando demais, mergulhando na área de escape do circuito para somente depois sair à frente de Hamilton. O movimento foi considerado ilegal pela direção de prova, que pediu para a Red Bull devolver a posição para Lewis. Verstappen assim o fez quase imediatamente, na esperança de que teria tempo o suficiente para tentar de novo. Mas a realidade mostrou-se diferente: ao devolver a posição, Verstappen se viu no ar turbulento da Mercedes #44, exatamente numa das curvas mais complicadas do circuito (a sequência de curvas 13/14). O holandês saiu de frente e precisou corrigir, perdendo valiosos décimos de segundo. Sem o DRS, Verstappen não conseguiu emparelhar com Hamilton nas voltas subsequentes, e quando voltou a ficar em posição de ataque, o tempo já havia se esgotado. Por 7 décimos de segundo, Hamilton cruzou a linha de chegada em primeiro pela 96a vez na carreira, e deu à Mercedes uma inesperada vitória na estreia da temporada 2021.

Mais uma vez, o lance mais importante da corrida é também motivo de grande polêmica. Sinceramente, esse não é mais o tipo de discussão com a qual gosto de me envolver. Parar por minutos, olhar dezenas de replays vendo aonde estava a linha branca, qual a posição do carro perante o outro, o momento em que ela teria completado a ultrapassagem... Honestamente, a Fórmula 1 é um esporte, uma forma de entretenimento. Vale mesmo a pena gastar tanto tempo de nossas vidas analisando a exaustão um lance tão específico como esse? 

Foto: Motorsport.com


 Tornando para a corrida em si, fico com a mesma abordagem que a transmissão internacional da F1 teve. A impressão é de que essa corrida estava nas mãos da Red Bull e de Verstappen, e ambos a deixaram escapar. Seja pela incapacidade de evitar o undercut no início da corrida, ou mesmo pelo ocorrido no final, com uma ultrapassagem mal calculada por Max e talvez uma atitude impensada da Red Bull, que poderia ter preferido manter-se à frente na pista e tentar abrir os 5 segundos de vantagem para cobrir uma possível penalidade. Independente de como, o fato é que durante o fim de semana e também no domingo, o carro austríaco sempre pareceu no comando das ações, aparentemente muito mais na ão de Verstappen se comparado à relação entre Mercedes-Hamilton. E ainda assim, foi Lewis quem saiu como vencedor. Para um time que quer ser campeão do mundo, esse não é um bom jeito de começar o campeonato. Alerta ligado para o time de Milton Keynes, afinal se tem alguém que sabe como capitalizar são as flechas de prata. 

 E como a Mertcedes capitalizou nesse fim de semana. Vitória, dois carros no pódio e quase o dobro de pontos que os concorrentes no mundial de construtores. Sim, a temporada promete ser desafiadora, talvez o maior desafio dos últimos 8 anos. Mas é movida por esse desafio que a Mercedes pode encontrar motivação para seguir melhorando, em busca de alcançar o aparente progresso feito pela Red Bull na última temporada. Não será fácil, mas novamente os alemães e Hamilton mostraram que estão prontos para comprar essa briga, e prometem levar ela até onde conseguirem. 

 Confira a classificação do GP do Bahrein:



Por hoje é só pessoal! Estaremos de volta nas próximas corridas do campeonato, que segue daqui a duas semanas com corrida em Imola! Abraço a todos e até a próxima! 




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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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