Olá fãs da velocidade! Voltamos nesse domingo para comentar o Grande Prêmio da Estíria, o "round 2" no circuito de Red Bull Ring, que já havia recebido o GP da Áustria no final de semana passado. Após uma sessão de qualificação com piso molhado, e que viu um domínio absurdo de Lewis Hamilton, a prova no domingo foi muito mais tranquila do que a corrida passada, dando um bom panorama do que podemos esperar para o resto da temporada. Hamilton venceu, dominante, sem risco de perder a ponta em qualquer momento da prova. Verstappen lutou, levou sua Red Bull além do que se poderia imaginar, porém não conseguiu segurar a Mercedes de Bottas, que completou a dobradinha alemã no alto do pódio, com o holandês terminando em terceiro. Mais atrás, McLaren, Racing Point e uma até surpreendente Renault lutaram entre si, quase no encalço de Alexander Albon, que ficou estacionado na quarta posição durante a prova. E à parte de tudo isso, a Ferrari conseguiu piorar uma situação que já era péssima, com um duplo abandono na conta. Com vocês, o relato detalhado do provavelmente único GP da Estíria de toda a história:

Foto: Getty Images


A largada transcorreu sem maiores problemas para o pelotão da frente. Hamilton partiu bem do grid e não foi ameaçado, enquanto Verstappen na segunda posição precisou ter cuidado com as investidas de Carlos Sainz, que partiu do terceiro posto. Após algumas curvas lado a lado, o holandês manteve firme o seu lugar, enquanto o espanhol teve que voltar suas atenções para o retrovisor, vendo a rápida aproximação de Bottas.

Um pouco mais atrás, a primeira volta foi palco para um importante momento do fim de semana. Largando muito próximos, Sebastian Vettel e Charles Leclerc estavam cientes das dificuldades do novo carro da Ferrari, que mais uma vez não conseguiu colocar os dois pilotos no Q3. Com Seb em décimo e Leclerc em 11o., pontuar já seria um bom resultado para o time italiano, apesar de que bom não seria a palavra correta para descrevê-lo. Mas tudo isso foi por água abaixo na segunda curva da corrida. Nela, Leclerc julgou mal o ponto de freada e carregou muita velocidade para a curva, não conseguindo contorná-la no espaço necessário. Quem estava do lado de fora? Justamente seu companheiro. A Ferrari #5 de Vettel foi abalroada pelo monegasco, perdendo a asa traseira e alguns apêndices aerodinâmicos. Fim de prova imediato para Vettel, enquanto Charles conseguiu voltar aos boxes para trocar a asa dianteira. Apenas algumas voltas depois, Leclerc também foi forçado a abandonar devido à danos no assoalho de seu carro.
Foto: Motorsport.com
Ao comentar o incidente após a corrida, Binotto disse que agora não é hora de apontar culpados, e que a Scuderia precisa focar em seus reais problemas. E há que se admitir que o chefe italiano não está tão equivocado assim. Depois de desapontantes sessões de treinos livres na sexta-feira (com pista seca) e um desempenho igualmente ruim no sábado (com chuva), a própria esperança de todos para com a corrida no domingo era baixa. Em nenhum momento o carro da Ferrari fez jus a dupla de pilotos que possui e a todo o investimento que foi feito para concebê-lo. Isso por si só é a maior das derrotas que qualquer time poderia sofrer. Mas mesmo que o cenário seja ruim, e que não haja nenhuma perspectiva de melhora até 2022 devido ao regulamento que será congelado para o próximo ano, a Ferrari precisa levantar a cabeça e competir. Maximizar suas oportunidades, como Charles Leclerc fez no GP da Áustria; procurar um líder, que seja uma espécie de capitão para guiar o time a mares mais calmos. Falamos sobre isso no ano passado, se Leclerc era esse homem que a Ferrari tanto precisava. Agora, com a saída em definitivo de Vettel, é o momento dele chamar para si essa responsabilidade. Veremos se o monegasco tem o que é necessário para liderar um time de ponta.

Seguindo a corrida, tivemos um breve SC após o toque entre as Ferrari, e então a ação estava de volta a Spielberg. Em questão de poucas voltas, a McLaren de Sainz sucumbiu primeiro a Bottas, depois a Albon, ficando estacionada na quinta posição. Enquanto isso, Hamilton aproveitava para impor seu ritmo lá na frente, abrindo constantemente em relação a Max Verstappen. O holandês fez um bom trabalho, igualando o ritmo de Bottas por um bom tempo, até começar a perder rendimento a medida que o seu jogo de pneus macios ia se desgastando. Sem muita alternativa, a equipe Red Bull chamou o piloto para sua primeira parada ainda antes da 25a volta, o que deixou Max vulnerável ao overcut.
Mesmo ficando mais de 10 voltas a mais na pista, Valtteri não conseguiu a distância necessária para ganhar a posição de Verstappen nos boxes. Porém ao retardar sua parada, o finlandês teria pneus em melhor estado ao alcançar a fase final da prova, dando-lhe uma grande vantagem na fase decisiva da corrida.

Voltando os olhos para o meio do pelotão, uma briga ferrenha e muito interessante se desenhava entre algumas equipes. Sainz ainda aparecia na frente, segurando a quinta posição, porém Daniel Ricciardo e Esteban Ocon vinham logo atrás, e mostrando bom rendimento na Renault amarela. De pneus médios, Ricciardo chegou a disputar posição com o companheiro francês, dividindo curvas e deixando os fãs de velocidade bem excitados. Apesar de um propulsor pouco confiável, não é de hoje que a Renault tem bons resultados em pistas com longas retas, basta lembrar o P4/P5 de Ricciardo e Hülkenberg em Monza no ano passado, que segue sendo o melhor resultado da equipe desde o seu retorno à Fórmula 1. Infelizmente, Ocon foi forçado a abandonar quando estava próximo de sua parada nos boxes devido à problemas de resfriamento. Ricciardo porém seguiu na pista, inclusive ganhando a quinta posição após a primeira rodada de pits. Posição essa que só seria perdida para um dos grandes personagens da prova.

Foto: Motorsport.com
Sergio Pérez e sua Racing Point tiveram um sábado problemático. Sem um acerto ideal para a chuva e com problemas para encontrar uma volta limpa, o mexicano acabou ficando no Q1, resultado extremamente desapontante para a equipe que, na teoria, deveria lutar pelo terceiro lugar no mundial de construtores. Porém, o horizonte mudou completamente para o domingo. Aliando um piloto que tradicionalmente cuida bem dos seus pneus, com um carro que é certamente competitivo, Pérez escalou rapidamente o pelotão durante a primeira metade da prova, se achando logo atrás de seu companheiro de equipe após a rodada de pits. Depois de travar uma interessante batalha com Stroll, Pérez foi pra cima de Ricciardo, e sem tomar conhecimento assumiu a quinta posição. Era maior remontada do dia, saindo de 17o. para o quinto lugar. Mais ainda teria mais por vir...

Checo estava imparável com os pneus médios, e começou a descontar a diferença para Alex Albon, que se mantinha no quarto lugar, mais de 30 segundos atrás de Valtteri Bottas. Rapidamente, Pérez encostou no tailandês, porém a dupla encontrou retardatários nas primeiras voltas e não houve espaço para a briga. Mas quando a pista ficou limpa, Pérez não conseguiu fazer valer a sua superioridade. Verdade seja dita, Albon também aumentou o ritmo, e conseguiu virar inclusive mais rápido do que o companheiro Max Verstappen, que a essa altura já estava intocável nas primeiras posições.
Coincidentemente, ao mesmo tempo em que Pérez ficava preso atrás de Albon, Lance Stroll sofria da mesma dor com Daniel Ricciardo, o que deixava o canadense encaixotado na sétima posição, mesmo que seu rendimento aparentasse ser bom o suficiente para mais. Incapacidade dos pilotos? Problemas no carro? É uma questão difícil (e, no caso de você ser um mero admirador do esporte a milhares de quilômetros de distância do autódromo, até mesmo impossível) de se dizer.

Nesse momento, entra em cena a outra protagonista desse show. A McLaren, que vinha de um pódio na última etapa da Fórmula 1 (e mais tarde, ainda nesse domingo, asseguraria o seu primeiro em sua volta a Indy) não parecia tão inspirada. Ocupando nona e décima posições, Carlos Sainz tivera um problema nos boxes, o que o colocou em intenso tráfego e agravou o desgaste de pneus. Já Lando Norris havia precisado lidar com uma punição de 3 posições no grid, o que freou seu progresso até então na prova. Ao ver seus pilotos se encontrarem na pista, a McLaren deu ordem para Sainz deixar Lando ultrapassar, já que o inglês tinha pneus em melhor estado. E a estratégia funcionou. Com Stroll preso atrás de Ricciardo, Norris rapidamente se aproximou de ambos, e aí foi só esperar para que o fim de semana mediano se tornasse muito bom.

Após quase 10 voltas preso atrás do australiano, Stroll finalmente foi para o tudo ou nada na última volta. Numa manobra desesperada, Lance se jogou por dentro na curva 3, obrigando Daniel a ir para a área de escape para evitar uma colisão. Norris viu a oportunidade se abrir, e contornou a curva com calma para ultrapassar Ricciardo. Stroll teria de lutar por mais duas curvas para defender a posição, momentaneamente. Com os pneus avariados pela travada na manobra em Ricciardo, Lance perdeu rendimento e acabou ultrapassado por Norris já no início da última volta.
Importante destacar aqui como fica nítida a dificuldade de Stroll no momento em que é solicitada uma ultrapassagem. Mesmo com um carro mais rápido e com pneus melhores por muito tempo, Lance não conseguiu se posicionar bem, e isso lhe custou alguns pontos. Aí se definem os bons dos maus pilotos.

Um pouco mais a frente o outro carro da Racing Point enfrentou a mesma situação, e saiu com ainda menos no bolso! Após passar várias voltas atrás de Albon, Pérez decidiu arriscar tudo na curva 4, a mesma em que Alex se tocou com Hamilton na semana passada. Só que dessa vez foi Albon que levou a melhor, e o toque roda com roda entre ele e Pérez resultou em avarias apenas na asa dianteira do mexicano. Com uma volta e meia para o fim, Pérez ficou se segurando na pista, porém sua vantagem não foi o suficiente para manter a quinta posição. Sorte de Norris, que conseguiu a ultrapassagem nos metros finais e faturou mais 10 pontos para a classificação. Pérez ainda se manteve sexta posição, em uma chegada incrível com três carros lado a lado. Stroll veio na sequência, com Ricciardo logo atrás.
Pérez tem todo o crédito pela grande corrida que fez na Áustria, mas isso não anula o erro que cometeu na manobra em cima de Albon. O toque poderia inclusive ter prejudicado o tailandês, o que poderia resultar numa futura punição ao mexicano. Além do mais, Pérez tinha os 10 pontos do quinto lugar na mão, e acabou deixando dois deles pelo caminho. O potencial dessa Racing Point é dos melhores, mas é preciso que os pilotos o extraiam corretamente. Caso contrário, a equipe jamais conseguirá seu objetivo, que é um lugar no pódio.
Sobre Norris, vale a mesma máxima da semana passada, dessa vez ainda mais precisa. Mesmo sem um ritmo excelente até a metade da prova, Lando conseguiu ser veloz no final, e principalmente, aproveitar as oportunidades que surgiram. Stroll ficou preso e depois atrapalhou Ricciardo: Norris fez a ultrapassagem. Pérez foi afobado e jogou tudo pro alto: Norris fez a ultrapassagem. Dessa forma, o inglês conseguiu bons pontos para o campeonato, que representam ainda mais numa temporada já encurtada pelo coronavírus. Só elogios ao pupilo da McLaren no fim do dia.

E depois de tudo isso, resta ainda o pelotão de frente. A estratégia da Mercedes acabou se pagando no final, e Bottas conseguiu a superioridade esperada sob Verstappen à medida que as voltas finais se aproximavam. Com 5 giros para o fim, Valtteri tentou a manobra sobre Max, e parecia tê-la conseguido, mas então o #33 surgiu por fora na curva 8, após uma linda manobra de recuperação. Mesmo assim, o esforço de Verstappen não foi recompensado, e na passagem seguinte Bottas se valeu da segunda zona de DRS para uma ultrapassagem bem mais tranquila, que enfim selou a classificação final.

Mais uma vez, Bottas maximizou o quanto pode seu resultado. Está claro que o finlandês não está no mesmo nível de Hamilton em termos de pilotagem; a exibição no sábado bem como a diferença no domingo mostram isso. Porém a missão de Bottas não é a de ser o melhor piloto, e sim de conquistar os melhores resultados. Se Valtteri se aproveitar de possíveis erros de Lewis durante o campeonato, e chegar em segundo quando não puder batê-lo, é possível que consiga lutar pelo título. Hoje, por questão de 5 voltas, Bottas não falhou nessa missão.

Sobre Hamilton, há pouco de novo a acrescentar. 1.2 segundos em cima de Verstappen, que é um dos grandes na chuva na classificação de sábado, e um domingo perfeito, que pareceu até fácil, controlando a prova o tempo todo e não sofrendo ameaças em nenhum momento. Hamilton tem o melhor carro do grid por uma boa margem, e é indiscutivelmente um dos melhores pilotos do grid. A faca e o queijo estão, novamente, nas mãos do inglês.

Confira a classificação do GP da Estíria

Resultado final do GP da Estíria de Fórmula 1 — Foto: Reprodução/FOM


Por hoje é isso pessoal. Mas semana que vem estaremos volta! O GP da Hungria completa a primeira sequência de três provas seguidas de 2020. Forte abraço e até lá!


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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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