Olá fãs da velocidade! Voltamos em mais um domingo, e para comentar mais uma corrida doida da Fórmula 1! A temporada 2020 da categoria máxima do automobilismo mundial vem entregando corridas pra lá de movimentadas, e a de hoje foi no circuito de Mugello, que sediou o GP da Toscana. A segunda prova da F1 em território italiano tinha como garota-propaganda a Ferrari, que disputava em seu circuito de testes a milésima corrida de sua história na Fórmula 1. Apesar do número importante, o desempenho esteve longe de ser empolgante, e os holofotes se concentraram em vários outros assuntos: duas bandeiras vermelhas, um acidente polêmico numa das relargadas, batida forte de Lance Stroll e apenas 12 carros terminando a corrida foram só alguns dos ingredientes!

Inquestionável na liderança, a Mercedes dominou a prova de ponta a ponta, com Lewis Hamilton se recuperando após uma largada ruim para conquistar mais uma vitória na temporada! O inglês foi seguido por seu companheiro Valtteri Bottas, que teve um domingo de altos e baixos. Fechando o pódio, Alex Albon terminou na terceira posição, dando uma (necessária) resposta à Red Bull depois do seu início de ano em 2020. Acompanhe agora a nossa análise do final de semana de GP.

Foto: Getty Images
A sessão de classificação foi sem muitas surpresas, e mais uma vez trouxe a Mercedes dominando a primeira fila. Lewis Hamilton bateu seu companheiro Valtteri Bottas por menos de um décimo, enquanto Max Verstappen recolocava a Red Bull no terceiro lugar depois de um fim de semana duro em Monza. O quarto lugar de Alexander Albon retificava a demonstração de força da equipe austríaca, que esperava ao menos dominar os carros do pelotão intermediário para o domingo.
Hora da largada, como de costume muito importante na Fórmula 1 atual. Além do mais, alguns pilotos acreditavam que seria difícil ultrapassar no traçado de Mugello devido às muitas curvas de alta velocidade, que limitavam a pista a um único ponto de ultrapassagem. A freada para a curva 1 seria o centro das atenções para as manobras durante o GP, e também o palco de desdobramentos interessantes na 1a volta da corrida.

Largando da ponta, Lewis Hamilton cometeu um raro erro ao deixar o carro patinar nos primeiros metros. O inglês foi facilmente superado por Valtteri Bottas, que assumiu a liderança da prova. Charles Leclerc, que largara de uma surpreendente 5a posição, chegou até mesmo a dividir curva com Hamilton, mas o inglês aguentou o segundo lugar. Logo atrás de Leclerc, Alex Albon ocupava a quarta posição. Mas, e Verstappen?

O holandês da Red Bull que tinha chances de até mesmo incomodar a provável dobradinha da Mercedes sofreu com problemas em sua unidade de potência. Max tracionou bem do grid, mas assim que necessitou de aceleração, o carro não respondeu. Já na curva 1, Verstappen se via no meio do pelotão, lutando por posições fora da zona de pontuação. Na aproximação para a segunda curva, o holandês foi abalroado por Pierre Gasly, esse que por sua vez foi tocado por Kimi Räikkönen e acabou coletando também Romain Grosjean no meio do caminho. Max e Pierre acabaram abandonando por ali mesmo, enquanto Kimi e Romain conseguiram seguir na prova.

Foto: Motorsport.com
Segunda corrida seguida em que o carro #33 não vê a linha de chegada, bem como mais uma etapa onde Verstappen sofre com problemas em seu motor Honda. Durante o rádio na última prova em Monza, Max já parecia um tanto descontente com o motivo do abandono. Hoje, em entrevista logo após a batida, Verstappen voltou a demonstrar descontentamento com os problemas no carro, responsáveis diretos por mais um fracasso na corrida. Claro, é compreensível que o piloto se sinta frustrado com abandonos. Mas nunca é elogiável quando as críticas se tornam frequentes, e ainda por cima públicas. A própria Honda já desenvolveu uma relação pra lá de tóxica com um piloto extremamente talentoso, porém tão obcecado pela vitória que acabava passando do ponto. Certamente, repetir a rixa que teve com Alonso não está nos planos da montadora japonesa... então, pela tranquilidade de todas as partes, é melhor que Max relaxe, esfrie a cabeça e se concentre nos próximos anos. Qualquer abandono em 2020 não deve tirar dele o terceiro lugar no mundial de pilotos, e por outro lado a chance de conquistar o título nunca foi realmente palpável. Pra que se estressar tanto, não é mesmo Max?

O acidente deixou dois carros atolados na caixa de brita, além de detritos e da própria brita espalhada pela pista. O resultado foi a primeira intervenção do Safety-Car no dia, dando origem ao que seria um dos momentos mais discutidos do final de semana. Liderando o pelotão, Valtteri Bottas comandaria a relargada. Atento à grande reta do circuito, Bottas decidiu por uma estratégia já utilizada em outras ocasiões: segurar o pelotão até o último momento, evitando que os outros competidores se aproveitassem do vácuo para ultrapassá-lo. Bottas manteve o pé levantado até poucos metros da linha de chegada, e só quando estava prestes a cruzá-la deu então o gás. os carros que vinham logo atrás obedeceram e, um após o outro, foram retomando a aceleração.

O problema veio na parte do meio-fundo do grid. Uma espécie de "bolsão" do décimo primeiro colocado para trás acabou se formando, com esses carros ficando muito distantes da primeira metade do grid. George Russell, que era o líder desse bolsão, tentou antecipar a largada, ou simplesmente julgou mal o ritmo do carro que ia a frente, dando o pé um pouco mais cedo do que deveria. E quem veio atrás repetiu, sistematicamente, formando um efeito dominó. Quando esse movimento chegou aos últimos carros, os mesmos já haviam alcançado uma velocidade grande quando se deram conta de que a corrida ainda não tinha recomeçado. A colisão foi inevitável.

Múltiplos carros ficaram fora da prova nesse movimento, sendo eles Latifi, Giovinazzi, Sainz e Magnussen. A cena teve um pouco de tudo: perigosa por um lado e patética por outro. Por ser um movimento diversas vezes executado, até mesmo por categorias de apoio como a Fórmula 2 nesse mesmo fim de semana, é embaraçoso pensar que justamente a Fórmula 1 tenha protagonizado uma pataquada desse tamanho. Ao mesmo tempo, tivemos alguns impactos fortes, além de inúmeros detritos voando pela pista, que poderiam ter causado algum acidente mais grave.

A intenção aqui não é achar culpados, e muito menos eleger um bode expiatório, afinal de certa forma todos os pilotos envolvidos tiveram um grau de culpa. É claro que, por ter criado esse bolsão no meio do grid e iniciado a reação em cadeia, George Russell mereceria um puxãozinho de orelha um pouco mais forte. Mas a cena como um todo acaba sendo tão constrangedora que colocar toda a culpa nos ombros de um único piloto é injusto.

Muito se falou sobre o procedimento que o SC tomou quanto ao apagar de suas luzes, e sim, concordo que o mesmo deixou para sinalizar sua entrada aos boxes muito em cima da hora. Mas acredito que, mesmo se o tivesse feito antes, Bottas não mudaria sua atitude. Valtteri segurou o pelotão até a linha por conta do vácuo, e não apenas por ser informado da saída do SC na última curva.

Mudanças no procedimento de relargada? Não tenho certeza se elas mudariam alguma coisa, quanto mais se elas são realmente necessárias. A situação protagonizada esse fim de semana foi circunstancial, visto que a reta de Mugello é uma das poucas que chegam próximas a marca de 1km de extensão. Por mais estranho e perigoso que tenha sido, o acidente não deve se repetir. E é isso, bola pra frente!

Foto: Motorsport.com
Depois da pancada na reta de chegada, não somente o safety-car retornou à pista, como também a bandeira vermelha foi necessária para interromper a prova. Após alguns minutos de paralisação, a corrida iria novamente recomeçar com largada parada, e a maioria dos carros optando pelos pneus macios... com exceção dos dois líderes.

Valtteri Bottas e Lewis Hamilton se valeram da bandeira vermelha para colocarem um novo jogo de pneus médios, dando praticamente a certeza de apenas uma parada nas 50 voltas restantes. Mas antes delas, era hora de ver as luzes vermelhas se apagarem de novo, e elas representariam uma grande oportunidade para novas ultrapassagens.

Na briga pela ponta, Bottas fez novamente uma partida exemplar, mas dessa vez Hamilton também conseguiu arrancar bem. O inglês usou o vácuo do seu companheiro e utilizou o traçado por fora na curva 1 para reassumir a liderança da corrida. Mais atrás, Albon deixava escapar uma importante quarta posição, caindo para o sétimo lugar, atrás de Stroll, Pérez e Ricciardo.

Finalmente com algumas voltas de bandeira verde foi possível notar o rendimento real dos carros em pista. E a Mercedes deixou claro que era absoluta: em uma volta, Hamilton abriu 2.3 segundos de Leclerc, criando um tradicional abismo entre as flechas negras e o terceiro colocado. Charles vinha batalhando para manter sua Ferrari no último degrau do pódio, ms a missão foi aos poucos se tornando impossível. Um a um, os adversários foram deixando Leclerc para trás, sem qualquer dificuldade. Indefeso, o monegasco se via depois de uma dezena de voltas na oitava posição, pronto para ser engolido por Daniil Kvyat e sua AlphaTauri, quando enfim entrou aos boxes para sua primeira troca. Um momento triste para os fãs do time italianos, e até mesmo um tanto quanto humilhante, já que contrastava com aquilo que deveria ser a festa de comemoração para o GP 1000 da Scuderia... Resta agora saber o quão longe estão os dias melhores no horizonte dos tifosi.

A medida que a corrida ia se desenvolvendo, a impressão de que Bottas se igualava, ou até mesmo superava o ritmo de Hamilton ficava visível à quem assistia a prova. Em determinado momento, Valtteri chegou a pedir pelo rádio uma estratégia oposta a do inglês, tentando encontrar maneiras de efetuar ula ultrapassagem que parecia difícil de acontecer em pista. Mas o finlandês logo percebeu que tudo seria mais difícil do que o esperado. Assim que se aproximava de sua parada, Hamilton acelerou o ritmo. Bottas tentou fazer o mesmo, mas já estava sem pneus sobrando e não conseguiu acompanhar a Mercedes #44. Em poucas voltas, a distância de 1.5 segundos saltou para a casa de 5, até mesmo 6 segundos de vantagem. Nesse momento, Hamilton mostrou quem tinha o comando. Da corrida, do campeonato, da briga interna.

Hora das paradas. Sem rendimento, Bottas veio ao pit 1 volta antes de seu companheiro, com ambos trocando para os compostos duros. Após as paradas, as Mercedes eram divididas por Alex Albon, que andava em segundo ainda sem ter parado nos boxes. O tailandês tentava fazer valer sua tentativa de overcut, pensando em ter pneus num estado melhor ao final da prova. O alvo era Daniel Ricciardo, quarto na pista mas virtualmente no terceiro lugar. O australiano vinha pelo caminho oposto: graças ao undercut, ou seja, parando mais cedo, havia conseguido ultrapassar Lance Stroll pela terceira posição. A parada entretanto havia sido muito cedo, e a perspectiva para o fim de corrida não era das mais animadoras. Muitos cenários agitavam a prova àquela altura!

Mas todos eles seriam novamente bagunçados, e adivinha só por quem... com menos de 20 voltas para o fim, o safety-car foi de novo acionado. Lance Stroll, que vinha à caça de Daniel Ricciardo, virando mais rápido nas últimas voltas, acabou perdendo o controle de sua Racing Point numa das Arrabiatas, as curvas mais desafiadoras do circuito. O canadense bateu forte contra a barreira de pneus, em mais um acidente impressionante dos vários que já tivemos nesse ano. Com o abandono, Alex Albon (que já havia feito seu pit-stop) se via agora na traseira de Daniel Ricciardo, tendo a chance de brigar mais uma vez por seu primeiro pódio na categoria.

Foto: Motorsport.com
Inicialmente, a direção de prova chamou apenas o SC, o que trouxe vários pilotos (incluindo ambas as Mercedes) para os boxes. Os pneus médios das flechas negras já haviam se desgastado, e tanto Hamilton como Bottas optaram por novos pneus médios. Porém, alguns minutos depois a bandeira vermelha foi novamente agitada em Mugello. Com todos os carros se dirigindo para o pit, todos os 12 pilotos restantes optaram por pneus macios para as últimas 13 voltas do dia, que decidiriam os grandes vencedores de mais uma corrida espetacular.

Novamente, após bandeira vermelha, temos largada parada. E se Bottas tinha feito o dever de casa nas duas primeiras, o finlandês esqueceu a lição para a última e decisiva largada. Valtteri patinou nos primeiros metros, e sequer teve a oportunidade de pegar o vácuo de Lewis para atacar a liderança. Daniel Ricciardo se aproveitou do deslize do adversário para abocanhar a P2, no que parecia o cenário dos sonhos para a Renault!

Com poucas voltas para o fim, o time francês via seu tão sonhado pódio finalmente se desenhando aos seus olhos. Mas ainda faltavam algumas voltas, e elas em hipótese alguma seriam fáceis. Logo no segundo giro após a relargada, Bottas colocou por fora na curva 1 e ultrapassou Daniel, relegando o australiano ao terceiro lugar. Pra piorar as coisas, Alex Albon vinha com grande rendimento na quarta posição, e em poucas voltas conseguiu encostar traseira da Renault #3. Com paciência e consistência, Albon manteve-se próximo de Ricciardo, e aproveitou a zona de DRS para completar a ultrapassagem na curva 1. O primeiro pódio dos franceses dava lugar ao primeiro pódio do tailandês!

Ainda assim, a Renault tem seus motivos para comemorar. Mesmo em uma pista de alta carga aerodinâmica, o carro rendeu bem om Daniel Ricciardo, apesar de que claro, a classificação final foi potencializada pelos abandonos. Com mais um top-5, o time amarelo se distancia cada vez mais da Ferrari no mundial de construtores, e segue incomodando Racing Point e McLaren por um degrau a mais na classificação. Numa temporada de tantas alternativas e com um equilíbrio tão notável nesse pelotão intermediário, essa sequência de bons resultados é valiosíssima para a Renault, e se o time mantiver esse rendimento certamente irá figurar no top-3 em algum momento até o fim de 2020.

Foto: Motorsport.com
Finzinho de prova, e Albon até tentou dar um calorzinho em Bottas no segundo lugar, mas assim que exigido o finlandês acelerou sua Mercedes #77 e disparou no horizonte. Hamilton fez o mesmo uma volta depois, mantendo-se a uma distancia segura para confirmar mais uma vitória na temporada, aumentando ainda mais sua vantagem no campeonato mundial.

90a vitória da carreira para Lewis, e uma questão de tempo até que ele se torne o maior recordista da história da Fórmula 1. 55 pontos de vantagem no campeonato, e apesar de todas as estatísticas dizerem o contrário, mais uma vez a corrida foi muito interessante. Com várias alternativas, acidentes e brigas na pista, a F1 proporcionou de novo um show muito interessante, que agrada à velha e à nova geração de fãs. 2020 vem sendo um ano e tanto, não há o que reclamar.

Quem também vem tendo "um ano e tanto", mas em outro sentido é Alex Albon. O tailandês da Red Bull fez uma primeira metade de temporada muito aquém do esperado, sendo destroçado por Max Verstappen e vendo seu concorrente direto Pierre Gasly triunfar com a prima-pobre AlphaTauri. Nesse domingo, finalmente Albon conseguiu entregar o resultado que se espera dele. A terceira posição e o primeiro pódio na categoria simbolizam uma marca que o piloto #23 estava devendo: mais de um ano na equipe e com diversas oportunidades, Albon havia falhado em capitalizar as situações de corrida e abiscoitar a sonhada P3. Hoje, manteve-se combativo durante bandeira verde, sempre próximo ao pelotão de frente, e conseguiu ser paciente e preciso para aproveitar o momento certo após o derradeiro SC. Resposta importante e necessária do jovem asiático, que precisa seguir nessa toada e completar o campeonato de pilotos no quarto lugar. Só assim é possível garantir que ele merecerá mais um ano como piloto da Red Bull.

Para fechar, não podemos deixar em branco a batalha no "fim" do pelotão, que reservou momentos interessantes nas últimas voltas. Kimi Räikkönen, numa exibição de muita classe conseguiu levar sua débil Alfa Romeo a um oitavo lugar, cruzando a linha de chegada mais uma vez como o melhor carro com motor Ferrari no grid! A punição de 5 segundos o colocou atrás de Charles Leclerc, mas não foi o bastante para promover Sebastian Vettel, que teve de se contentar com o décimo lugar. O alemão foi mais lento do que Kimi no trecho final de prova, não conseguindo descontar a diferença para herdar a nona posição. Mais do que isso: Seb precisou lutar com Russell para o que seria o último ponto disponível na corrida! Mais um dos momentos para a Ferrari esquecer em 2020... E fica o aviso: a AlphaTauri está cada vez mais perto. Terminar o ano em sexto nos construtores já seria péssimo, em sétimo então, atrás da equipe da Red Bull, é quase terra-arrasada...

Passa rápida nas classificações: no campeonato de pilotos, Hamilton lidera com 190 pontos, contra 135 de Bottas, 110 de Verstappen, 65 de Norris e 63 de Albon. Nos construtores, a Mercedes chegou a marca de 325 pontos, contra 173 da Red Bull, 106 da McLaren, 92 da Racing Point e 83 da Renault.

Confira a classificação do GP da Toscana: 
Resultado final do GP da Toscana — Foto: Reprodução/FOM


Por hoje é só pessoal! A F1 faz uma pausa na semana que vem e retorna daqui a 14 dias, com o GP da Rússia em Sochi. Abraço a todos e até lá!



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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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