“Sou responsável pelo que digo, não pelo que você entende”. Muitas pessoas dizem isso como forma de não se responsabilizarem quando dizem algo inapropriado ou impensado. Logicamente uma pessoa pode entender o que dizemos de forma equivocada, isso acontece constantemente. Entretanto, recusar-se a elucidar uma conversa é negar-se ao diálogo. Vejo que dizer que o outro é livre para entender o que quiser e que, se não entender, “paciência”, é uma forma de desvalorizar (e até menosprezar) o outro lado da discussão.



Estamos vivendo um momento em que as pessoas lutam pela última palavra mesmo que o conteúdo da fala seja vazio. Isso não significa, porém, que devamos ficar tentando provar todas as intenções das nossas palavras, porque, de fato, algumas pessoas não querem entender. Não adianta desenhar. Não é simples dialogar quando há conflito de ideias, mas é mais que necessário que haja mais respeito.

Na maioria das vezes em que a discussão é sobre política, por exemplo, logo vêm os deboches, as provocações que nada mais fazem que tentar desestabilizar o outro, como se conversar fosse uma espécie de combate. Todos crescemos ouvindo que quem grita perde a razão, mas humilhar em voz mansa pode? As pessoas estão confundindo opinião com discurso de ódio e preconceito. Mais que isso: muita gente acha que a sua opinião é extremamente importante quando ela sequer foi solicitada. Narcisismo talvez.



Falta empatia, mas falta também humanidade, calma, capacidade de refletir, de aprender. Falta pensar antes de falar, verificar o efeito do que será dito e se existe nesse discurso algo de positivo e construtivo. Quem verifica que é pura raiva, ódio, ignorância e mesmo assim vomita as palavras é, no fundo, bastante infeliz e carente. Em que outra situação alguém se contenta com a reação do ofendido ou até com uma devolutiva odiosa? Somente aquele que está desesperado por atenção e que acredita que não tem nada de bom a oferecer nem capacidade de evoluir.


Sobre a Coluna

A coluna Voz de Mulher é publicada sempre às segundas-feiras.
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Karina Pedroso

Escritora, poliglota, tradutora, professora, e artista nas horas vagas. Sou uma pessoa que ama conhecer coisas, pessoas e lugares e amo os animais. Aprender alimenta minha alma.

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