Precisamos falar de machismo e suas consequências infames a sociedade brasileira. O machismo é uma ferida aberta, estruturante de nossa sociedade.

Quando falo que o machismo é estruturante, afirmo devido ao nosso modelo social, em que as mulheres sofrem ininterruptamente com ações machistas em todas as nossas instituições (família, religião, economia, política). Agora, se a mulher é negra a situação é muito pior, além dos marcadores de opressão de gênero, também sofre com os de raça e classe social.


Essa estruturação machista se dá através das leis, dos costumes, das religiões, do preconceito, alimentados e geridos pelo patriarcado. Ele mantém as mulheres nesta posição de subalternidade e ausência de poder, mesmo com tantas lutas e batalhas do feminismo, principalmente do feminismo negro, uma vez que são as mulheres negras que mais sofrem com essa "opressão", ainda há muito o que evoluir no que diz respeito à igualdade de gênero.

Você já leu ou ouviu em algum lugar a expressão "masculinidade tóxica", homens que cometem abusos diversos; violência emocional, sexual, agressões físicas e em casos extremos o feminicídio. Dados do Atlas da Violência, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), publicado no primeiro semestre de 2020, revela que em média 13 mulheres são mortas por dia no Brasil, desse número 66% são mulheres negras.

Alguns de nós achávamos que esse momento de medo e incertezas, gerados pela pandemia, iria gerar mais solidariedade e compreensão, mas não é o que tem acontecido aqui no Brasil e no mundo em relação à violência contra as mulheres. No Brasil houve aumento de 22% dos registros de violência desse tipo. António Guterres, secretário geral da ONU (Organização das Nações Unidas), recomendou uma série de medidas para combater e socorrer as mulheres que sofrem violências durante a pandemia, entre elas, orientou investimentos em serviços de denuncias em farmácias.

O cenário do machismo no Brasil adoece nossa sociedade, alimenta o ódio, a violência e o rancor. Um sistema anacrônico colonizador, onde a mulher é propriedade do homem.

Este texto é um convite para que você seja parte dessa batalha de desconstrução do machismo e construção de um novo homem. É nosso papel ouvir e proteger as mulheres de maneira geral, principalmente as mulheres negras. Precisamos assumir responsabilidades de ação, seja mudando nossa postura de respeito, ou na educação de nossos filhos, ou na denuncia de violência que temos conhecimento.

Para denuncias ligue 180.

É sempre bom ter uma conversa franca com cada um(a) de vocês.

Sobre a Coluna

A coluna Brasilis é publicada sempre às quintas-feiras.
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Alexandre Pereira

Eu sou Alexandre Silva, natural de Alagoas, mas resido em Salvador – BA, terra que tem me dado “régua e compasso” para seguir firme e forte, na luta por uma sociedade mais igualitária. Ainda sobre mim, sou Graduando em Humanidades pela Universidade Federal da Bahia, curso que me desafia a enfrentar as problemáticas de uma sociedade multifacetada, segregada por uma profunda desigualdade social. Nossos textos buscarão provocá-los a problematizar questões que afetam nossas vidas, mesmo que pensemos que não, tudo está interligado, tudo nos diz respeito, se assim não fosse não seriamos uma sociedade. Obrigado pela companhia e vamos problematizar!

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