Nos últimos dias a profissão de historiador foi enfim regulamentada. Era algo que já deveria ser realidade, mas fico feliz pelos meus amigos e colegas que fazem da História sua profissão e deixo registrado aqui meus cumprimentos. O historiador tem um papel fundamental na nossa sociedade, assim como outras profissões que merecem ter o seu valor evidenciado. Nos textos que apresento em minhas colunas deixo evidente a importância do museólogo em nossas vidas, mas esse assunto merece um texto só seu. Então, aqui vai.


Segundo a lei 7.287 de 18 de dezembro de 1984 um museólogo é aquele que se formou em Museologia na graduação ou que tenha o mestrado ou doutorado na área, assim como aqueles que sejam formados em outras áreas, mas atuam em museus no período de 5 anos, sendo a atividade comprovada. A lei ainda relata das atribuições de um museólogo, esse pode atuar em todos os âmbitos de um museu, além de solicitar tombamentos de bens culturais, criar museus e administrar instituições e muitas outras atribuições ligadas à salvaguarda de um acervo e de sua instituição. Contudo, vemos que na realidade a lei ainda é deficitária, onde poucos profissionais formados, ou até mesmo graduados, estão desempregados. Para suprir outras necessidades, no ano de 2009 foi sancionada a lei 11.904 de 14 de janeiro que cria o Estatuto de Museus e no mesmo ano é criado o Instituto Brasileiro de Museus- IBRAM, com origem na lei 11.906 de 20 de janeiro. Então pelo menos na teoria os museus estavam regulados. Vale ressaltar que a partir de 2006, em todo Brasil, surgiram diversos cursos de graduação na área.

Eu me formei na graduação criada em 2008. Entrei na faculdade em 2015 sendo parte da oitava turma de Museologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Podemos notar que ocorreu um grande vazio de 1984 até a criação do IBRAM em 2009. Os museus existiam nesse período e alguns até mesmo atuavam de forma como a lei de 1984 propôs, porém ainda hoje temos museus sem museólogos. São instituições privadas ou públicas que sofrem com administrações que não tem origem na Museologia. Há memórias perdidas, pois não se tem um profissional capacitado para atuar na instituição. Fora a falta de profissionais, muitos colegas sofrem com a falta de recurso, algo que já apontei nas minhas colunas que pode ser resolvido utilizando o marketing das redes sociais, mas sem o mínimo de apoio dos mantenedores dos museus isso é quase impossível.

Outro problema que um profissional encontra são os locais de trabalhos. Existem instituições com problemas seríssimos em sua estrutura. São locais que não tem ares-condicionados ou desumidificadores, ou ainda pior, não apresentam em seu espaço um local apropriado para o básico que um profissional necessita. São objetos exposto a luz solar ou com uma ventilação inexistente e sem nenhum controle de umidade. Acervos em todo o Brasil estão tendo sua vida diminuída com o descaso de administrações que não conseguem enxergar nos museus o lucro e com isso pouco se importam. São problemas que apenas um museólogo consegue notar.

Uma má distribuição de objetos em uma reserva técnica, ou uma falta de controle sobre a mesma, gera um grande prejuízo para uma instituição a médio ou longo prazo, onde o museu não vai conseguir utilizar de todo potencial de seu acervo. Assim como em uma exposição que o tema não muda e não recebe manutenção, isso é um grande problema para um local que recebe público. Os museus merecem ter seu funcionamento em um estado de excelência, assim como os museólogos merecem o emprego.
Fonte: https://emiliaeiko.wordpress.com/2013/12/16/18-de-dezembro-dia-do-museologo/
Museus são locais interdisciplinares e devem ter em sua equipe uma grande gama de profissionais, sejam historiadores, jornalistas, restauradores, arquitetos, seguranças, profissionais de limpeza, administradores, publicitários e pedagogos, mas sem um museólogo o que é um museu? Nem mesmo um plano museológico pode ter, pelo menos não por lei. Os museus devem ter um museólogo, são pessoas que passam pelo menos quatro anos estudando e se informando (pelo menos assim deveria ser) para fazer com que os museus alcancem uma excelência.

Muitas das minhas palavras escritas são frutos de sonhos. Eu acredito na Museologia e tento militar o máximo em nome dela. A mesma professora que falou a frase que dá o nome a essa coluna me disse que Museologia é militância, não ganharemos nada de graça e temos que todos os dias reforçar nossa importância em uma instituição museal. Então, museólogos que leem esse texto, eu peço que venham comigo nessa luta.

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Sobre a Coluna

A coluna O Mundo é um Museu é publicada sempre às sextas-feiras.
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Pablo Barbosa de Oliveira

Sou Museólogo e Escritor. Escrevo sobre cultura na Revista Pauta e no Portal Jovens Cronistas. Criador do Museu de Instagram do IAPI. Fã de Fantasia e Sci-fi.

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