Olá fãs de velocidade! Estamos de volta nesse domingo para comentar mais uma corrida da Fórmula 1, e dessa vez um GP que ganhou um nome todo especial. O Grande Prêmio do Aniversário de 70 Anos da Fórmula 1 serviu claro para comemorar a data, mas também para otimizar o calendário num ano marcado pela pandemia de Covid-19, já que a etapa acabou marcando a segunda corrida seguida no circuito de Silverstone. Para evitar um repeteco da semana passada, a F1 decidiu em conjunto com a Pirelli modificar os compostos de pneus levados para o Grande Prêmio, o que acabou alterando toda a dinâmica do fim de semana. Debaixo do forte calor europeu, a Mercedes até foi imbatível nos treinos de sábado, mas jamais encontrou um rendimento forte durante o domingo. Com sérios problemas de desgaste de pneus, os carros alemães não foram páreo para Max Verstappen, que rumou da quarta posição para a vitória! O holandês chegou à frente de Hamilton, que superou Bottas já nas últimas voltas para assumir a segunda posição. Mesmo terminando em terceiro, Valtteri deixa a Inglaterra sem quaisquer motivos para comemorar, e numa antes improvável terceira posição no mundial de pilotos. Confira a partir de agora a análise do final de semana.
Foto: Motorsport.com
A sessão de classificação no sábado colocou mais uma vez as Mercedes na ponta, e de maneira muito categórica. Bottas superou Hamilton em uma demonstração de força, com o inglês ficando 9 décimos à frente do carro mais próximo. Este que era (pasmem) Nico Hülkenberg! O alemão colocou sua Racing Point no top-3, provando que o carro era mesmo rápido. Max Verstappen veio logo atrás na quarta posição, com um ingrediente que poderia adicionar tempero à corrida: o holandês fez sua melhor volta no Q2 com pneus duros, diferentemente de todo o resto do grid, que foi com os médios. A ideia de Max era basicamente jogar o contrário que a Mercedes, e esperar através disso obter alguma vantagem. Mas para que essa aposta pudesse se concretizar, era crucial superar Hülk já nas primeiras voltas.

Hora da largada, e as luzes se apagaram para acontecimentos importantes na linha do tempo da corrida. Na terceira posição, Hülk não conseguiu a melhor das partidas, e acabou facilmente superado por Verstappen, por pouco não caindo para a quinta posição. Na fila da frente, Bottas segurou nos primeiros metros, mas Hamilton veio pra cima, ciente da importância e liderar para ditar o ritmo da prova. Os dois dividiram curvas até a metade do primeiro giro, mas o finlandês se manteve firme e segurou a ponta. Mais atrás, descendo para o meio do pelotão, Sebastian Vettel dava início à mais um fim de semana de calvário para sua Ferrari #5.

Já na primeira curva da corrida, Vettel perdeu o controle do carro e acabou atravessado na pista. Por sorte, todos os demais pilotos não acertaram em cheio o alemão, que acabou caindo para o vigésimo e último lugar da prova. Como se já não bastasse o visível desconforto de Vettel com as características da Ferrari desse ano, Seb tinha agora que lidar com o intenso tráfego das equipes do fim do grid, que se provaram bastante incômodas numa pista que não favorece as manobras de ultrapassagem. Vettel acabaria por passar o restante do GP preso nessa faixa do pelotão, mais uma vez sem levar pontos para casa.

A relação Vettel x Ferrari, que sofreu um duro golpe na temporada passada, desandou de vez em 2020. O anúncio da não renovação com o alemão parece ter sido a ruptura final, e o antes aplicado e orgulhoso ferrarista já não demonstra qualquer preocupação em cutucar a equipe, sendo a recíproca também verdadeira. Em dado momento durante a prova, Vettel reclamou pelo rádio que a equipe havia lhe colocado no meio do tráfego após seu primeiro pit-stop, enquanto logo após o fim da corrida, Mattia Binotto disse a imprensa que a rodada na primeira curva foi ainda mais comprometedora do que a falha na estratégia.
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Erros pra lá, erros pra cá, simplesmente não há mais clima para a parceria continuar. O que tinha tudo pra ser um casamento frutífero e marcante para ambas as partes vai terminando de maneira extremamente melancólica, e em certos pontos até feia. As alfinetadas mostram que não há mais união entre as partes, o que tem tudo para ser prejudicial a ambos em 2020: para Vettel, que precisa mostrar serviço para garantir sua posição no ano que vem; e também para a Ferrari, praticamente uma integrante do pelotão intermediário nesse ano, e sem posição garantida no mundial de construtores. Enfim, uma maneira triste de encerrar um ciclo que parecia tão promissor.

Seguindo a corrida, as Mercedes davam pinta de iniciar novamente a construção de sua vantagem segura. Em questão de 5 voltas, Bottas e Hamilton tinham aproximadamente 3 segundos sobre Verstappen, que já se descolara da possível ameaça da Racing Point. a superioridade das flechas negras porém acabou por durar pouco. A partir da volta 10, os carros da equipe alemã começaram a perder rendimento em relação à Verstappen, e o holandês foi chegando. Mesmo liderando a prova, tanto Hamilton como Bottas já apresentavam as famosas bolhas em seus pneus médios, o que afetava diretamente a performance de ambos. Já os compostos duros de Verstappen seguiam a pleno rendimento como o esperado, e a possibilidade de uma corrida mais quente começava a crescer.

Não demorou muito e Valtteri Bottas foi aos boxes. O então líder da corrida teve a preferência de parar primeiro, trocando imediatamente para os pneus duros. Na volta seguinte foi a vez de Lewis Hamilton fazer o mesmo movimento, isso quando Verstappen já ensaiava um bote pra cima do inglês. Com os dois pilotos da Mercedes parando, Verstappen ficou isolado na liderança, e agora as atenções se voltavam para o cronômetro. Usando pneus mais novos, a tendência era que os pilotos da Mercedes fossem diminuindo a distância para Verstappen com o passar das voltas, enquanto o holandês poderia arriscar uma improvável estratégia de uma parada, ou ainda fazer dois longos stints de pneus duros somados a um rápido stint de médios ou até mesmo macios nas voltas finais.

Porém, tudo isso não passou de teoria. Com pouco menos de 10 voltas, os pneus duros da Mercedes voltaram a perder rendimento, repetindo o mesmo problema anterior: a formação de bolhas. Enquanto isso, Verstappen e sua Red Bull #33 seguiam em perfeitas condições, e agora até mesmo abrindo de Hamilton e Bottas. Exatamente na metade da corrida, Verstappen parou para pneus médios, voltando à pista apenas poucos metros atrás de Bottas. Com o composto mais macio, Max foi arrojado porém preciso, ultrapassando o finlandês já na reta Wellington e retomando a liderança da prova!
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Enquanto as coisas caminhavam de maneira surpreendentemente boa para a Red Bull, o mesmo não se podia dizer da Racing Point. Sempre esperança de uma possível ameaça as equipes grandes, o carro rosa demonstrou no sábado que poderia ser mais veloz do que a Red Bull, mas ficou devendo e muito em rendimento de corrida. Hülkenberg jamais conseguiu acompanhar de perto Verstappen, mas exigir algo desse nível de Nico dadas as circunstâncias de seu retorno à categoria seria no mínimo muito duro.

A grande decepção mesmo acabou sendo a atuação de Lance Stroll, mais uma vez mero figurante durante toda a prova. O canadense tomou três décimos de Hülk na classificação, e andou consistentemente mais lento do que seu companheiro durante a prova, ficando limitado à sexta posição. Aos poucos, os constantes desempenhos abaixo do esperado por parte de Stroll vão confirmando parte do status construído nas temporadas passadas, algo que o classifica como mero piloto pagante. Não, Lance não é uma tragédia absoluta do nível de Raghunathan, Ide e companhia limitada, mas ao mesmo tempo não parece ser digno de um carro com potencial para ser a 3a força do mundial de construtores. E isso machuca ainda mais quando temos alguém como o próprio Hülkenberg sem um assento garantido...

De volta às cabeças, a Mercedes via Verstappen sem ninguém em seu caminho e com um pneu mais macio para abrir uma distância confortável e gerenciar o desgaste até o final da prova. Isso obrigou o time alemão a sair da zona de conforto e tentar algo diferente. Foi então que os comandados de Toto Wolff decidiram dividir as estratégias: Bottas faria seu segundo pit-stop mais cedo, enquanto Hamilton seguiria na pista por mais tempo. A Red Bull só poderia cobrir uma opção, deixando a possibilidade de vitória ao menos um pouco maior.

E os austríacos não perderam tempo. Assim que Bottas foi chamado aos boxes, a equipe dos energéticos chamou também Max Verstappen, evitando que o finlandês pudesse ganhar qualquer segundo em sua outlap. Ambos trocaram para um novo jogo de pneus duros, significando que estariam no mesmo barco dali até o final da corrida. Max manteve a dianteira sobre Valtteri, enquanto Hamilton assumiu a liderança na pista, mas com uma parada iminente a sua espera... ou não.

Se alcançar (e principalmente ultrapassar) a Red Bull de Verstappen na pista parecia extremamente difícil, existia ainda uma outra possibilidade de fazer a corrida com apenas uma troca de pneus. Essa estratégia era ainda muito desacreditada, especialmente pelos acontecimentos da semana passada, onde três pilotos tiveram furos de pneus nas voltas finais devido ao extremo desgaste. A equipe Mercedes porém seguia confiante de que essa era uma possibilidade, e manteve esse plano até algumas voltas para o fim. Ao perceber que os adversários poderiam se valer da posição de pista, a Red Bull instruiu Verstappen para apertar o ritmo, e o holandês facilmente correspondeu. Em poucas voltas, a distância confortável de Lewis caiu vertiginosamente, obrigando o inglês a parar nos boxes para um novo jogo de pneus duros, restando apenas 10 voltas para o fim.

A estratégia de uma parada não funcionou para a Mercedes, mas deu e muito certo para a Ferrari! Com Vettel praticamente fora de combate, as esperanças dos Tiffosi se depositavam em Charles Leclerc. O monegasco havia se classificado em oitavo, e repetir o pódio da corrida anterior parecia uma missão improvável até para os ferraristas mais otimistas. Leclerc porém baseou-se em um bom entendimento sobre o funcionamento dos pneus, e segundo ele próprio revelou após o fim da corrida, persuadiu seus engenheiros a seguirem uma estratégia de parada única, ao invés das habituais duas paradas sugeridas pela equipe. Charles encontrou o ritmo ideal, preservando os pneus e virando tempos competitivos. Após a segunda rodada de pit-stops, encontrava-se na quarta posição, atrás apenas das Mercedes e de Verstappen. A partir daí, manteve uma tocada suave e precisa, virando inclusive mais rápido do que ambos os pilotos da Racing Point, que vinham logo na sequência.
Foto: Motorsport.com
Esse combo entre velocidade e manejo do equipamento acabou por render-lhe momentaneamente um novo terceiro lugar, este que acabou negado por um Lewis Hamilton muito mais rápido nos momentos finais da prova. Porém, a quarta posição saiu muito melhor do que a encomenda, e novamente graças a um grandíssimo trabalho do piloto do principado. Se Charles não tem condições de lutar por vitórias nessa temporada, pode ao menos trabalhar aspectos individuais e ir evoluindo sob uma perspectiva diferente. Os grandes resultados desse início de ano vão com certeza aliviar a pressão sob seus ombros, essa que se foca agora para o futuro, na missão de reconstruir a Scuderia Ferrari. Uma ótima sequência de corridas em Silverstone para Leclerc, que não será digna de tantas glórias mas tem sim o seu grande valor.

Chegamos então nos momentos finais da corrida. Após sua segunda para, Hamilton retornou à pista em quarto, com pouco mais de 10 voltas restando no relógio. O inglês passou rapidamente por Leclerc, e tinha então Bottas e Verstappen à sua frente. Com pneus novos, Hamilton era agora o piloto mais rápido da pista, fazendo uma boa sequência de voltas mais rápidas num curto intervalo de tempo. Esse rendimento o colocou logo na traseira de Valtteri Bottas, que agora sofria com seu velho jogo de pneus duros. Valtteri também já tinha bolhas nos pneus, e demonstrava não ter condições de arranjar mais ritmo em sua Mercedes #77. Diferente do que aconteceu com o líder da prova.

Enquanto Hamilton ultrapassava um indefeso Valtteri Bottas, Verstappen seguia a oito segundos de distância, restando apenas três voltas no cronômetro. Com um carro muito mais gentil com os pneus, Verstappen pode manter um ritmo forte, conservando também o seu material e o utilizando apenas no momento correto. Um esforço perfeito, que foi recompensado da melhor maneira possível.

Fim de prova em Silverstone, e além da primeira vitória da temporada, Max Verstappen conquista também a segunda posição no mundial de pilotos, ultrapassando Bottas por quatro pontos. Circunstancial ou não, essa conquista coloca Verstappen sua Red Bull em evidência nesse início de campeonato, e principalmente, representa um duro golpe na moral de Bottas. O finlandês, que demonstrou um ritmo até forte durante os dois finais de semanas em Silverstone, deixa o circuito com um prejuízo de 35 pontos perante Hamilton. Mais uma vez, o campeonato mundial vai ganhando contornos difíceis para Bottas, que ao menos já tem vaga garantida com o time para 2021. Resta à Valtteri baixar a cabeça, andar rápido e contar com a sorte.

Para Max, o negócio é aproveitar o momento. A julgar pelo ritmo em classificação, a Mercedes segue numa posição de superioridade extrema. A vitória desse domingo, construída através do manejo do desgaste de pneus, pode ter sido a exceção da temporada, e a posição no campeonato talvez não traduza as reais possibilidades da Red Bull-Honda. Sem pressão pra lutar por título ou atormentar a Mercedes: o que os austríacos podem fazer agora é focar em seu trabalho e aproveitar o bom momento, pois ao menos nesse domingo, o duo Verstappen-Red Bull foi sim invencível.

No campeonato mundial de pilotos, Lewis Hamilton segue líder e com 30 pontos de vantagem, agora sobre Max Verstappen (107 a 77). Bottas vem em terceiro com 73, à frente de Leclerc, com 45. Nos construtores, a Mercedes lidera com 180 pontos, contra 113 da Red Bull, 55 da Ferrari e 53 da McLaren.


Confira a classificação do GP dos 70 anos da Fórmula 1: 


Por hoje é só pessoal! Voltaremos na semana que vem para completar mais uma rodada tripla, dessa vez com o Grande Prêmio da Espanha, no tradicional circuito de Montmeló. Abraços e até lá!



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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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