Faz algum tempo que consegui entender que viver na América Latina é: Acostumar-se com a desigualdade socioeconômica. Eu uso muitas linhas de ônibus aqui em Porto Alegre, os famosos T’s= Transversais. Munido de amostras de tecidos e mostruários, vejo as diferenças feitas em concreto e um entrelaçado de almas que caminha lado a lado sem dialogar. Busquei entender no livro de: Max Weber- Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Os diversos “porques” das diferentes religiões, pensamentos, condutas, e claro, o que quando criança eu vivia perguntando: Pai, porque nos Estados Unidos eles têm “tudo melhor”?


Na universidade aprendi sobre a Península Ibérica e sua herança deixada a nós. Depois de resumos de óperas inacabáveis e perspectivas ampliadas eu digeri com dificuldade e frustração. Os cartazes estão levantados e todas as feridas abertas exalando que elas estão apodrecendo. O sistema é muito bem “amarrado” antes mesmo do período Monárquico. Lembro-me de ter feito uma espécie de paródia em uma prova, da disciplina de Brasil Monárquico, ministrada pelo mestre Antonio de Ruggiero, com a letra Proprietários do Terceiro Mundo do @deadfishoficial. A escravidão, o café, mãos para plantar de outrora foram apenas substituídos por diferentes nomes.



Trabalhador em condições precárias, o petróleo, commodities e a cultura bacharelesca, a essa, continua as nos assombrar também. Migramos do campo para a cidade e nos fizeram participar de um circuito em que sempre sairemos perdendo, não podermos nunca nos desvencilhar da classe política que continua tacanha e com valores comuns no século XIX. Fomos educados para perder, e continuamos pagando o quinto para a “Coroa” que hoje não é hereditária- às vezes sim. Como boa herança latina e toda burocracia do código Napoleônico de 1804, continuamos adorando cargos e títulos. Ainda temos o imaginário de Viscondes, Comendadores, Generais, Juízes e Desembargadores. Sim, os títulos aqui nos escombros de Portugal e Espanha irão, pelo que parece, sempre validar a tua almejada “superioridade”.

Músicas usadas: Dead Fish- Proprietários do Terceiro Mundo;
Curtam/sigam: @ximbicronico
Gilberto Malheiros: Dos Meus Erros de Português
Obrigado!

Sobre a Coluna

A coluna Bombarda é publicada sempre às quintas-feiras.
Compartilhe:

Gilberto Malheiros

And I know you don’t understand why I chase what I can’t have.

Deixe seu comentário:

0 comments so far,add yours