Cena que chamou a atenção dos jogadores, com Giovanna Guedes cantando o hino junto com David Luiz e Marcelo
Foto: Buda Mendes; Getty Images

Confesso aos amigos e leitores do Jovens Cronistas, que ainda hoje tenho um pouco de trauma para falar sobre a terrível campanha da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014. Trauma porque sempre fui torcedor da amarelinha, independente dos problemas políticos que rondam a CBF. Trauma porque 2014 era para ser "o" ano da seleção brasileira.


Desde 1950 não disputávamos uma Copa do Mundo em casa. O país estava empolgado, mas o time não caminhava lado a lado com a torcida. No discursos de atletas e comissão técnica a gente até ouvia comentários otimistas, mas dentro das quatro linhas o futebol da seleção não condizia com aquilo que tanto afirmavam. Por isso, hoje vamos relembrar os maiores erros daquele ciclo da seleção brasileira que levou à tragédia do 7 a 1, no Mineirão:

1. ESCOLHA ERRADA DA COMISSÃO TÉCNICA

Após a queda de Mano Menezes, em 2012, a CBF teve uma "brilhante" ideia. "Vamos disputar uma Copa em casa, que tal deixarmos todo um conjunto técnico de lado e agirmos com a boa e velha superstição trazendo ex-campeões mundiais e juntando eles todos numa só comissão? Vamos deixar de lado o fato de que há alguns anos eles não tem mais a mesma consistência e vamos juntá-los numa Copa do Mundo em casa. Vai dar certo! Acreditem!". Assim, inciaram os erros...

2. REPETIR NA COPA DO MUNDO O MESMO TIME DA COPA DAS CONFEDERAÇÕES

Quero antes deixar claro: eu gosto da Copa das Confederações, ou melhor, eu gostava. Sempre achei um torneio legal de se assistir, mas o grande erro da comissão técnica brasileira foi apostar numa Copa do Mundo, no mesmo time que disputou uma competição menor, UM ANO antes. Obviamente os atletas não chegariam no mesmo ritmo para a disputa da Copa do Mundo. Um ou outro poderia chegar melhor e mais experiente, mas muitos outros chegariam num nível abaixo do que estavam no ano anterior, como foram os casos de Paulinho, Bernard, Luiz Gustavo, etc.

3. EXCESSO DE CONFIANÇA DA COMISSÃO TÉCNICA E UMA TERRÍVEL PRESSÃO EM CIMA DOS JOGADORES

Jogar uma Copa do Mundo em casa para um brasileiro já é motivo de pressão. Mas a comissão técnica conseguiu dobrar essa pressão ao afirmarem em diversas entrevistas que o Brasil "SERIA CAMPEÃO DO MUNDO". Parreira alegou que o Brasil "tinha uma mão na taça"; Felipão abraçou a ideia e os discursos antes dos jogos. Deu no que deu!

4. DESCONTROLE EMOCIONAL DOS JOGADORES

Este, para mim, foi um dos pontos mais altos que levaram à catástrofe do 7 a 1, para a Alemanha. Emocionalmente os jogadores estavam "poluídos". Quem não lembra da cena de Thiago Silva, CAPITÃO DO TIME, chorando na disputa de pênaltis entre Chile e Brasil? Resultado do que conversávamos anteriormente: a pressão desnecessária de que o Brasil "seria campeão do mundo". Ou quem não lembra da forma exagerada com que os jogadores cantavam o hino nacional?

Ok... foi bacana e deu certo numa Copa das Confederações. Mas Copa do Mundo é diferente; exige dos jogadores e da comissão técnica um nível de concentração ainda mais elevado. Contra a Alemanha, no pesadelo que foi o 7 a 1, David Luiz e Júlio César protagonizaram uma das cenas mais bizarras da história das Copas, quando a plenos pulmões cantavam o hino nacional do país segurando a camisa de Neymar, como se o craque (que faria muita falta no jogo) tivesse morrido. Exagerado demais!

5. O TIME SÓ TREINOU PARA JOGAR EM TORNO DE NEYMAR

Talvez o maior erro de todos. Um time sem "cartas na manga". Durante todo o ciclo da seleção até à Copa do Mundo, Felipão e Parreira só treinaram o time para jogar em torno de Neymar. Ok, era nosso maior craque naquela Copa, mas todos os outros times apresentaram situações de jogo para atuarem sem seus maiores craques, afinal, não sabemos o dia de amanhã, correto?

Pois bem... quartas de final... o jogo era Brasil x Colômbia. Vencemos os colombianos com uma grande atuação de Neymar, como já havia sido desde o primeiro jogo da Copa. Mas nos minutos finais do segundo tempo o nosso maior craque se machucou, tendo que a partir daquele momento se ausentar das últimas partidas da competição. Um golpe terrível para o time comandado por Felipão e Parreira.

A dependência do craque Neymar se mostrou ainda mais gritante na semifinal contra a Alemanha, quando "olhávamos" para o banco de reservas e não víamos ninguém com o potencial do jogador do Barcelona (na época). Durante os jogos já havia sido percebido que a seleção brasileira não apresentava nada de diferente. Não existia uma jogada ensaiada. A tática maior do time era: "bola no Neymar e vamos ver o que ele faz".

A prova maior disso, dos erros táticos do time, foi quando na semifinal Felipão optou por Bernard, quando deveria ter apostado no meio de campo do time contra a organizada Alemanha. Mas como armar um meio de campo consistente se o time sempre... repito: sempre atuou em torno de um único jogador? Não seria em alguns poucos dias de treinamento que a coisa iria se organizar. O resultado? Todos conhecemos. 10 x 1! Sete gols sofridos para a Alemanha na semifinal e três para a Holanda na disputa do terceiro lugar.

SERÁ QUE APRENDEMOS A LIÇÃO?

Talvez, a maior lição que aprendemos com tudo o que de ruim aconteceu naquele ano, é de que a ideia de se criar uma "família" quando se trata de futebol profissional, não dá certo. Confiar em alguns atletas é uma coisa, mas "garantir" uma convocação para uma Copa do Mundo, porque muitos deles fazem parte da família é de uma irresponsabilidade imensa. O que justifica a convocação de um jogador que está no banco de reservas do seu clube? Que não atua mais num grande nível há pelo menos dois ou três anos? O que justifica levar praticamente o mesmo time que disputou um torneio menos um ano antes, sendo que a maioria deles havia caído de rendimento? Tiro no pé! Não existe outra expressão que possa justificar tamanha irresponsabilidade.

Para a  nossa geração fica a torcida para que a atitude da CBF e das comissões técnicas do futuro mudem, para que, quem sabe, nossos futuros filhos ou netos possam um dia ver a seleção brasileira vencer uma Copa do Mundo em casa novamente, ou pelos menos, presenciar uma atuação mais digna.



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André Luís de Freitas

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